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terça-feira, outubro 26, 2004

The Voice Is Silent Now

 pelO Puto 


John Peel - 1939 - 2004
As suas "Peel Sessions" serão sempre uma referência no mundo da música.
O homem a quem muitas bandas devem o seu culto e sucesso, e que ajudou a divulgar muita música nova. Música essa que, segundo ele, era "um equilíbrio entre aquilo que se sabe que as pessoas gostarão e aquilo que se pensa que as pessoas gostarão". R. I. P.

Elysian Fields ao vivo

 pelO Puto 


A não perder, na próxima sexta (29), n'O Meu Mercedes É Maior Que O Teu, e no dia seguinte, no Santiago Alquimista, a banda da bela Jennifer Charles e de Oren Bloedow ao vivo. São uma banda de culto (no tempo da XFM já o eram, lembram-se?) desde os seus registos de estreia, em 1996.
Depois colocarei um post ou um comment com a apreciação.
http://www.elysianmusic.com/

segunda-feira, outubro 25, 2004

Elliott Smith - From a Basement On The Hill (2004)

 pelO Puto 


Elliott Smith - 06.08.1969 - 21.10.2003
Confesso que fui desatento, e não acompanhei a carreira de Elliott Smith desde os seus primeiros trabalhos. Mas penso que ainda fui a tempo, pois ouvi os temas incluidos no filme "Good Will Hunting - O Bom Rebelde", de Gus Van Sant e, posteriormente, a sua prestação na entrega dos Oscars em 1998, com o tema "Miss Misery". Nesse mesmo ano é editada aquela que é considerada a sua melhor obra, "XO", com excelentes arranjos vocais, instrumentais e mesmo orquestrais. É nesse aspecto que "XO" se distingue dos trabalhos anteriores, mais acústicos e lo-fi, apesar da temática das canções ser sempre muito introspectiva. Quem esquece temas como "Waltz #2 (XO)", "Bled White" ou "Bottle Up and Explode"?
O trabalho seguinte, "Figure 8" (2000), continua a explorar a faceta pop orquestral, talvez um pouco mais complexa e barroca, e a inspiração confessa dos Beatles (Elliott uma vez afirmou que gostava mais de Paul McCartney do que de John Lennon, o que é quase um anátema no mundo da pop). Não surpreendeu nem entusiasmou como o trabalho anterior, mas possui momentos altos, como "Son of Sam", "Everything Means Nothing to Me" e "Wouldn't Mama Be Proud".
Infelizmente, quando finalizava aquele que é o seu último álbum, Elliott Smith pôs termo à sua vida, deixando os fãs e o mundo da música órfãos de um artista promissor. Sensivelmente um ano depois é finalmente editado "From a Basement On a Hill", que contou com a família e amigos na pós-produção. Este novo disco recai sobre sonoridades mais intimistas, não tão lo-fi como os discos pré-"XO", mas mais no sentido de algum despojamento dos arranjos. As letras, invariavelmente, recaem sobre alguma angústia, melancolia e pessimismo, como que adivinhando o fim do seu autor algo atormentado. Mas, apesar do peso das palavras, o resultado não é frio, depressivo ou distante mas sim confortante e empático, o que é mais que suficiente para se acolher este trabalho.
Não ouviremos mais novas obras de Elliott Smith, mas as que ele nos deixou como legado ocuparão um lugar especial na minha mobília musical. R.I.P.
http://www.sweetadeline.net/
http://www.elliottsmith.com/

segunda-feira, outubro 18, 2004

Franz Ferdinand - Franz Ferdinand (2004)

