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quarta-feira, julho 30, 2008

Meu lindo Agosto!

 pelO Puto 



A quem não for ao Festival Paredes de Coura e resolver ficar na zona de Lisboa, por este ou outro motivo, convido a aparecer no Bar do Bairro, no próximo sábado (02 Ago), para uma sessão musical seleccionada aqui pelo Puto.

quarta-feira, julho 23, 2008

Fim de semana espontâneo

 pelO Puto 



Se estiverem pela zona de Vila Real no fim de semana, dêem um salto à Espontânea. Estarei por lá nas noites de sexta e sábado a seleccionar uns discos de Verão.

British Sea Power - Do You Like Rock Music? (2008)

 pelO Puto 



O percurso que o segundo álbum deste quarteto britânico tinha prenunciado mantém-se no novo longa duração. Um som apresenta-se mais melódico e mais polido, mas também mais maduro, como se dominassem a fera que assolou “The Decline of British Sea Power” e a vontade que determinou “Open Season”. Aquilo que poderão parecer excessos épicos em canções como a faixa de abertura, “Waving Flags” ou “Canvey Island” surgem de uma forma natural e despretensiosa. O rock daqui extraído redunda num compêndio mais abrangente que o indie ou o pós-punk a eles normalmente associados. Existe energia nas vozes frágeis dos irmãos Wilkinson, mesmo quando imersas nos poderosos riffs de guitarra e nos ritmos rápidos, herdeiros dos Pixies, dos Stooges, dos Joy Division, de David Bowie, dos Psychadelic Furs, dos Radiohead, entre outros, chegando a aludir ao progressivo e ao chamado rock clássico, fazendo, até certo ponto, tabula rasa a todas as convenções, fronteiras e hierarquias dentro deste universo. Letras de construção simples escondem referências complexas, que pegam desprevenido quem ouve falar de equipas de futebol checas, da cheia histórica numa ilha britânica, do apocalipse, da dialéctica vida/morte/amor/sofrimento e de tantas outras coisas. Mesmo nos momentos mais serenos e belos, não há esmorecimento mas sim sucessão, garantindo uma coesão que só se torna visível após algumas audições.
Apesar do som expansivo e de uma declaração de intenções (que começa no título do disco) que poderia classificar este disco como conceptual, existe uma certa impenetrabilidade, um certo mistério envolvente na música dos BSP que intriga, cativa e se auto-valoriza.
Sítio oficial dos British Sea Power
British Sea Power no MySpace
Videoclip de "Waving Flags"
Videoclip de "No Lucifer"
Amostras: Lights Out For Darker Skies | Canvey Island | The Great Skua

terça-feira, julho 22, 2008

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

 pelO Puto 

Beck - Modern Guilt
Duffy - Rockferry
The Mary Onettes - S/T
Wolf Parade - At Mount Zoomer

Festival sem manta

 pelO Puto 



No primeiro dia do festival havia pouca gente para assistir ao concerto dos Liars no bonito jardim do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. Um dos casos raros de bandas que se transmutam a cada registo, é ao vivo que todas essas facetas fazem sentido juntas. Abordaram maioritariamente os dois últimos álbuns (“Drum’s Not Dead” e “Liars”), onde as experimentações rítmicas alternavam com as descargas de guitarras. Angus Andrew imprime uma forte aura dramática à sua prestação, sendo ora pastor de almas ora feiticeiro, alternando o coreógrafo com o poeta, facetando o louco e mimetizando o artista conceptual. As texturas sónicas densas são perfeitas para a sua performance, que pude observar a poucos metros. O cenário bucólico não poderia contrastar mais com a sofisticação urbana, o que concedeu um certo carisma ao concerto. Qual dos dois o mais improvável. Que voltem mais vezes, e em qualquer cenário.
Na sexta, o recinto encheu-se para assistir a esse fenómeno de popularidade crescente em Portugal chamado The National. Quando entrei no recinto já tocavam o segundo ou terceiro tema. Perante um público rendido à partida, entregaram-se novamente de forma honesta, tal como na Aula Magna, se bem que de forma menos flamante, o alinhamento incidiu principalmente em “Boxer” e “Alligator”, tocando o coração dos presentes, que se agitaram e cantaram em sintonia. E foi um imenso ar de geral contentamento que vinha impresso na maioria dos presentes. Quem ficou mais tempo, pôde escutar a selecção ecléctica e despreocupada de Manuela Azevedo, revelando o seu bom gosto musical.

Roughus

 pelO Puto 



Surpreendente foi a primeira palavra em que pensei para definir a minha apreciação do segundo “special solo show” do canadiano, no passado dia 29 de Junho, na Casa das Artes de Famalicão. Acompanhado apenas do piano e da guitarra acústica, com a vantagem de não se evidenciar o sobejo barroco que por vezes assola os registos em disco, fez desfilar equilibradamente temas dos seus discos e de algumas composições inéditas para deleite dos presentes. Tecnicamente irrepreensível e emocionalmente envolvente na sua harmoniosa e complexa performance musical, tornava-se bem menos formal nos interlúdios, entregando um humor peculiar e com classe. Não sou seu fã, apesar de apreciar parte da sua obra, mas com este concerto subiu uns pontos largos na minha consideração.

sexta-feira, julho 18, 2008

For Nico, with ♥

 pelO Puto 



Há precisamente vinte anos falecia Christa Päffgen, a alemã que o mundo conhecia como Nico. Intérprete de "Chelsea Girl", um disco extraordinário, e "Marble Index", entre outros, foi por participar no disco de estreia dos Velvet Underground que se tornou mais célebre, onde desarma o ouvinte cantando em "Femme Fatale", "All Tomorrow's Parties" e "I'll Be Your Mirror". Como vêem, Carla Bruni não foi a única modelo que fez carreira como cantora.

quinta-feira, julho 10, 2008

Mad Bugs Attack!

 pelO Puto 



Na sexta (11 Jul), aproveitando a minha deslocação ao primeiro dia do festival Optimus Alive, irei seleccionar discos em dois locais:
- Das 18 às 21h no MM Café - Bar do Teatro Maria Matos (junto ao cinema King);
- A partir das 23h no Sound Club (Largo de Santos 9), com o meu amigo Kraak.

