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sábado, fevereiro 18, 2006

Ainda mexe! - Totó no concerto dos Bauhaus

 pelAnónimo 



Em 1990 estava na casa de banho do Coliseu do Porto quando Peter Murphy começou a tocar. Era o primeiro concerto a que eu assistia, e em vez de guardar na memória o êxtase duma iniciação, ali estava eu a lavar as mãos com sabão macaco. Ontem, quando os Bauhaus subiram ao palco, estava a comer uma tosta mista no café Tijuca (obrigado rosedew), mesmo em frente ao Coliseu. O ridículo continua a acompanhar-me. O meu sentimento nesse concerto deveria ser o mesmo da maior parte das pessoas que lá estavam: alguma frustração por não ter tido a oportunidade de ver os Bauhaus ao vivo, um fascínio por aquela figura esguia e vampírica e uma esperança de que Peter Murphy não renegasse completamente o seu passado e tocasse algumas músicas dos Bauhaus. Não me lembro se tocou ou não, de qualquer modo o álbum "Deep", que deu origem à digressão, está recheado de grandes músicas e é para mim o melhor da carreira a solo de Peter Murphy. Não tenho assistido aos regressos das bandas míticas dos anos 80/90 com medo de turvar as memórias de alguns grandes concertos. Durante a Expo98 vi o vocalista dos Alphaville quase em estado de decomposição a cantar o "Forever Young" e traumatizou-me até agora. Ontem ia preparado para tudo. Mesmo que o concerto fosse muito mau achei que seria no mínimo uma experiência interessante ver góticos militantes tirarem as rendas da naftalina, misturados com ex-góticos deprimidos reciclados (como eu) e pessoas que não eram nascidas quando os Bauhaus terminaram em 1983. Rapidamente os Bauhaus acabaram com o meu cinismo. Assisti incrédulo e rendido a uma banda em grande forma, com uma entrega total e um som potentíssimo. Peter Murphy, apesar de um pouco de peso a mais e cabelo a menos, continua a ser um performer cativante. Movimenta-se em palco com um magnetismo teatral, usa o guarda-roupa e os efeitos das luzes para criar momentos simples mas originais: a sua imagem projectada numa lua desenhada por um holofote ou o feixe horizontal de luz que lhe atravessava a face na escuridão são exemplos. Depois houve um momento genial: ao fim de uma hora de concerto a banda pára de tocar e permanece imóvel durante largos minutos. O efeito provocado pelo silêncio é desconcertante e conquista definitivamente o público. Foram 2 horas de música que souberam a pouco. Um concerto memorável - tenho uma cãibra numa perna que o prova!
Nota 1: se alguém tiver fotos do concerto envie por favor para um dos mails deste blog para ilustrar o post.
Nota 2: Os bilhetes dos concertos costumavam ser pequenas obras de arte, pedia-se aos porteiros para rasgarem o mínimo possível dos bilhetes que se coleccionavam como troféus de grandes noites. Hoje os ingressos para os concertos assemelham-se aos bilhetes de comboio ou do cinema. É triste considerando a pequena fortuna que se paga!

15 Comments:

Blogger O Tipo disse...

És um sortudo...

18/2/06 3:31 da tarde  
Blogger Rosentau disse...

Totó...o café chama-se Tijuca.Passei por lá mas não entrei e muito menos comi uma tosta mista...o ridículo não me acompanha desse modo,que eu não deixo!De resto absolutamente de acordo.Foi um concerto memorável,digníssimo.Um dos melhores a que tenho assistido ultimamente.O vampiro estava bem,muito bem mesmo.(o álbum que prefiro é também o "Deep")Aconteceu de tudo.Música,teatro,dança,cinema,poesia,profissionalismo,hipnotismo,encantamento,coerência,eficácia.A "pausa" foi magia.O concerto foi mágico.

18/2/06 7:31 da tarde  
Blogger Rosentau disse...

Tipo,pensa bem...:)

18/2/06 7:39 da tarde  
Blogger Unknown disse...

És mesmo tótó. 1º por ir ver os Bauhaus. 2º porque... bem fico-me pelo 1º, acho que me fiz entender :P

18/2/06 8:33 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

rosedew - obrigado pela correcção. Estava na dúvida se o café se chamava Tijuana. Pareceu-me um nome mais interessante que Tijuca :) que me soa a Fátima Felgueiras. Fiquei com saudades do mítico Luso, resta o Piolho e o café Ceuta. Viva a Tendinha dos Clérigos :)

19/2/06 2:59 da manhã  
Blogger Rosentau disse...

Viva!

19/2/06 4:00 da tarde  
Blogger Piri disse...

Pelos vistos perdi um grande concerto... Os "velhinhos" Bauhaus continuam a manter a sua magia.

19/2/06 6:14 da tarde  
Blogger M.M. disse...

Gostava muito de ter ido ver o Peter Murphy, mas enfim...
Resta-me o consolo de o ter visto em Londres duas vezes seguidas. Bauhaus e Peter Murphy acompanharam-me durante muito anos.

20/2/06 12:35 da tarde  
Blogger kimikkal disse...

gostei das considerações sobre os espectadores, mas seria melhor se o post tivesse umas picas para ilustrar...

20/2/06 2:37 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

M.M. - agrada-me v(l)er-te por aqui :)
Kimikkal - eu tirei umas fotos com o telemóvel mas ficaram muito más. Se alguém tiver fotos seria com muito prazer que as colocaria aqui.

20/2/06 3:03 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Eu ando sem tempo, mas vou ter fotos no meu blog. Depois alguém que me lembre disso.

22/2/06 1:00 da manhã  
Blogger Unknown disse...

Eu acho que estes velhotes que se juntam 20 anos depois porque estão a precisar de umas coroas se devem rir que nem uns perdidos dos Totos revivalistas que os vão ver...

22/2/06 12:46 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Pode-se ler livros e ver filmes com mais de 100 anos. Não se pode ouvir música com mais de 1 ano?

22/2/06 3:34 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Há filmes com mais de 100 anos? Oi?

6/3/06 10:26 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

se alguem souber onde encontrar alguns filmes ou imagens desse concerto desconcertante diga alguma coisa para null0@sapo.pt

18/7/06 9:19 da tarde  

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