A banda que não é de Stockton, CA
pelO Puto
Foram sem dúvida a banda indie-rock mais influente dos anos 90. Juntamente com os Sebadoh de Lou Barlow, os Pavement fundaram o movimento lo-fi, o qual teve imensos seguidores, apesar deles se afastarem progressivamente dessa estética sonora. Entre 1990 e 1999 editaram 5 álbuns e uma série de singles (algumas vezes nada óbvios) e EPs que ficaram na memória de qualquer fã de rock alternativo que se preze.
O que começou por ser um projecto de Stephen Malkmus e Scott Kannberg (a.k.a. Spiral Stairs), iniciado em finais dos anos 80, evoluiu de tal forma que se tornaram numa banda adorada por milhares, entre fãs e críticos. Nunca conheceram o sucesso a grande escala, não estavam talhados para isso, mas a descendência encarregou-se de espalhar a palavra. Um pouco à semelhança dos Velvet Underground com o disco da banana, que não vendeu muitos exemplares, mas cada comprador formou uma banda.
Após uma série de singles e EPs - compilados em "Westing (By Musket and Sextant)", de 1993 - lançados no início da década passada, editaram o seu primeiro álbum, "Slanted and Enchanted", em 1992, o qual contou com a colaboração do baterista Gary Young. Denotando algumas influências dos Sonic Youth, R. E. M. ou The Fall, dos temas sobressaía uma certa crueza na gravação e doses de distorção - os fundamentos da contra-corrente lo-fi -, bem como a deconstrução do formato canção e as letras carregadas de ironia e inteligência. Apesar disso tudo, a música possui um lado melódico pouco ortodoxo mas apelativo, e até as desafinações (seriam propositadas?) de Stephen Malkmus conseguem-se inscrever nessa esfera de sons. Não é à toa que este álbum de estreia figure frequentemente nas listas dos melhores discos da música popular.
O segundo disco, "Crooked Rain, Crooked Rain" (1994), alargou-lhes a base de fãs, muito à custa de alguns singles orelhudos (gosto desta palavra, que querem?), e foi o primeiro em que os Pavement se assumiram como quinteto, como banda em pleno, com a adição de Mark Ibold no baixo, de Steve West na bateria, de Bob Nastanovich na segunda bateria, percussões, teclados e gritos. O som estava nitidamente mais polido, revelava uma certa anglofilia, um gosto pela pop suja, e isso reflectiu-se no reconhecimento do público de cultos, principalmente do britânico, o sítio onde eles sempre tiveram mais sucesso.
Quando tudo apontava que iriam passar para o mainstream, lançam, em 1995, "Woowee Zowee", provavelmente o seu álbum mais bizarro e ecléctico. Elementos de country, jazz, punk, folk e até alguma electrónica são injectados na sua música, criando um conjunto bastante alargado de direcções musicais, mas sem nunca perder algo que os caracteriza que não sei definir - um som "Pavementístico".
O álbum seguinte, "Brighten the Corners" (1997), revela uma tendência mais rock, mais coesa, talvez mais acessível e aproximada a "Crooked Rain...", mas nunca abdica da complexidade da escrita de Stephen Malkmus nem da fragmentação frequente das canções. Produziu singles como "Stereo" e "Shady Lane", este último um hit na Ritmin (lembram-se?).
Em 1999 editam aquele que seria o último álbum, "Terror Twilight", e o único que contou com um produtor exterior à banda, Nigel Godrich (Beck, Radiohead). Este disco, integralmente composto por SM, é provavelmente o disco mais maduro, mais polido e mais sereno, e o formato canção é assumido plenamente em alguns temas. O sentido melódico é maior que nunca, fazendo deste registo uma belíssima despedida.
Todos os seus membros seguiram carreiras distintas, sendo de destacar as actividades dos seus membros fundadores - Stephen Malkmus and The Jicks, e Spiral Stairs com os Preston School of Industry.
Esta banda não é de Stockton, CA, mas do mundo inteiro, e minha também. Obrigado!
http://www.matadorrecords.com/pavement/
http://digilander.libero.it/jenkins78/links.html
3 Comments:
:)
http://pedacosdenada.blogspot.com/
Andei uns quantos anos à procura do Terror Twilight por causa de um "Cream of Gold"... ainda figura como um dos meus albuns preferidos... gostei bastante da "review"(que queres gosto deste termo).
Um abraço.
Oh...saudades da Ritmin...quem diria que algum dia isto me poderia acontecer...
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