Azevedo Silva - Tartaruga (2007)

Quando, há uns meses atrás, falei de Azevedo Silva, vocalista dos Madcab, e da sua demo “Clarabóia”, referi um autor promissor e talentoso, que assumia o risco de cantar em português. Em “Tartaruga”, o seu álbum de estreia recém-editado, concretiza-se a promessa e o investimento na escrita em português passa a ser algo secundário, no sentido em que se eleva o texto à dimensão universal da música.
A evolução técnica e artística em relação à demo é notória, evidenciando a capacidade de composição e de comoção de Azevedo Silva. A produção do disco joga a favor da emoção (coisa rara, a meu ver), da mesma forma que limpamos o retrato de alguém que nos diz muito. As temáticas da liberdade (individual e colectiva), dos pequenos dramas comuns e dos desejos da alma e do corpo são sublimemente trovados e acompanhados por emotivas linhas da guitarra acústica, pontualmente ajudados por sons ambientais e por uma guitarra eléctrica. Os temas percorrem o percurso que vai do amor à raiva e apoiam-se na ponte que une a beleza à melancolia. No entanto, a esperança imprime-se fortemente no registo, transmitindo um sentimento positivo que reconforta o ouvinte e que reforça a justificação envolvida nas empatias.
Um forte, coeso, honesto e belíssimo trabalho, para ver e ouvir em vários concertos nos próximos tempos (estará na Espontânea no próximo dia 12 de Maio).
“Tartaruga” foi editado pela Lástima, editora on-line que exemplarmente se rege pela Creative Commons, e pode ser descarregado gratuitamente aqui.
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