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quarta-feira, agosto 31, 2005

Röyksopp – The Understanding (2005)

 pelO Puto 


Muito se esperava da capacidade criativa de Torbjørn Brundtland e Svein Berge, essa dupla norueguesa que em 2001 nos serviu “Melody AM”, um tomo de melodias electrónicas, recheadas de pop pouco óbvio e de uma tundra sonora sedutora. O caminho a seguir poderia ser um dos três: manter confortavelmente, modificar moderadamente ou cortar radicalmente. Qualquer um dos três constitui a armadilha do segundo álbum, uma vez que nenhum implica necessariamente evolução. Optaram pelo segundo, mas com consequências negativas, a meu ver.
Em “The Understanding” as vozes estão mais presentes, mas não vêm preencher lacuna alguma. E penso que este é um dos pontos fracos do 2º álbum, pois os registos europop ou neo-soul impressos por alguns dos convidados (os singles “Only This Moment” e “49 Percent” são um bom exemplo disso) abafam as estruturas circulares da electrónica (herdeiras do álbum de estreia) com as suas falsas melancolias e pretensões. Ainda assim há bons momentos no álbum, como a abertura e fecho, e alguns intrumentais. Talvez se o formato canção fosse menos assumido, os ritmos fossem menos vincados ou as melodias vocais fossem ausentes ou pouco demarcadas, teríamos evolução. Pequena, mas o resultado seria seguramente melhor.
http://www.royksopp.com/
Amostras: Triumphant | Beautiful Day Without You | Someone Like Me

The Organ – Grab That Gun (2004)

 pelO Puto 


Mais anos 80? Sim, porque não? Afinal, é um filão que ainda não se esgotou, servindo ainda de fonte para sons renovados (ou não). Afinal, se os Joy Division influenciaram os Interpol, os Smiths inspiraram os Belle and Sebastian ou os Jesus and Mary Chain assombraram os B. R. M. C., porque não estes todos mais os Cure e os Throwing Muses a servirem de musas (vem mesmo a calhar o termo) às canadianas The Organ?
Os riffs angulares, o orgão oportuno e a voz anasalada de Katie Sketch (que faz recordar Kristin Hersh) são os principais ingredientes deste curto registo de estreia. Poder-se-ia pensar que são a versão feminina dos The Stills, mas isso seria redutor, apesar das algumas similaridades óbvias. O som parece um pouco datado, induzindo-nos alguma nostalgia, mas a autênticidade, o lirismo e a pop melancólica são trunfos que vencem qualquer preconceito. E pronto, estão-me aqui a dizer que as miúdas são muito engraçadas.
Os meus agradecimentos ao Astronauta, que nos deu a conhecê-las durante o seu período de férias, apesar de que já as mencionara há algum tempo.
http://www.theorgan.ca/
Amostras: Brother | Love, Love, Love | Memorize The City

terça-feira, agosto 30, 2005

Felix Laband – Dark Days Exit (2005)

 pelO Tipo 


“Dark Days Exit” é o 3º álbum do designer gráfico, realizador de vídeos, sound designer e músico sul-africano Felix Laband. Disco de electrónica melancólica e introspectiva, feito de orquestrações límpidas (e por vezes delirantes), downtempo, smoky jazz, oscilando entre o quente e luminoso e o escuro e opressivo. Não é um grande álbum, até é bastante simples, mas aquela nuvem negra que assombra todo o disco atraiu-me, fazendo-me lembrar os semáforos a abanar no Twin Peaks. A seguir com atenção. Destaco "Whistling in Tongues", “Dirty Nightgown” e “Black Shoes”.
www.compost-records.com
Amostras: Whistling in Tongues | Dirty Nightgown | Black Shoes

segunda-feira, agosto 29, 2005

Monozigóticos II

 pelO Puto 


Quando assisti ao concerto dos The Bravery em Paredes de Coura, não consegui deixar de pensar na semelhança de Sam Endicott (vocalista) com o frontman dos Ash, Tim Wheeler.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Sufjan Stevens – Illinois (2005)

 pelO Tipo 


“Illinois” é o 2º álbum do ambicioso projecto de Sufjan Stevens de retratar cada um dos 50 estados da União. Depois de “Michigan” de 2003, este épico leva-nos por paisagens, personagens e ambientes de Illinois através da voz límpida de Sufjan Stevens, suportada por orquestrações luxuriantes, plenas de pop sofisticada, folk, cordas delicadas, metais ribombantes e coros triunfais. Destaco “Concerning the UFO Sighting Near Highland, Illinois” (um começo singelo mas arrasador), “Black Hawk War” e “Chicago”. Se ele não se cansar entretanto, isto promete!
www.sufjan.com
Amostras: Concerning the UFO Sighting Near Highland, Illinois | Black Hawk War | Chicago

