Joy Zipper - American Whip (2004)

Já no primeiro álbum (homónimo) a dupla formada por Vincent Cafiso e Tabitha Tindale (só os nomes já chamam a atenção) evocavam memórias sonoras solarengas, algo como um cruzamento entre os Sonic Youth e os Beach Boys. As harmonias vocais combinadas e os suaves mas densos arranjos instrumentais flutuavam no ouvido, envolvendo-nos na sua psicadelia doce. Apesar da radiosa teia sonora, as letras eram frequentemente negras, carregadas de ironia e algum desespero disfarçado.
O segundo e mais recente disco mantém algumas características do registo de estreia (as harmonias vocais continuam doces e apelativas), mas o ruído tem uma presença mais assídua. Talvez constitua um acompanhamento mais coerente com os temas abordados (droga, loucura, morte e até Alzheimer) de forma tão invulgar. Quem escutar apenas as melodias não imagina a carga profunda e introspectiva que elas albergam. Apesar da música ser suficientemente cativante, é neste contraste que reside a mais-valia do duo.
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