A cura para a dor
pelO Puto
Mark Sandman: 1952 - 03.07.1999
Os Morphine foram um trio, formado por Mark Sandman (voz e baixo de 2 cordas), Dana Colley (saxofones) e Billy Conway (bateria), que redefiniu (mais uma vez) o rock no início da década de 90, ousando fazê-lo sem guitarras. A voz melancólica e solta de Mark, o som lúgubre, denso e grave dos saxofones e a bateria downtempo ajudaram a injectar jazz no rock, conferindo-lhe sensibilidade, improviso e uma visão mais vasta. A tudo isto o nome da banda faz juz.
O álbum de estreia, "Good" (1992), possui um som rudimentar e pouco polido, anunciando-se como a semente de algo que iria ser grande. A dualidade jazz-rock é mais acentuada, com temas ora enérgicos ora devotos da introspecção.
Em "Cure For Pain", editado no ano seguinte, estilizava-se o som, e a identidade estava completa. A síntese era perfeita, os temas possuem uma força sugada à consternação, com odes subtis de libertação pelas drogas e hinos dançantes de celebração da ironia.
E a felicidade artificial é assumida em pleno com "Yes" (1995), disco onde a ironia está presente como nunca. Vivências e experiências são expostas em temas que nos deixam com um sorriso nos lábios porque cada uma sugere empatia na dose certa. Mark Sandman canta-nos aquilo que é nosso. É orgânico no sentido em que nos entra pelo corpo adentro, e este não estranha a intromissão. Muito pelo contrário, gosta e pede mais.
O disco seguinte ("Like Swimming", 1997) colhe os frutos do som instituido, mas fica aquém do brilho dos álbuns anteriores. Possui bons temas, mas o álbum, no seu todo, não se mantém tão bem de pé.
A despedida fez-se com "The Night" (2000), que possui uma aura nocturna, com variedade sonora e diversificação instrumental, apesar do cunho deles ser inconfundível. Prenúncio de uma possível viragem no som, que infelizmente não veremos desenvolver.
Tive o privilégio de assistir a um concerto memorável que os Morphine deram no dia 1 de Julho de 1999, no Praça Sony, dois dias antes de Mark Sandman tombar sem vida num festival em Roma. Os restantes membros formaram os Twinemen, mas a obra dos Morphine continua a sedar-nos a alma.
http://www.morphine3.com/
Amostras: The Saddest Song | Cure For Pain | Radar
10 Comments:
Sinceramente, nunca achei piada aos Morphine...acho a música deles irritante, no mínimo...
Não conheço a música dos Morphine, mas gostei bastante do album de estreia dos Twinemen.
Tenho aqui dois álbuns dos Morphine ("Yes" e "Like Swimming"), mas ainda só os ouvi uma vez, hoje tenho que os ouvir melhor para ter uma opinao certa em relaçao a esta banda.
Proponho a expulsão imediata do Tipo!
Sinceramente, nunca achei piada ao Tipo...acho o comentário dele irritante, no mínimo...
Hum, vejo que toquei num ponto sensível de pelo menos 2 leitores...mas nenhum deles apresentou razões que os levassem a ter estas reacções tão apaixonadas.
Este post trouxe boas recordações, o sax travestido de guitarra, a voz abafada...
Foi das coisas mais brilhantes dos 90's.
Muito bom texto. Gosto sempre de ler estas «coisas».
Morphine! É bem lembrado. ;-]
A criação de Sandeman e C&A ultrapassam a genialidade, este jazz-rock embala as almas melancólicas dos orgulhosamente alheados do quotidiano formatado.
R.M
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