terça-feira, agosto 23, 2005

Paredes de Coura 2005 - Prisma do Tipo

 pelO Tipo 

Só estive presente no dia 17, mas valeu a pena. Não assisti aos The Futureheads, ouvindo apenas alguns acordes ao longe, enquanto bebia umas cervejas com o Puto e amigos. Vi os Hot Hot Heat ao longe, mas também não me provocaram nenhuma sensação agradável nos ouvidos que me levasse a aproximar do palco.
Arcade Fire. Bem, grande concerto. A energia e loucura posta em palco era directamente proporcional ao entusiasmo criado antes e durante o espectáculo pelo público que se reuniu (quase religiosamente) à volta do palco. Muito bom.
Não vi os The Roots pois estava a tentar comer qualquer coisa (nota negativa para a desorganização deste festival, fosse na entrada, na zona da comida, etc. Ao fim de tantas edições, era de esperar que as coisas melhorassem consideravelmente).
Destilando rock visceral e poderoso, os Queens of the Stone Age deram um grande concerto. Josh Homme, naquele estilo de vaqueiro a abanar a anca elevou os decibéis na noite, arrasando o público.“Who’s afraid of the big bad wolf, the big bad wolf, the big bad wolf...
Pixies. Despacharam competentemente os êxitos, acompanhados por um público em delírio. Uma primeira parte mais acústica seguida de torrentes de electricidade. A pouca interacção com o público pareceu um interlúdio cómico. No entanto, no final fiquei com a sensação de ter fechado uma porta que estava aberta há muito tempo.

Paredes de Coura 2005 - Prisma do Puto

 pelO Puto 


[As fotos não estão grande coisa, mas para ampliar é só clicar]

Death From Above 1979 – Infelizmente não os vi, mas ouvi parte do concerto no auto-rádio, e é impressionante a pujança de apenas 2 instrumentos, sendo que nenhum deles é uma guitarra.
!!! – Com muita pena minha, apenas ouvi o último tema, mas eles pareciam ter incendiado o palco e toda a gente se mexia. As impressões dos amigos que viam passam por “Fabuloso!” e “O melhor concerto dos últimos 5 anos”, passando por “Não curti muito o disco, mas ao vivo são bem melhores”.
Kaiser Chiefs – Estes novatos deram um bom espectáculo, mesmo com o vocalista coxo durante grande parte do concerto. Não têm o traqueio das bandas mais maduras, mas puseram o povo a saltar, principalmente ao som dos êxitos “Everyday I Love You Less And Less” e “I Predict A Riot”. Mas ainda têm muito que provar, pois a vida não são só rebuçados e gritos.
The Bravery – Estes nova-iorquinos (como eles o mencionaram umas 30 vezes) vieram munidos de uma falsa honestidade que lhes caiu muito mal. Não conseguiram grande entusiasmo do público, tirando meia dúzia de espanhóis que entraram em histeria ao som dos singles “Honest Mistake” e “Unconditional”. Desnecessários tantos agradecimentos e a história da ex-namorada. E continuo sem perceber porque foram considerados uma next big thing.
Foo Fighters – Foram os senhores da noite, até porque a grande maioria estava ali para os ver e ouvir. Dave Grohl é um mestre no palco e soube comunicar com humor e modéstia. Palmas para a decoração que enchia o palco com falsos amplificadores. Grande parte do alinhamento percorreu os êxitos da banda, alguns temas do novo álbum e uma ou outra interpretação alternativa, o que levou o público ao rubro. Um senão: o volume estava altíssimo e a equalização não ajudava, pois tornava as partes mais densas numa sopa sonora quase indecifrável.

