PJ Harvey - White Chalk (2007)
pelO Puto
Quando Polly Jean Harvey lançou “Uh Huh Her” há cerca de 3 anos, comecei a perder um pouco de esperança em relação a uma cantora da minha eleição. Era uma obra menor na carreira de quem demonstrou excelência com os três primeiros álbuns. Depois disso lançou bons discos, mas nunca mais ascendeu a esse patamar.
O primeiro impacto que “White Chalk” teve em mim foi semelhante ao provocado por “Sea Change” de Beck: uma surpresa inicial devido à direcção musical adoptada, seguida de um inevitável reconforto. É um disco que dá realce à voz despida de PJ, que alterna beleza com assombro e é pródigo em melodias tristes e pejadas de determinação, inocência e encanto. O despojamento também se verifica a nível instrumental, onde é dado especial relevo ao piano, à guitarra acústica e às percussões. A guitarra eléctrica? Ficou guardada no armário. Aqui não há lugar para a sujidade nem para a despolidez. Este registo limpo, breve e autêntico tanto nos recorda um alvo manto de neve, suave, frio e formoso, como sugere uma colcha de renda, aparentemente frágil mas de robustez comprovada, simples ao longe porém complexa no pormenor, rígida na parte mas aconchegante no todo.
Ainda será cedo para afirmar que se trata de um trabalho a elevar ao estatuto dos três primeiros, mas com o amadurecimento talvez se fundamente esta suspeita.
Sítio oficial de PJ Harvey
PJ Harvey no MySpace
Videoclip de "When Under Ether"
Amostras: The Devil | Grow Grow Grow | The Mountain
4 Comments:
Tenho as minhas dúvidas que mesmo após um melhor amadurecimento do álbum, que 'White Chalk' consiga subir ao patamar a que te referes...
Mas, isto é apenas a minha opinião.
Hugzz!
Concordo com quase tudo, especialmente a analogia ao Beck, que nunca fez mais nada de relevante após o genial 2º album. Acho «Uh huh her» o passo em falso na carreira dela. Mas para mim a estréia «Dry» o «This is Desire?» e «Stories from the city» são o auge máximo da sua discografia. Uma vez um crítico brasileiro (o mesmo que elogiou teu blog na Folha) disse que ela estava se tornando a nova Marisa Monte, escolhendo títulos herméticos e frases soltas nos encartes dos seus discos quase esbarando na auto-indulgência...se este «White Chalk» não for mesmo derrape de percurso, estamos perante uma profecia do calibre de Nostradamus...
Com audições repetidas, estou a começar a apreciar cada vez mais este disco.
Talvez fique como um de referência no seu trabalho.
Abraço
Também me parece que não vai ter muitas "referencias"!
Mas saliento que tem uma das minhas musicas favoritas de 2007 - The Devil
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