Sharkboy - Matinee + Singles (1994)
pelO Puto
Corria o ano de 1994, e a recém-criada Nude Records obtinha os louros e os lucros pelo primeiro longa duração, o disco homónimo de estreia dos Suede. Isto chamou alguma atenção aos artistas da editora, que ao longo dos anos tiveram algum sucesso no Reino Unido - caso dos Geneva ou dos Black Box Recorder, projecto de Luke Haynes. Mas as luzes da ribalta nunca iluminaram o palco dos Sharkboy, o colectivo responsável pelo segundo álbum da Nude. Mas isso seria de esperar, uma vez que o fenómeno britpop dominava as atenções.
A banda nasceu em Brighton, cidade que só foi colocada no mapa musical devido ao estrondoso êxito de Fatboy Slim. Brighton é uma estância balnear muito frequentada pelos londrinos. Para além da Big Boutique, discoteca do Sr. Norman Cook, possui toda a beleza própria de uma pequena cidade banhada pelo mar e pelo sol, o que oferece condições muito propícias à contemplação. E é precisamente aí que se embebe a música dos Sharkboy.
Avy, a líder e compositora da banda, possui uma voz quente, sensual e jazzy, próxima de Jennifer Charles, dos yet-to-come Elysian Fields, e um estilo emprestado à saudosa Nico. O jazz e o blues são a base para tudo, apesar das diversas derivações, como temas em crescendo ("Sacramento Child", "Forest Fire"), fugas pop ("Razor") ou intromissões na folk ("Sugar"), afastando-se dos cânones da música britânica da altura. A diversidade instrumental, muito por culpa de Adrian Oxaal (mais tarde militaria nos James), expande o espectro musical, permitindo que trompetes, pianos e violoncelos frequentemente dominem o som, subjugando as todo-poderosas guitarras. Todo este conjunto, aliado à forma apaixonada que Avy aplica às suas descrições e declarações, permite-nos visualizar as imagens sugestionadas por cada faixa, quer seja o mar inspirador, um incêndio florestal ou os riscos de um grande amor. Eles contemplam para que o ouvinte os contemple.
Desta colecção de pequenas histórias não poderiam ficar de fora as que fazem parte dos singles "Crystaline" e "Razor", tão válidas e enquadradas que não percebo porque ficaram excluídas do álbum.
Só tenho pena que no seu segundo e último esforço ("The Valentine Tapes", 1995) não tenham conseguido elevar ou sequer manter o encanto de "Matinee".
Recostem-se no sofá e deixem que os Sharkboy toquem para vós.
http://www.nuderecords.com/
3 Comments:
não conheço esta sugestão. vou ouvir.
cumprimentos do litoral oeste.
Obrigado pelas visitas e comentário! Não tenho escrito muito, mas vou estando atento À blogosfera.. E já há algum tempo que o blog do puto se tornou visita obrigatória...
Continua!
Um abraço
Confesso que nunca ouvi sequer falar neste grupo até agora… vou fazer umas pesquisas pela net :)
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