The Futureheads – Não me suscitaram curiosidade nenhuma. Apenas ouvi estes “Retroheads” ao longe, enquanto bebia umas cervejolas com os amigos.
Hot Hot Heat – O carisma do vocalista conquistou algum público, mas a aura diurna não ajudou muito. Ainda assim a indumentária do rapaz dos caracóis loiros ficou na memória, bem como o seu teclado ao centro, coisa rara numa banda pop/rock. Alguns momentos interessantes, principalmente nos êxitos do álbum anterior e o hit single “Goodnight Goodnight”.
Arcade Fire – Para poder assistir à prestação dos autores do encantador “Funeral” fiz marcação próxima do palco. Antes do concerto lá andavam elementos da banda no meio dos senhores das t-shirts pretas, o que originou uma reacção entusiástica do público que faz parte do culto crescente por estes canadianos. Coisa rara hoje em dia, os músicos seram os próprios roadies (apenas me lembro dos Young Gods), o que lhes valeu o rótulo de modestos (ou poupaditos, sob outro ponto de vista). Iniciaram o concerto com “Wake Up”, que me arrebatou logo, e o som preenchia-me com aquele coro numeroso. Levaram-nos ao êxtase com as pérolas de “Funeral”, do EP de estreia e ainda do tema que compuseram para a série “7 Palmos de Terra”. Os seus elementos foram do mais entusiástico, com constantes rotações de instrumentos, que iam dos clássicos aos mais inusitados (tais como uns capacetes), e tivemos direito a uma luta fantástica e percussiva entre dois dos seus elementos. Transpiraram autênticidade e energia, bem estampadas no rosto e na entrega às composições, e é inevitável pensar no contraste entre a natureza do trabalho de estúdio e a comunhão democrática e aparentemente caótica da transposição para o palco. Os irmãos Butler ainda aprontaram algumas, com os devaneios e acrobacias de William e , no final, o stage diving (guitarra incluída) de Win. Surpreendente!
The Roots – Ouvi alguns temas, mas estes norte-americanos nunca me atrairam por aí e além. Aproveitei para comer e conviver um pouco. Ainda estava no stress pós-traumático do concerto dos Arcade Fire.
Queens Of The Stone Age – Josh Homme apareceu coxeando (mais um!), e isso prejudicou a dinâmica do quinteto. Isso e a ausência de Nick Oliveri. O som não os ajudou, pois estava nas mesmas condições do concerto da noite anterior. Ainda assim aqueceram as emoções dos fãs ao som de temas do último álbum, do seminal “Songs For The Deaf”, e do anterior “R”. Deram um concerto competente mas decepcionante, pois pareciam estar a cumprir uma obrigação. Ainda assim, a multidão preenchou por completo o anfiteatro natural da praia fluvial do Tabuão.
Pixies – Aqueles que seriam os senhores da noite entraram em cena mais ou menos à hora prevista. Não ia com expectativas elevadas, mas a vontade de os ver era grande, pois tinha perdido os concertos de 1992 e o do ano passado no SBSR, sempre por razões de força maior. Apesar da idade, do ar algo paternalista, da quase imobilidade em palco e da falta de comunicação, puseram os fãs, acérrimos ou não, a deleitarem-se com a nostalgia de grande temas, cantando e saltando até a garganta ficar cheia de pó. Fiquei satisfeito, apesar da brevidade do concerto.

The National - Banda interessante, algures entre os Tindersticks e os Interpol, com melancolia nas guitarras, emoção na voz e um pôr de sol que se anuncia invulgar.
Woven Hand - Projecto paralelo do frontman dos extintos 16 Horsepower, foram os exorcismos musicais e os rituais enigmáticos de David Eugene Edwards que o dia se fez noite. Transferidos para o palco principal para substituir os Killing Joke, não pareciam importar-se com isso, até porque David parecia ausente do seu corpo.
Juliette & The Licks - Valeu pela Julieta, acabadinha de sair da aeróbica, tendo tido apenas tempo para calçar uns sapatitos de salto alto. Ó miúda, devias-te ficar apenas pelos filmes, pois perdes-te no meio de tanto rock fm.
Vincent Gallo - Acompanhado de outro guitarrista e de Teresa, uma serena baterista/guitarrista grávida (!), ofereceu-nos lagos plácidos, naturezas frágeis e susurros deleitantes. Falou das suas vindas a Portugal, da sua aventura com a cineasta Teresa Villaverde, elogiando de forma autêntica e conhecedora este canto à beira mar plantado. Construiu os momentos mais bonitos da noite, apesar do desenquadramento horário óbvio no evento.
Nick Cave And The Bad Seeds - Não desiludiu quem o viu, também não surpreendeu, mas comprovou que, em palco, é rei e senhor. Fez-se acompanhar de um coro gospel, que é uma mais-valia muito eficaz, os Bad Seeds estiveram irrepreensíveis, mas notou-se bem a falta de Blixa Bargeld. Tocaram temas do último e excelente álbum duplo, recuperam um lado b e revisitaram clássicos mais ou menos antigos que colocaram os fãs entre o céu e o inferno.

