Herbert – Scale (2006)
pelO Puto
Matthew Herbert habituou-nos mal. Pioneiro e inovador no campo das electrónicas e da manipulação de sons, cada álbum era aguardado com expectativa, dando-nos as voltas com o conceito por trás de cada álbum. Utilizou os sons de casa (belo trocadilho com o termo “house”), os ruídos corporais, as big bands e a culinária para conceber construções sonoras mais ou menos palpáveis, misturando a experimentação com um certo sentido melódico, muito por culpa das vozes e instrumentos reais que foi subtilmente introduzindo. Em “Scale” rendeu-se por completo à composição (no sentido mais clássico do termo), o que me remete à primeira afirmação: será um retrocesso, uma súmula, uma não evolução? Ou talvez não?
Herbert iniciou a sua carreira como produtor de música nos campos da electrónica dançante (house, hip-hop), mas, decorrente da sua ambição e da sua paixão por diversos géneros musicais, foi aprimorando a sua capacidade de composição. E em “Scale” essa vertente atinge uma dimensão admirável. O disco é um desfile de refinados temas, onde as orquestrações luxuriantes convivem com sons de origens diversas (pássaros, caixões, água, bombas de gasolina, pedras, electrodomésticos, calçado, brinquedos, automóveis ou aviões) e onde as vozes (Dani Siciliano e Neil Thomas) se entrelaçam nesta imensidão sonora (segundo o booklet foram utilizados, ao todo, 635 objectos). Os instrumentos de corda e de sopro destacam-se do conjunto, conferindo uma grandiosidade nunca ouvida nos discos anteriores, aludindo aos melhores arranjos do disco, a épicas bandas sonoras ou ao seu tão amado jazz. Ora dançável ora cinematográfico ora contemplativo.
Este é o sinal da evolução. A destilação da sua veia de compositor. A beleza como sintoma da mestria com que se move.
Sítio oficial de Herbert
Amostras: Reprodutor do álbum
7 Comments:
É um grande álbum! A ver em Outubro.
"Este é o sinal da evolução. A destilação da sua veia de compositor" - Concordo inteiramente. É um grande disco sem dúvida.
A ver em Outubro?? Ele vem cá e eu não sabia de nada???
Estou muito curioso em ver a transposição deste disco para o palco.
Ainda naum ouvi este CD. Belas palavras, as tuas, Puto :) "Destilação da veia de compositor" :)
Hugzz destilados (safa! que calor)
Já o ouvi á um tempo atrás e sem dúvida o génio continua, e pareçe não ter fim...
a pop apoderou-se da electrónica de Herbert, e não é que até ficou bastante bem... :)
É um dos albums a ouvir brevemente.
Também não sabia que vinha cá em Outubro. Acho que tenho mesmo de o ir ver. Depois de o ter visto na sua passagem pela Casa da Música é difícil não me sentir tentado em acompanhar todas as suas vindas a Portugal..
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