Bizarre Love Triangle (NO+JD+Fãs)
pelO Puto
A noite do passado sábado foi inesquecível. Pensando bem, eu não poderia perder uma das minhas bandas de eleição. Uma vez que os New Order, talvez devido ao peso da idade e aos compromissos familiares, dão cada vez menos concertos, muito provavelmente foi uma oportunidade única de os ver em território luso.
A espera foi agoniante. Eu e a minha miúda fomos ter com o nosso amigo AG, fã nº 1 da banda de Manchester, e a contagem decrescente começou assim que o encontramos. Assim que os Black Eyed Peas terminaram a sua actuação e a sua horda de fãs sub-16 abandonaram o espaço em frente ao palco, lá avançamos para marcar o nosso lugar numa plateia convicta. Ouvimos os Loto, que funcionaram como uma boa introdução, pois devem ter lido vezes sem conta o livro "Como soar a New Order em 20 passos".
Finalmente, mais ou menos à hora prevista, a lenda encarnava em palco. Bernard Sumner (de alcunha "Barney"), Peter Hook ("Hookie" para os amigos), Stephen Morris e o novato Phil Cunningham entravam em cena, para delírio dos muitos e sólidos fãs que os New Order e os Joy Division possuem em Portugal. Quando os cânones dos concertos apontam quase sempre para temas recentes como abertura, apresentam-nos "Love Vigilantes", um dos mais belos temas que compuseram nos anos 80. Partem para "Crystal" (sem dúvida o melhor tema de "Get Ready"), que provocou o primeiro momento de adrenalina. Seguiu-se "Regret", cantado em coro pela multidão. Depois veio uma pequena incursão pelo último álbum, com "Hey Now What You Doing" e o single "Krafty", que foi berrado por Sumner no refrão final, e isto aparentemente chateou Hookie e originou uma pequena discussão entre os dois veteranos. A gente perdoa-lhes tudo, e então quando se ouviu a linha de baixo de "Transmission", tudo isso foi esquecido. Entra tudo em delírio, principalmente para quem lá foi na esperança de ouvir os temas dos Joy Division tocados por 3/4 da banda. Nunca pensei ouvir os Joy Division ao vivo, apesar de incompletos, mas apenas eles têm legitimidade para o fazer. Dois mitos em palco é mais do que esperava. Peter Hook é imparável em palco (o seu baixo musculado é envolvente, e não há páreo para aquele som), a bateria de Stephen Morris estava irrepreensível (de todos, é o mais bem conservado) e a voz de Sumner é aquela que a gente sempre conheceu. "Run Wild" (de "Get Ready") foi provavelmente o momento menos alto. Mas fomos compensados com "She's Lost Control". Quase nos esquecemos que Ian Curtis já não está entre nós, pois um pouco dele ficou nos outros três.
Depois de "despacharem" o último álbum com a faixa que lhe dá título (felizmente não tocaram as piores), foi um desfile de êxitos e temas emblemáticos dos eighties. "We gave you rock, now it's time for some dance music", ou qualquer coisa do género, foi a fase proferida por Barney que precedeu "Bizarre Love Triangle" e "True Faith" em versão alternativa. Tudo dançava (Barney incluido), entoava e sentia dois dos grande hinos dos "Mancunians", com uma certa dose de nostalgia. Mas esse sentimento foi levado ao extremo com "Love Will Tear Us Apart", com fãs de quase todas as idades a cantar o tema mais famoso dos Joy Division, com algumas histerias, choros e outras reacções expectáveis numa banda que tanto culto despertou e ainda desperta. Terminaram o alinhamento com mais um hit, "Temptation", um dos seus grandes temas.
Como não poderia deixar de ser, tinham que nos presentear com um encore, pois tantos anos de espera mereciam uma recompensa. Dedicaram "Atmosphere" ao seu amigo e companheiro Ian Curtis, desaparecido há 25 anos. A revisitação foi quase mística, um alimento para a alma.
Terminaram com uma abordagem a "Blue Monday", que se esperava apoteótica. Com um extended play, com samples da Kylie Minogue, com os saltos de Barney, com todos nas maquinarias, com o público em êxtase, com o desejo que o concerto não mais acabasse.
A gente perdoa-lhes tudo (até as referências ao Manchester United), se é que havia algo a desculpar, e fiquei mesmerizado depois de momentos de verdadeira comunhão com uma banda que, apesar da idade, continua a dar cartas.
O nosso amigo AG, um conhecedor profundo das actuações via DVD e outras fontes, antecipava-me o nome de cada faixa, pois uma mudança de equipamento ou outro pormenor eram suficientes (segundo ele) para deduzir qual o tema que se seguia. E acertou na maioria dos casos, ou não fosse tão grande a sua devoção. Foi pena não terem tocado o "New Dawn Fades" com o Moby, mas o concerto de remissão que o precedeu já me tinha enchido as medidas.
9 Comments:
Grande descrição do concerto, nem preciso de dizer mais nada, foi lindo...
Puto, acabei de ler o teu "report" sobre o concerto dos New Order. Que dizer? Olha, depois de perder um concerto destes, a única atitude digna que me resta é abrir a janela e saltar do 5º andar do prédio onde trabalho. Cheguei à conclusão que não mereço viver! Adeus!
Eu vou já já para casa e vou enforcar-me de joelhos em cima da cama ... toda a gente vai pensar que foi por ter chegado á idade do suicídio (27) e depois de lerem o meu blog n vão ter dúvidas nenhumas. Adeus mundo cruel.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Também lá estive para ver os "NO" e delirei!! Que sonho!! Espero que possa voltar a vê-los ao vivo outra vez, pois foi bom mas soube a pouco! Ficava 24 horas a ouvi-los! :)
Tb escrevi uma pequena "review" no meu Blog! Convido-te a passar por lá!
Um abraço!
O Turista - http://www.turistar.blogspot.com
E foi mesmo um triângulo bizarro de amor.
Que dizer sobre a emoção e o nó no estômago aos primeiros acordes de "transmission"' Aiiii.....
foi muito bom! lindoooooooo. inesquecível :)
becksfan
que inveja
que inveja
que inveja!
Li hoje este texto e recuei ao dia do concerto. Fui de Beja de propósito para ver "a minha banda" e não me desiludiram. Excelente descrissão do concerto.
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