Sunn O))) @ MARCO (Vigo)
pelO Puto
Imagem retirada daqui.
Os Sunn O))) tornaram-se famosos pela sua peculiar abordagem ao som e à música, pelas suas colaborações e pelos seus concertos cerimoniais. Isto serviu para aguçar a curiosidade e não perder um actuação em terras lusas e arredores deste projecto de Stephen O'Malley e Greg Anderson. O mote do regresso foi “Monoliths & Dimensions”, editado no ano passado. À entrada do Museu de Arte Contemporânea de Vigo aconselharam a mim e aos meus amigos o uso de protectores auditivos. Depois da experiência com os My Bloody Valentine, decidi seguir a recomendação.
O palco estava escuro, a sala ia ficando saturada de fumo proveniente duma máquina, simulando uma neblina esverdeada que salientava a lugubridade. E eis a primeira descarga sonora! As guitarra apontam para as baixas frequências, em sons constantes e lentos que utrapassam o espectro acústico e fazem estremecer estruturas materiais e pessoais. A partir daí, os drones graves e os feedbacks em volume extremo foram o manto persistente. Ao fim de muitos minutos, pensei que não iria aguentar a pressão de tal parede sonora, desprovida de ritmo explícito e de melodia reconhecível. Mas eis que entra em palco o sacerdote Attila Csihar, já bem habituado a estes rituais negros. Aliás, os músicos, munidos dos seus habituais trajes com capuz, assemelhavam-se a 4 Nazgûl. Dono de uma voz versátil e treinada, Attila entoou cânticos e sons que pareciam conjurar algo, o que me levou a pensar que a imagem clássica do Inferno não deve estar muito longe deste ambiente. Até me lembrei do Apocalipse quando um trombone era soprado em palco. Embebido nesta atmosfera de missa negra, eu e muitos dos presentes deixaram-se levar por este transe, não arredando pé perante o altar ali montado, onde a música extravaza os conceitos de metal, noise, doom, experimental ou ambiental. O condutor da liturgia mudou de máscara (2 vezes) e de indumentária, rivalizando seriamente com a Karin Dreijer Andersson. A mesmerização final, prestada na profunda penumbra, foi conseguida pelo fabuloso fato reflector e pelas garras de laser.
Espectacular, sem artifícios desnecessários, terminou com o retirar dos tampões, com a salva de palmas e o agradecimento secular dos cavaleiros do apocalipse.
3 Comments:
Foi brutal o concerto!
Foste ver?! Muito me contas...
Tipo, brutal em ambos os sentidos da palavra!
M. A., um concerto dos Sunn O))) era algo que queria presenciar há já algum tempo. Nem só de canções se faz esta vida.
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