No geral, o festival desiludiu-me um pouco, até porque tinha grandes expectativas. Para além do já descrito, gostaria de salientar, pela negativa, a sobrelotação evidente do espaço e a selecção musical e visual entre concertos (o DVD era sempre o mesmo, e num festival alternativo esperava-se ouvir tudo menos os Snap ou os Kussundolola). Espere-se pelos próximos.
http://www.paredesdecoura.com/
Arcade Fire - Wake Up | Neighborhood #2 (Laika) | Rebellion (Lies)
!!! - Álbum “Louden Up Now” | Single “Hello? Is This Thing On?” | Novo single “Take Ecstasy With Me/Get Up”

segunda-feira, agosto 15, 2005

Os Duendes e a Fada

 pelO Puto 


Reconheça-se que este quarteto de Boston é um dos pontos mais importantes do mapa do rock alternativo, pois imensas bandas por nós conhecidas aí se inspiraram e ainda inspiram. Nirvana, Radiohead, Placebo ou dEUS, só para citar algumas, não existiriam ou, a existirem, não teriam tomado o rumo que tomaram. Eles elaboraram uma cartilha cujas regras ainda hoje são seguidas, e a partir deles o rock nunca mais foi o mesmo.
Formaram-se em 1986 e logo o seu som invulgar começou a chamar a atenção de muita gente, incluindo Ivo Watts-Russel, o senhor 4AD, que os contratou e editou o disco de estreia no ano seguinte, que não era mais que a demo com 8 canções que lhe foi apresentada. "Come On Pilgrim" era um disco curto mas algo mais que embrionário, pois já lá estavam as bases daquilo que instituiram: um caldeirão de surf-rock, escola da distorção, pop aos molhos, punk, algo estranho na altura mas que nos infectou para sempre. Apesar das diferenças com as bandas da 4AD até aí, o espírito dos Pixies inscrevia-se bem no seio da editora, pois o sonho e o assombro eram frequentes nas suas composições.
Em 1988 lançaram "Surfer Rosa", o primeiro longa-duração, devidamente produzido e com o som polido. Polido mas não limpo, pois foram uma banda que nunca se domesticou. A voz e a composição espiral e algo obcecada de Black Francis, os riffs envolventes e os solos cacofónicos de Joey Santiago, os coros e o apelo do baixo de Kim Deal, a pujança e o equilíbrio de David Lovering são algumas das razões que levam a amar este disco.
"Doolittle", de 1989, é por muitos considerado o álbum seminal. A faceta pop é mais explorada, o que tornou cada tema um potencial hino representativo. Inclui algumas das melhores canções pop-rock de todos os tempos, e talvez por isso seja o trabalho mais conhecido e mais bem sucedido. Quem não conhece "Debaser", "Hey" ou o super-rodado "Here Comes Your Man"?
Em 1990 editam aquele que é o disco mais mal-amado, "Bossanova". Talvez porque o surf-rock é mais explorado ou porque a melodia prima sobre a bizarria. Apesar disso tudo, alberga algumas das músicas mais bonitas e melancólicas dos Pixies, e só isso é razão mais que suficiente para nos emocionarmos com este disco.
Com o ritmo de um álbum por ano, é em 1991 que se despedem com "Trompe Le Monde", disco que não entra em ruptura mas que prepara a carreira a solo de Black Francis. É nítida a maior compartimentação das doutrinas sónicas cuja síntese nos deram a conhecer. É um bom disco mas, a meu ver, está longe de ser a melhor despedida que nos poderiam proporcionar. Enfim, não se pode exigir excelência a cada obra.
Tiveram uma carreira curta mas inversamente proporcional à sua área de influência. Da sua ressureição resultou uma digressão que já passou por Portugal no ano passado, e mais uma aparição daqui a uns dias em Paredes de Coura. Espera-se energia non-stop, suor, algumas lágrimas e uma lição que não revelo qual é.
http://www.pixiesmusic.com/
http://www.ilovepixies.com/
http://www.4ad.com/
Amostras: Bone Machine | Wave of Mutilation | Ana

sexta-feira, agosto 12, 2005

Colleen - The Golden Morning Breaks (2005)

