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quinta-feira, junho 26, 2008

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

 pelO Puto 

Fleet Foxes - Fleet Foxes
MGMT - Oracular Spectacular
Pete & The Pirates - Little Death
Someone Still Loves You Boris Yeltsin - Pershing

quinta-feira, junho 19, 2008

Bye Bye St. John

 pelO Puto 



Sacrifiquei a noite de véspera de S. João para os ver. Estarei por aqui na próxima segunda feira. Até lá!

quarta-feira, junho 18, 2008

My Bloody Valentine - Loveless (1991)

 pelO Puto 



Sou um aficionado do chamado shoegazing. Isso não é segredo para quem me conhece os gostos musicais. Foi um movimento que se iniciou em finais dos anos 80, caracterizado pelo uso massivo de guitarra e vozes etéreas e harmoniosas embebidas no som. Os My Bloody Valentine foram grandes impulsionadores do género, editando “Isn’t Anything” em 1988, influenciando imediatamente uma série de bandas. Jogaram com os ensinamentos dos Jesus & Mary Chain, Cocteau Twins, The Velvet Underground e todo um rol de bandas pioneiras de guitarras que os precederam, criando uma abordagem diferente ao rock, onde as linhas instrumentais soavam dissonantes, angulares, densas e insistentes, mas mantendo um forte sentido melódico nas vozes.
Após esse marco, Kevin Shields, mentor da banda, entregou-se ao trabalho de estúdio para elaborar o sucessor. Qual cientista, experimentou no seu laboratório várias técnicas inéditas na guitarra, como o uso conjugado e sistemático do tremolo, o que confere uma aparente desafinação e delay, e o uso de vários níveis de distorção para criar uma infinidade de sons, alguns como tentativa de reproduzir outros instrumentos (flautas, cordas, etc,), sons esses que foram gravados para poderem ser utilizados. O volume das vozes foi reduzido de forma a se misturarem com as várias camadas de guitarra, o mesmo acontecendo com a bateria e percussões, o que tornaria difícil a percepção verbal. Há um jogo constante entre a expansão sónica e a contenção tónica, bem como um contraste temporal entre alguma suavidade e a abrasividade. O resultado desta cacofonia é a domesticação do ruído, o alargamento das fronteiras do conceito de pop/rock e uma nova contextualização da beleza. Sim, porque é esse o termo que melhor define “Loveless”: belo. Desde a alternância entre o verso vocal e o refrão de guitarras de “Only Shallow” até à dança gasosa de “Soon”, passando pelas vozes afogadas em guitarras de “To Here Knows When”, pelo apelo pop de “When You Sleep” ou “Blown A Wish”, pelo intimismo sujo de “Sometimes” e pelos epílogos instrumentais, é a beleza que se derrama nesta obra-prima que tanta gente apaixona. Pretensioso ou não, Kevin Shields criou um álbum seminal para uma imensa minoria, um tomo decisivo que se colocou na vanguarda e cristalizou um conceito sonoro, numa perfeita e hermética transposição da ideia para a obra. Ainda bem que assim foi.
“Loveless” foi um dos primeiros CD’s que comprei, pago com dinheiro ganho a dar explicações. Aquela capa sugestiva seduziu-me desde o primeiro instante. Ainda hoje me fascina e descubro algo novo a cada audição. É um dos discos que levaria para uma ilha deserta. Ou para todo o lado.
Sítio oficial dos My Bloody Valentine
My Bloody Valentine no MySpace
Videoclip de "Only Shallow"
Videoclip de "To Here Knows When"
Videoclip de "Soon"

terça-feira, junho 17, 2008

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

 pelO Puto 

Animal Collective - Water Curses
Azevedo Silva - Autista
dEUS - Vantage Point
Electric President - S/T

Foals - Antidotes (2008)

 pelO Puto 



Quando, em meados do ano passado, vi e ouvi o videoclip de “Hummer”, os Foals pareceram-me mais uma banda que ia beber à quase esgotada fonte do pós-punk, ainda para mais com uma pose aparentemente altiva do seu vocalista. No entanto, o ritmo e a forma como usavam as guitarras deixou-me uma agradável impressão na memória. Passados meses, o álbum de estreia começou a ser abordado antecipadamente em blogs e na imprensa, pelo que a curiosidade aguçou-se.
Formaram-se das cinzas de uma banda de math rock, corrente underground do rock caracterizada por estruturas rítmicas irregulares e uma certa dissonância e angularidade nas melodias (não será de todo inocente que tenham baptizado um single de “Mathletics”). No disco de estreia há reminiscência desse período, apesar dos Foals lhe darem uma roupagem mais acessível, como que a piscar o olho à pop. De facto, conseguem bons momentos pop, mas sempre dirigidos por uma não linearidade pouco comum em bandas com algum sucesso. O vocalista Yannis Philippakis consegue tirar bom partido das suas limitações vocais para envolver os temas em harmonias cativantes mas frequentemente distantes da alternância verso-coro. As guitarras conduzidas por Yannis e Jimmy Smith são quase sempre rápidas, dedilhadas (talvez isto explique porque as empunham junto ao peito), entrecruzadas, sequenciadas de forma atípica, sujeitas a gradientes de densidade e sintonizadas em harmónicos invulgares. Cria-se então um certo nervosismo instrumental e vocal, catalizado pela bateria musculada de Jack Bevan, desenvolvido e condensado em composições mais curtas do que seria expectável. A esta abordagem técnica e experimental acresce o apelo rítmico e a beleza de alguns momentos mais ambientais, pincelados por sopros (membros dos Antibalas, convidados por Andrew Andrew Sitek, o produtor original), coros (Katrina Ford dá uma ajuda em “Red Socks Pugie”) e electrónicas, conferindo ao disco uma coesão espantosa, apesar da disparidade de influências que se possam descortinar.
A cada audição o álbum cresce, entrenha-se, revela-se e entusiasma. Muito bom começo para este britânicos de vinte e poucos anos.
Sítio oficial dos Foals
Foals no MySpace
Videoclip de "Balloons"
Videoclip de "Cassius"
Videoclip de "Red Socks Pugie"
Amostras: Electric Bloom | Heavy Water | Like Swimming