 pelO Puto 


Este apontamento já vem um pouco atrasado em relação à data de lançamento do disco, mas penso que é ainda oportuno e válido.
O meu primeiro contacto com os Franz Ferdinand foi o videoclip de "Take Me Out", excelente complemento a este tema que parece condensar 2 canções. A curiosidade aguçou-se e o resultado foi a adição ao disco de estreia destes escoceses. Qualquer tema deste disco poderia bem ser um single, pois todos provocam uma imediata indução ao canto e à dança. Esse foi, à partida, um dos principais objectivos confessos da música dos FF: pôr as miúdas a dançar. E, confesso, conseguiram pôr muitas miúdas (e muitos miúdos, eu incluido) a dançar um pouco por esse mundo fora, em especial no Reino Unido, onde chegaram ao 3º lugar do top de álbuns (nos EUA chegaram ao nº 32, uma boa proeza para uma banda britânica). O que é sempre bom, principalmente para uma editora que sempre se empenhou na sua independência e na procura de novos valores - a Domino Recording Company - e que merecia esta pequena recompensa. Esta editora britânica conta nas suas fileiras nomes tão notáveis como os Pavement (e respectivas descendências), Bonnie 'Prince' Billy, Smog, Clinic, Four Tet, Royal Trux ou Sebadoh, bem como outros nomes emergentes.
É quase impossível ou involuntário apresentar um ponto alto neste álbum, mas destaco o belíssimo "Auf Achse", os singles "Matinee" e "Darts of Pleasure", a parte final deste último, cantada em alemão ("Ich Heisse Super Fantastich"), e todos os videoclips (disponíveis para visualização no site da editora e da banda).
Apesar do que se diz sobre as influências ou aparentes colagens dos Franz Ferdinand (Interpol, Gang of Four, etc.), gosto de ser um pouco amnésico (e sou-o muitas vezes inconscientemente) e dar o verdadeiro valor a esta obra genuina e valiosa. Quando o ouvi pela 1ª vez, e já foi no início do ano, elegi este disco como um daqueles que figurará no meu top ten de 2004. Sinto que há algo mais neste disco que os ritmos apelativos ou os refrões orelhudos, mas não consigo definir bem. Tal como não consigo definir bem tudo aquilo que me dá prazer na vida.
http://www.franzferdinand.co.uk/
http://www.dominorecordco.com/

quarta-feira, outubro 13, 2004

Fuse Apresenta... Inspector Mórbido (2004) / Bulllet - Torch Songs For Secret Agents (2004)

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O panorama musical português tem assistido, nos últimos tempos, ao lançamento de alguns discos do chamado "hip-hop instrumental". É assim apelidado devido às técnicas que tem em comum com o hip-hop dito convencional: o sample, o scratching, os ritmos.
A Loop: Recordings é responsável pelo lançamento de alguns álbuns significativos desta corrente menos popular. Esta editora, casa-mãe de artistas/rappers como Micro, Sam The Kid ou Dealema, editou alguns álbuns bastante aclamados pela crítica, como foi o caso de "Beats Vol. 1 - Amor" de Sam The Kid ou "The Lost Tapes" de Bulllet (a.k.a. Armando Teixeira), ambos de 2002 e ambos dentro do reduto hip-hop instrumental.
Este ano foi a vez de Fuse (membro dos Dealema) apresentar o seu projecto "Inspector Mórbido", no qual constrói temas a partir de samples de filmes de terror (frases, gritos e ruídos, temas cheios de cordas e pianos), notícias macabras, declamações poéticas ou sons sinistros e misteriosos. O resultado é (aquilo que eu decidi chamar) "hip-hop gótico", devido aos ambientes negros tão próprios dos filmes de terror e do fantástico, e é uma banda sonora de um fime imaginário feita a partir de outras, mas com autonomia, capaz de induzir imagens ao ouvinte.
E, por falar em filmes, Bulllet também decidiu continuar a saga de Vladimir Orlov, em "Torch Songs For Secret Agents". Aqui encontra mais personagens, incluindo algumas damas (Miss Shing e Lili, dos Ballerina) e vagabundos (Legendary Tiger Man e Kalaf), e o espião passa por Hong Kong, Shangai, Buenos Aires, Jakarta ou Istambul à procura de sonoridades que nos ajudem a reconstituir a sua própria aventura. E consegue. As vozes complementam o relato instrumental, elas que estavam ausentes em "The Lost Tapes", mas que foram introduzidas como se de um processo natural se tratasse.
http://www.looprecordings.com/

Deerhoof - Milk Man (2004)

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Ao quinto álbum, esta banda 3/4 americana 1/4 japonesa, conseguiu atingir o equilíbrio entre a estrutura da canção pop e o devaneio e experimentação instrumentais, que tanto deve aos sintetizadores como às guitarras. Existe, em grande parte dos temas, um claro dipolo entre a voz frágil de Satomi Matsuzaki e as sonoridades mais densas, bastante frequentes. A melodia sobrevoa todo o disco, mesmo quando é aparentemente interrompida por fortes descargas de guitarra ou outros sons, a fazer lembrar um pouco o som dos Sonic Youth ou dos Boredoms.
Apesar da curta duração do álbum, os temas são numerosos e orelhudos (mesmo os instrumentais) o suficiente para os cantarolar - apesar de, por vezes, não se perceber patavina do que a miúda canta - , mas complexos na dose certa para que a ideia de superficialidade se dissipe em cada audição.
http://deerhoof.killrockstars.com/
http://www.killrockstars.com/