 pelO Puto 


Entra de mansinho, este segundo trabalho da francesa Colleen. Apesar do mar sereno em que flutuam as melodias multidireccionais (ou sem direcção, se preferirem) ter sido o fluido do seu primeiro trabalho, continua essa navegação, mas desta vez utilizou também instrumentos reais ao invés de apenas samples. Esta linda caixa de música alberga notas produzidas por guitarra, piano, cordas, orgão, copos e outros artefactos acústicos e electrónicos não tão facilmente identificáveis, mas todos possuem um denominador comum: o dedilhar, a delicadeza, a subtileza com que são tocados, como se os dedos fossem feitos de pétalas frágeis, que se desfariam se um pouco mais de força fosse aplicado.
Aparentemente inocente, este tomo de melodias abstractas é quase obsceno e invasivo, pois não nos deixa adormecer como outra qualquer música onírica. Até chega a ser assombradora, e aí o bendito espectro possui-nos.
http://www.colleenplays.org/
Amostras: Summer Water | The Heart Harmonicon | The Golden Morning Breaks

MTV2ME

 pelO Puto 


Quero agradecer publicamente à MTV2 Europe por me ter feito voltar ao hábito de gravar catrefadas de VHS com videoclips.
http://www.mtv2europe.com/

sexta-feira, agosto 05, 2005

Stars - Set Yourself On Fire (2005)

 pelO Puto 


Vou culpar mais uma vez o Canadá. Montreal é responsável por um dos álbuns mais frescos e bonitos do ano. Ao terceiro álbum de originais os Stars atingem o panteão pop com um equilíbrio invejável.
Tudo aqui é meticulosamente elaborado e a mestria técnica está bem patente nas 13 pérolas pop que constituem este disco. As harmonias vocais emanadas por Torquil Campbell e Amy Millan são belas e sedutoras, e as canções, quer sejam vestidas com o essencial, com programações ou ornamentadas com arranjos de metais e cordas, são mel que nos escorre dos ouvidos. Contam-nos histórias de romances modernos, amizades, viagens, recordações, raivas, dilemas e outros assuntos que tão empaticamente identificamos. A frescura irónica dos Smiths, o apelo electrónico dos New Order e o perfeccionismo dos Beach Boys picaram aqui o ponto. Se os Belle and Sebastian estivessem num clima mais quente e menos chuvoso, talvez soassem assim. Uma das bandas sonoras obrigatórias deste Verão.
http://www.arts-crafts.ca/stars/
Amostras: Set Yourself On Fire | Ageless Beauty | Soft Revolution

quarta-feira, agosto 03, 2005

Coitados dos Keane

 pelO Puto 


Eu simpatizo com os Keane, mas acho que a sobre-exposição nas rádios, principalmente na famigerada RFM (qualquer banda por eles apadrinhada ganha um estigma negativo), tornou-os vítimas do sucesso massivo, criando repulsa a muitos que gostam, por exemplo, dos Radiohead ou dos Coldplay. Os pobres rapazes não mereciam esse castigo.

terça-feira, agosto 02, 2005

Clap Your Hands Say Yeah - Clap Your Hands Say Yeah (2005)

 pelO Puto 


A primeira impressão que o disco dos debutantes CYHSY me provocou foi uma valente bofetada na cara. Não sei, mas há qualquer coisa nesta consistência desenfreada que me enebriou. Ok, back to Earth.
Caracterizados por uma atitude indie (edição de autor é só um dos sinais) e partindo dessa nascente, admitem como afluentes a folk psicadélica, a new wave, o alternative country e a pop cacofónica mas hipnótica. A voz de Alec Ounsworth, um som quase ininteligível, algures entre o miar de Thom Yorke e o anasalar de David Byrne (os CYHSY por vezes recordam os Talking Heads na sua melhor forma), poderá criar anticorpos a quem a ouve, mas é fulcral ao conjunto. E a energia? Joules e Joules que nos fazem vencer a gravidade, aliados a uma estética tão sedutora em que o prumo nunca se perde. Desde o apelo irresistível do folclore em "Clap Your Hands!" até ao excelente e elíptico "Upon This Tidal Wave Of Young Blood", não são só as mãos que batem palmas. Uma das estreias do ano!
http://clapyourhandssayyeah.com/
Amostras: Over And Over Again (Lost And Found) | Wave In This Home On Ice | Upon This Tidal Wave of Young Blood

segunda-feira, agosto 01, 2005

Radio, live transmission

 pelO Puto 

Muito obrigado a todos os que apareceram no Radio Bar, especialmente aos meus amigos. O alinhamento está no mini-blog do Tree Eléctrico. Espero que possam aparecer numa próxima sessão, talvez lá para Setembro.