quinta-feira, junho 12, 2008

We'll always have the Haff Delta...

 pelO Puto 



Marco encontro em Aveiro no próximo sábado (14 Jun), no Clandestino. Aparecem?

Let It Feist

 pelO Puto 



Leslie Feist estava visivelmente radiante por voltar ao Porto. O concerto que deu há quase três anos no Hard Club deixou-lhe agradáveis memórias, pelo que o mencionou várias vezes com um sorriso sincero no rosto. Perante um Coliseu bem composto, iniciou a sua actuação de forma teatral, segurando uma lanterna por trás de um biombo branco, apenas com a sua sombra projectada, com um tema composto por várias camadas a capella. Depois desse belo momento, empunhou as guitarras e nunca mais as largou. Percorreu “Let It Die” e “The Reminder” e prendeu a assistência com as suas composições, ora mais pop ora mais folk, servindo-se do seu carisma, da sua voz segura, da competência técnica da banda e de si própria e dos cativantes jogos de sombra projectados no palco para um espectáculo arrebatador, elegante e belo, com momentos sumptuosos ou intimistas. A canadiana convenceu-nos a participar de forma ordeira e minimamente ensaiada, foi sorridente e espirituosa, deu nova roupagem a alguns temas e ironizou alguns tiques clássicos de palco. Achei particular piada ao tema improvisado ao piano, em que reproduzia uma conversa com o seu manager, denotando uma falta de vontade de tocar na Alemanha rural ou em festivais realizados nos parques industriais, sugerindo que Portugal seria tão bonito na Primavera. Não faltaram os temas mais trauteáveis, que originaram uma maior sintonia com o público, mas, de uma forma geral, este mostrou-se bastante focado com o que se passava no palco. Um bom sintoma era não se ouvir o (desagradável e, infelizmente, cada vez mais habitual) burburinho nos temas mais acústicos. No final do encore, ainda nos presenteou um inédito, em jeito de recompensa. É por estas e por outras razões que esta relação com o público se consolidou e fortaleceu.

Último Clubbing do campeonato

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Foi um enorme prazer ver os Young Marble Giants reunidos após quase 30 anos. O trio formado por Alison Statton e pelos irmãos Stuart e Philip Moxham editou, em 1980, o mítico álbum “Colossal Youth”, o qual não ia de encontro às tendências new wave, synth pop ou pós-punk vigentes, apesar do forte sentido melódico. E foi esse disco que revisitaram na sala Suggia. A voz de Allison, agora mais treinada, canta melodias em loop, suportadas pela guitarra e baixo que se cruzam em linhas minimais, dedilhadas mas fortes, e acompanhadas pelas batidas sintéticas controladas por Andrew, o terceiro irmão Moxham, ou pelo órgão em regime transversal. Aquela música cristalina e ambiente voltou a seduzir e confortar, ainda para mais porque os membros se mostraram sinceros, comunicativos, simpáticos e sem excessos. No encore repetiram temas, mas de tão breves e fortes que são, não nos importámos nada de os ouvir novamente. Encantador!
Cheguei atrasado à sala 2, pois os Vampire Weekend já tinham tocado a “Mansard Roof”, mas a festa já estava instalada. O clima que estes jovens novaiorquinos incitam é proporcional ao talento compositivo, pelo que não deram um minuto de descanso. Tocaram o álbum todo (e alguns temas que não conhecia) de forma enérgica e irrepreensível, contaminando os presentes com um bom espectáculo, justificando todo o hype em seu redor. No entanto, sinto que faltou ali algo que não consigo definir…
Os também novatos These New Puritans, aqui reduzidos a trio, vieram mostrar o que valem. Começaram por não entusiasmar muito o público presente com o seu pós-punk geométrico fortemente marcado pelas variações rítmicas e linhas sintéticas. O tema “Elvis” funcionou como ignição e a partir daí a fórmula pouco ortodoxa utilizada pelos TNP, onde elementos do drum'n'bass, grime e outras tendências dançantes londrinas se dissimina no músculo do rock, apelou aos presentes, demonstrando que pode dar um bom resultado. E assim foi, até ao final do breve concerto, culminando num final apoteótico em redor da bateria. No mínimo, deixaram alguns dos presentes com curiosidade para conhecer melhor o trabalho da banda.

