Swell - Too Many Days Without Thinking (1997)
pelO Puto
Na primeira metade da década de 90 o rock tinha sido dominado pelo grunge, pilhando para si a designação do rock alternativo (nunca mais este termo pôde ser utilizado literalmente), relegando todas a outras facções para segundo plano (ou terceiro ou quarto...). O indie rock era sustendado pelas figuras tutelares do lo-fi (Pavement, Sebadoh) e aquilo que de mais excitante acontecia jogava no campo das músicas electrónicas. Só no início do novo milénio é que o rock se revitalizou a nível global, colocando novamente as guitarras na ribalta.
Há 10 anos, quando foi lançado o quarto álbum dos californianos Swell, 4 anos conturbados tinham passado desde a última edição. Nesse período a banda foi dispensada pela American Recordings e a Beggars Banquet acolheu-os. "Too Many Days Without Thinking" é, a meu ver, é o ponto alto da carreira dos Swell e, simultaneamente, um disco marcante. Para além de todas as suas virtudes (já lá iremos), decretou a morte do grunge (o tema "Fuck Even Flow" é mais que explícito e o título do álbum é subtil nesse aspecto) utilizando as armas que garantiram o seu sucesso. Com uma douta inspiração, os Swell aproveitam e domesticam o som de Seattle, juntam-lhe elementos derivados da folk, do indie rock via Pixies, do psicadelismo, do lo-fi e da facção slowcore, acelerando esta última até obter um conjunto de canções com requinte e alma. A voz grave, ancorada e emocional de David Freel descreve pequenas histórias e reflecte sobre possibilidades, influindo melancolia como axioma musical. A composição, sabiamente polida pela produção de Kurt Ralske, mentor dos Ultra Vivid Scene, é dominada pela guitarra acústica, estendendo-se esta num plano constituído pela guitarra eléctrica, pelo ritmo apelativo e por alguns sintetizadores oportunos. O resultado, desde a forte e oscilante "Throw The Wine" à belíssima e luminosa "Sunshine Everyday" (uma das minhas canções preferidas de sempre), é um desfile lógico e coerente de composições pejadas de emoção, talento e atitude.
Considero este álbum muito injustiçado pelo público, pois deveria ter tido mais sucesso (tinha todas as razões que tal acontecesse), mas provavelmente influenciou a bandas como Grandaddy, Gomez, Sparklehorse, Modest Mouse ou Midlake. É um grande disco que vencerá os rigores da efemeridade.
O Joe (Classe de 70) descreveu muito bem a importância deste disco neste post.
Sítio oficial dos Swell
Swell no MySpace
Amostras: Fuck Even Flow | At Lennie's | Sunshine Everyday
9 Comments:
Ora está aqui uma boa ideia!...porquê que de vez em quando nao podias fazer um post de albuns que estejam no fundo do "baú" e relembra-los aqui, tipo aqueles albuns que são intemporais ou aqueles que passaram despercebidos...pensa nisso.
Assino por baixo. Recordar aqueles álbuns que nos influeciaram de alguma forma é uma óptima ideia. Niguém melhor que tu para o fazer. ;)
Swell é uma dessas bandas. Sebem que o disco que me marco mais foi o "For All the Beautiful People". Creio que foi nesta altura que os descobri.
Huguito, de vez em quando faço isso aqui no blog. É só ir à barra lateral procurar os seguintes discos:
- Faze Action “Plans & Designs”;
- Kristin Hersh “Hips And Makers”;
- Nico “Chelsea Girl”;
- One Dove “Morning Dove White”;
- Puressence “Puressence”;
- Sharkboy “Matinee”;
- Slowdive “Souvlaki”;
Procuro expor álbuns que julgo serem injustamente esquecidos de muitas listas ou que têm um significado especial.
Também já prestei algumas homenagens: Elliott Smith, Ian Curtis, John Peel, Morphine, Mozart, New Order, Nina Simone, Pavement, Pixies e This Mortal Coil. Abraço!
Myself, o "For All The Beautiful People" também é um álbum muito bom, como que uma continuidade, mas este é o seu percussor e é o meu predilecto. Beijinhos, Sista!
Por acaso não tenho este. Tenho o "Swell", o "41" e "Beautiful People" e não os oiço há muito tempo, mas agora deu-me cá uma vontade...
Abraço!
Excelente post para o melhor disco de uma grande banda. Ainda tenho esperança que as novas gerações reconheçam a obras como esta o mérito e a importância que tiveram.
Grande abraço!
(já agora, quando teremos novamente o gosto de ver V. Exª descer à Invicta e passar um sonzinho no Radio?)
ainda tiveram um destaque radiofónico razoável com a música "Sunshine everyday".
Joe, obrigado pelo elogio. Espero que os nossos posts sirvam para que obras como esta sejam divulgadas e reconhecidas. Devido a compromissos durante os fins de semana, só poderei descer à Invicta depois do dia 15 de Junho. Mas eu avisarei. Grande abraço!
Puto! Tu lês os meus pensamentos, LOL. Ainda há dias estive a ouvir este precioso álbum :))
Bom, e vamos ter por cá esta gente, Porto, Aveiro, Lisboa e Coimbra....só n sei o sitio no Porto....MUITO BOM!!
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