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quarta-feira, outubro 13, 2004

Tom Waits - Real Gone (2004)

 pelO Puto 


É sempre com alegria que acolhemos um novo álbum de Tom Waits. E, se nos conseguir (ainda) surpreender, tanto melhor, o que é o caso deste "Real Gone". Os teclados estão "really gone", diz-se adeus às orquestrações e arranjos de "Alice" (2002), "The Black Rider" (1993) ou "Frank's Wild Years" (1987), e dão-se as boas vindas às percussões cacofónicas, às técnicas de hip-hop e ao registo de voz gutural e distante.
Neste disco Tom Waits reduz-se ao essencial, tornando as músicas mais sujas e primitivas, despidas, reduzidas ao essencial, e por vezes ao minimal. A voz de Tom Waits tanto soa como se do fundo de um poço cantasse - casos de "Hoist That Rag" ou "Don't Go Into That Barn" - como se num cabaret se apresentasse (tão Tom Waits) - em "How It's Gonna Wait" ou "Dead And Lovely". Isto não é propriamente novidade, pois já tinha sido algo explorado em "Bone Machine" (1992), mas as técnicas do hip-hop, tais como o human beatbox (já Björk a utilizou em "Medülla", será que se vai tornar moda?) ou a utilização dos pratos (deve ser culpa do seu filho, Casey Waits, um amante de hip-hop, e que se estreia nos discos do pai) constituem uma inovação no ousado mundo deste californiano.
Mas no meio deste repasto de folk, jazz, cabaret, rock, blues e sabe-se lá o quê mais, destaca-se uma bizarria familiar que nos leva a amar este disco, pelas mesmas razões porque amamos os anteriores.
Destaque também para as colaborações (já habituais) de Marc Ribot na guitarra, com o seu registo quase monocórdico, de Larry "The Mole" Taylor, e de Les Claypool e Brian "Brain" Mantia (ambos dos Primus).
Tom Sings and the Time Waits.
http://www.officialtomwaits.com/