Prol APSE

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O concerto deste sexteto norte-americano foi uma surpresa para mim. Pouco ou nada conhecia da sua discografia, tendo tido apenas tempo de ouvir alguns dos temas disponíveis no myspace da banda. O que escutei foi um som atmosférico mas coeso e denso, deveras inspirado em várias facetas não canónicas do rock (sónico, pós-rock, shoegaze), pautado por experimentação e estruturas pouco convencionais, resultando em algo longe do formato canção. Momentos belos alternam com explosões de energia, muito ao jeito dos Mogwai ou dos Explosion In The Sky, aqui e ali acompanhados pela voz de Robert Toher, um pouco rouca e desgastada pela digressão europeia (era a última data) e pela própria colocação. A secção rítmica, bem pujante, as guitarras, o baixo e as teclas funcionam como peças de uma orquestra, bem ensaiada e cativante. O som n'O Meu Mercedes estava com boa qualidade, encorpado e equalizado, o que contribui bastante para o disfrute e deleite dos presentes. Parabéns também ao Mouco e ao Mercedes pela iniciativa e oportunidade.

quinta-feira, junho 05, 2008

Relevos e climas...

 pelO Puto 



No próximo fim de semana o Puto estará a seleccionar músicas na Espontânea. No sábado fá-lo-á acompanhado do seu amigo Pico. Se estiverem pela área, apareçam.

quarta-feira, junho 04, 2008

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

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It Hugs Back - The Record Room (First Four Singles)
Mesa - Para Todo O Mal
Tapes 'n Tapes - Walk It Off
These New Puritans - Beat Pyramid

terça-feira, junho 03, 2008

The Magnetic Fields - Distortion (2008)

 pelO Puto 



A estética de Stephin Merritt para este álbum é simples e facilmente percepcionável: juntar a distorção e a percussão dos Jesus & Mary Chain por alturas de "Psychocandy" a canções simples e breves, inspiradas nas melodias vocais dos Beach Boys (são simultaneamente homenageados e parodiados em “California Girls”) e de outras bandas e artistas sessentistas que já serviram de inspiração em disco anteriores dos Magnetic Fields, tais como Scott Walker ou Lee Hazelwood.
Eliminou os sintetizadores, usou um trio de guitarristas (aqui apelidados de “orgiasts”) para criar a "wall of sound" omnipresente e juntou-lhe aqui e ali um piano, um acordeão ou um violoncelo, mas perdura a capacidade de compor temas extremamente harmoniosos. O registo vocal alterna entre o falsetto nos temas mais enérgicos e o crooner nos momentos menos céleres, incluindo ainda alguns temas com a bonita voz de Shirley Simms ("Please Stop Dancing", "Till The Bitter End", "Courtesans") e ainda uma aproximação ao próprio timbre de Jim Reid. Apesar dos próprios Jesus & Mary Chain terem usado esta abordagem no seu disco de estreia, Merritt acrescenta-lhe algum cunho pessoal, distinguindo-se, por exemplo, na colocação das vozes em primeiro plano. As letras são cáusticas, críticas e negativas, reflectindo repulsa, desgosto, desejos bizarros, fina ironia e uma falta de papas na língua.
“Distortion” é um mimetismo eficaz, que se apropria de uma fórmula pop para apurá-la e servi-la com requinte.
Sub-sítio oficial dos Magnetic Fields
The Magnetic Fields no MySpace
Amostras: California Girls | Please Stop Dancing | Too Drunk To Dream

Sons and Daughters - This Gift (2008)

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Quando estes escoceses lançaram, em finais do ano passado, o portentoso single "Gilt Complex", adivinhava-se uma abordagem mais dura no segundo álbum. Após um mini-álbum mais cru e de um álbum muito catita que oscilava entre o indie rock e a folk mais acelerada, a lembrar os Violent Femmes ou o Nick Cave com salpicos de pós-punk, contaram, no novo disco, com a produção de Bernard Butler, provavelmente com o intuito de focarem a sua sonoridade. E é realmente o que acontece. As musculadas canções rock dominam este disco, bem como a voz de Adele Bethel, sempre poderosa e sedutora, servindo os coros de Scott Patterson como um complemento, apesar de menos frequentes que em "The Repulsion Box". As guitarras são certeiras e polidas, a secção rítmica é pulsante e apelativa, as letras são catchy e os temas são enérgicos (muitos são singles em potencial), mas as mudanças de andamento e intensidade, frequentes no disco anterior, estão praticamente ausentes. Apesar de ser um bom disco, é de minha opinião que aquilo que se ganhou em demarcação e homogeneidade perdeu-se em identidade.
Sítio oficial dos Sons and Daughters
Sons and Daughters no MySpace
Videoclip de "Gilt Complex"
Videoclip de "Darling"
Videoclip de "This Gift"
Amostras: The Nest | Chains | Goodbye Service