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quinta-feira, outubro 27, 2005

Colectâneas

 pelAnónimo 


O cartucho foi o antecessor das cassetes de áudio. Quando se colocavam no auto-rádio, metade ficava fora da ranhura. Esse tunning casual podia servir como base para copos ou para colocar um paninho de renda. As cassetes surgiram primeiro na versão lo-fi de Ferro e depois no sofisticado formato de Crómio. Com o aparecimento do walkman deu-se uma revolução no modo de ouvir música. Finalmente podíamos ouvir as músicas de que gostávamos em qualquer lugar. Acabaram as sessões de 5 horas de Carlos do Carmo e José Cid no carro dos nossos pais a caminho do Algarve nas férias de verão. O controlo sobre a música que escolhemos ouvir tornou-se total. Tenho um primo que levou essa filosofia de vida ao extremo: quando ia com os amigos a uma discoteca levava o seu walkman. Enquanto todos se abanavam dengosamente na pista de dança ao som da Sabrina ou da Samantha Fox ele trepava às paredes com o 'kick in the eye' dos Bauhaus. Com as cassetes surgiram as inevitáveis colectâneas caseiras que se trocavam entre amigos e se ouviam até a fita se soltar e ficar presa no leitor. A audição sôfrega dessas compilações provocou-me um efeito de que ainda hoje padeço: de tanto ouvir os temas gravados sempre numa ordem particular acontece que quando ouço um desses temas, seja no rádio ou num bar, assim que começa o fade out dessa música posso jurar que começo a ouvir a música que tinha gravado a seguir na minha colectânea. É um choque para o meu cérebro descobrir que a música que se segue não é aquela que ele estava a prever, mas que raios! - Toda a gente sabe que a seguir ao 'Step It' Up dos Stereo MC's tem que vir o 'Step On' dos Happy Mondays!

8 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

a minha primeira K7 que comprei foi a dos "Onda Choc" ehehe :) Foi infelizmente o meu primeiro contacto com música que eu me lembro ....

28/10/05 1:15 da manhã  
Blogger O Puto disse...

As minhas colectâneas de férias também tiveram esse efeito, mas isso desvaneceu com o tempo. Mas aconteceu um fenómeno engraçado numa discoteca aqui de Vila Real (a ínica que passava música decente, que entretanto mudou de dono): o pessoal já conhecia alguns alinhamentos, o que nos levou a apelidar esses sets de cassetes (penso que isso acontece em muitos bares e discotecas). Mas a gente até gostava e ficava surpreendido quando o alinhamento da cassete não era respeitado.
Curioso referires os Stereo MC's e os Happy Mondays. Houve uma altura da minha vida que ouvia compulsivamente os álbuns "Connected" e "Pills'n'Thrills..."

28/10/05 11:00 da manhã  
Blogger João M disse...

Olha que engraçado, acontece-me exactamente a mesma coisa. Agora não tanto, que já não reitero tantas vezes nas compilações como antigamente, mas dos 16 aos 22 sim. E mesmo para álbuns, cheguei a ter alinhamentos guardados nos inlays para reprogramar a ordem das músicas no hi-fi.

28/10/05 11:22 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Fico mais aliviado em saber que este fenómeno acontece a mais pessoas. Já começava a pensar que padecia de alguma disfunção :)

28/10/05 12:03 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Mas que grandes tótós! Eu que só gravei um caixote de cassetes (um caixote dos grandes, de papelão, cheio até cima), eu que tremo com a ideia de um ca-set do Hélder (Para quem n sabe antigo DJ do buraco e actual do Noites Longas, em Coimbra) só mesmo este gajo para fazer um post sobre cassetes... Foi a primeira vez que o comum mortal ouviu falar na palavra copyright, anunciou-se o fim da industria musical, o céu a cair em cima da cabeça de toda a gente... Tão bonitos que eram os 80's ...

28/10/05 2:19 da tarde  
Blogger kimikkal disse...

Os gloriosos anos das K7's tinham outro aspecto: ao contrário de agora onde é fácil obter uma determinada música na net, nessa altura muito pessoal (including me) só conseguia "sacar" certas músicas quando as mesmas passavam na rádio.

A adrenalina de saber quando começar a gravar e fazer stop era enorme, pois queríamos uma gravação "limpa", sem publicidade ou vozes.

1/11/05 10:26 da manhã  
Blogger O Puto disse...

Penso que o programa do Álvaro Costa se chamava "Via Rápida". E tb fiz o mesmo com o "Som da Frente".

8/11/05 10:55 da manhã  
Blogger SGTZ disse...

E as preocupações com o final de cada música bater certo com o arranque da seguinte? E as preocupações com a fluidez da compilação... As saudades que eu tenho daquele som cheio de "grão"...Agora o mais que se apanham são uns buracos informáticos ...

É pena

27/12/05 2:13 da manhã  

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