Tom Waits - Real Gone (2004)

 pelO Puto 


É sempre com alegria que acolhemos um novo álbum de Tom Waits. E, se nos conseguir (ainda) surpreender, tanto melhor, o que é o caso deste "Real Gone". Os teclados estão "really gone", diz-se adeus às orquestrações e arranjos de "Alice" (2002), "The Black Rider" (1993) ou "Frank's Wild Years" (1987), e dão-se as boas vindas às percussões cacofónicas, às técnicas de hip-hop e ao registo de voz gutural e distante.
Neste disco Tom Waits reduz-se ao essencial, tornando as músicas mais sujas e primitivas, despidas, reduzidas ao essencial, e por vezes ao minimal. A voz de Tom Waits tanto soa como se do fundo de um poço cantasse - casos de "Hoist That Rag" ou "Don't Go Into That Barn" - como se num cabaret se apresentasse (tão Tom Waits) - em "How It's Gonna Wait" ou "Dead And Lovely". Isto não é propriamente novidade, pois já tinha sido algo explorado em "Bone Machine" (1992), mas as técnicas do hip-hop, tais como o human beatbox (já Björk a utilizou em "Medülla", será que se vai tornar moda?) ou a utilização dos pratos (deve ser culpa do seu filho, Casey Waits, um amante de hip-hop, e que se estreia nos discos do pai) constituem uma inovação no ousado mundo deste californiano.
Mas no meio deste repasto de folk, jazz, cabaret, rock, blues e sabe-se lá o quê mais, destaca-se uma bizarria familiar que nos leva a amar este disco, pelas mesmas razões porque amamos os anteriores.
Destaque também para as colaborações (já habituais) de Marc Ribot na guitarra, com o seu registo quase monocórdico, de Larry "The Mole" Taylor, e de Les Claypool e Brian "Brain" Mantia (ambos dos Primus).
Tom Sings and the Time Waits.
http://www.officialtomwaits.com/

sexta-feira, outubro 08, 2004

A Nova Ordem

 pelO Puto 


Dizem que raramente uma banda sobrevive à morte do seu vocalista. Os New Order são uma das poucas excepções à regra. A morte de Ian Curtis, apesar de trágica, funcionou como um efeito Fénix, proporcionando aos New Order desbravar caminhos durante os anos 80 que viriam revolucionar a música popular, influenciando toda uma geração (sejam eles rock ou electrónica) com a sua síntese perfeita de ritmo, melodia e apelo verbal.
Quem ouve os álbuns e os singles que Bernard Sumner (aquela voz e entoação, a guitarra oportuna), Peter Hook (baixo inconfundível, aqueles solos), Stephen Morris (o impulsionador do ritmo) e Gillian Gilbert (sem toda a parafernália de sintetizadores, esta banda não o seria como a conhecemos) editaram, sente um conforto nostálgico e um sentido de inovação e actualidade que poucas bandas nos transmitem.
Sei que estas palavras não constituem novidade: apenas formam um singelo e pequeno tributo a essa Nova Ordem que impuseram ao meu mundo musical.
O novo álbum de originais sai para o ano.
http://www.neworderonline.com

quinta-feira, outubro 07, 2004

TV On The Radio - Desperate Youth, Blood Thirsty Babes (2004)

 pelO Puto 


Sem dúvida, um dos álbuns do ano. E é mais bom um exemplo da cena não-cena dessa fascinante metrópole chamada New York (Nova Iorque em português), que já tanto deu - e esperemos que continue a dar - ao mundo.
Todo o álbum é um caldeirão de géneros, sem no entanto se vislumbrar um em concreto. Mesmo quando nos parece rock, punk, soul, electrónica, jazz, hip-hop ou outra sonoridade urbana, sabemos que não é bem isso. Alguns temas são propositadamente (ou não) contidos, à espera de rebentar, e a surpresa é constante ao longo do álbum. É simultaneamente estranho e acessível, próximo e distante, num jogo que nos confunde à procura de referências.
A magnífica e versátil voz de Tunde Adebimpe eleva-se sobre a música ora hipnótica ora incisiva de David Andrew Sitek, e é complementada aqui e ali pela guitarra persistente de Kyp Malone. A textura resultante - se é que se pode falar em textura - envolve-nos numa espiral que apenas é interrompida pelo curto espaço entre as faixas.
Contam com a colaboração de Jaleel Bunton (baterista), Katrina Ford (Jaks, Love Life) , Martin Perna (Antibalas) e Nick Zinner (Yeah Yeah Yeahs), pois isto das colaborações é super-habitual na prolífica NY.
Só é pena o álbum não incluir o EP "Young Liars" (2003), um óptimo complemento/prólogo a este álbum.
Quem disse que a originalidade tinha morrido?
http://www.tvontheradio.com/