No domingo (13 Jul), a não perder, o concerto de Bonnie "Prince" Billy n'O Meu Mercedes.

terça-feira, julho 08, 2008

Olhó Videoclip Fresquinho!

 pelO Puto 

Jovens talentos britânicos com videoclips simples mas engraçados:
- Mystery Jets feat. Laura Marling: Young Love;
- Laura Marling: Cross Your Fingers / Crawled Out Of The Sea;
- Laura Marling: Ghosts.
Confesso: a culpa foi da Laura, uma cantautora folk com apenas 18 anos.

quarta-feira, julho 02, 2008

Bleed my ears, please!

 pelO Puto 



As portas da Roundhouse abriam às sete da tarde! Neste país tudo acontece mais cedo. Depois de uma Guinness, rumei ao local, acompanhado pela Noodles, que ainda hesitou mas acabou por comprar um bilhete à porta. Como primeira parte foi escolhido o Graham Coxon, ex-guitarrista dos Blur, a solo, expondo a sua vertente mais experimental. Quando entrámos, ainda ouvimos 2 temas, nos quais esteve agachado a experimentar os pedais. O pessoal deixou de ser shoegazer para se tornar croucher?
O concerto dos My Bloody Valentine estava previsto para as nove. Era o quarto de cinco concertos em Londres, há muito esgotados, partindo depois para Manchester e Glasgow, com duas datas em cada cidade. Segue-se uma pequena digressão em festivais europeus e algumas datas nos EUA, conforme constante no site oficial. Deram-nos uns tampões para os ouvidos à entrada, mas declinei, pois aparentemente nada os justificava. Além disso, para além de atenuarem o volume, funcionam como filtro de frequências, o que não permite disfrutar do som em pleno. Enquanto esperava fui admirando a parafernália de aparelhos em palco. As guitarras estavam nos extremos e a parte rítmica ao centro. A separar os três conjuntos de amplificadores estavam umas barreiras transparentes, provavelmente para atenuar o som do instrumentos vizinhos. Intrigou-me mas compreendi que seria essa a razão. O que também achei interessante constatar foi a faixa etária da audiência, na sua maioria na casa dos trintas. Senti-me bem no meio daqueles aficionados do shoegazing.
Finalmente entraram em palco, após um atraso maior que o habitual em terras de Sua Majestade. À primeira vista, notam-se os sinais da idade, apesar dos penteados serem os mesmos. Só Bilinda parece ter o mesmo ar de menina, envergando um vestidinho branco. Atacaram "Loveless" com duas faixas onde os samples de guitarra estão bem demarcados: "I Only Said" e "When You Sleep". O coração começou a bater mais depressa e as seis cordas envolveram todo o ar do recinto. A beleza aqui presente toma proporções gigantescas, muito ajudada pelo volume altíssimo (aí percebi a medida dos tampões à entrada) e pela maior abrasividade. Fizeram questão de manter as vozes mergulhadas no mar sonoro, à semelhança do que acontece no disco. Fiquei mesmo em frente a Kevin Shields, o maestro que usou insistentemente a sua famosa técnica de glide guitar e responsável pelos exercícios mais complexos. Partiram para a abordagem a "Isn't Anything", que ao vivo leva um tratamento semelhante a "Loveless", com o som dos intrumentos a preencher todas as frequências, o que tornou mais difícil o seu reconhecimento. A "(When You Wake) You're Still In A Dream" e "You Never Should", dois temas onde a bateria de Colm O'Ciosig se exercita mais, seguiu-se "Lose My Breath", a única ocasião em que Kevin empunhou uma guitarra acústica. Avançaram para o álbum seminal, com "Come In Alone" e o mui aplaudido "Only Shallow". Dois temas mais definidos ("Thorn", do EP de estreia para a Creation, e "Nothing Much To Lose") foram sucedidos pelo etéreo "To Here Knows When", um dos momentos mais belos do concerto. Aí fechei os olhos por momentos e verifiquei que todo aquele som me colocava próximo do transe, como se o centro de uma tempestade se tratasse. Toda aquela experiência sensorial estava a deixar-me enebriado. "Slow" foi recuperado, "Blown A Wish" encantou com o sua oscilação guitarrística, e "Soon", um dos momentos altos, colocou os corpos a mexer. O dueto embebido em distorção de "Feed Me With Your Kiss" e "Sue Is Fine" fecharam a abordagem aos álbuns, guardando para o final uma versão de "You Made Me Realise", com um epílogo de mais de 15 minutos baseado numa muralha monotónica de som, como que a testar a devoção dos presentes. Ao fim de tantos anos, a tecnologia evoluiu e a experiência também, pelo que o contemplar dos sapatos já não é necessário. Debbie Googe permanecia a oscilar, concentrada em Kevin, como que à espera de algum sinal. A certa altura tive que tapar os ouvidos, pois a dor começava a manifestar-se, até ao ponto em que tive que abandonar a sala. Não os vi sair do palco, mas penso que eles me perdoam tal atitude. Afinal, apanhei um avião para os ver.
Houve muito pouca interacção verbal, um par de sorrisos por parte de Bilinda e Colm, mas a experiência que comunguei com a banda ficará para sempre na minha memória. Nos meus ouvidos ainda ficou por um dia. Felizmente os danos nestes não foram definitivos.