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segunda-feira, março 28, 2005

Clandestino 02.04.2005

 pelO Puto 


O Puto ataca (mais uma vez) o Clandestino, em Aveiro, sob o disfarce Tree Eléctrico.
http://www.clandestino.pt.to/

Sucesso? Talvez.

 pelO Puto 


Sei que os tops de vendas não são o melhor barómetro do sucesso - basta ver os artistas que enchem recintos, muito à custa de cassetes e outras cópias -, mas também reflectem um pouco a devoção dos ouvintes. Fiz um levantamento dos tops de álbuns da associação fonográfica portuguesa em 2003, 2004 e 2005, e descobri algumas boas surpresas. Não sei se esses tops são fiáveis ou representativos, mas aqui vai o que apurei:
(artista - título - posição mais alta - nº de semanas de presença no top 30)
Adriana Calcanhotto - Adriana Partimpim - n. 1 - 37 semanas (este não é surpresa nenhuma)
Air - Talkie Walkie - n. 2 - 6 semanas
Bebel Gilberto - Bebel Gilberto - n. 12 - 4 semanas
Ben Harper & Blind Boys Of Alabama - There Will Be A Light - n. 7 - 5 semanas
Björk - Medúlla - n. 5 - 5 semanas
Blur - Think Tank - n. 28 - 1 semana (este merecia mais)
Carla Bruni - Quelq'un M'a Dit - n. 22 - 7 semanas
The Chemical Brothers - Push The Button - n. 15 - 3 semanas
Deftones - Deftones - n. 4 - 4 semanas
The Divine Comedy - Absent Friends - n. 14 - 2 semanas
Elis & Tom - Elis & Tom - n. 12 - 7 semanas
The Gift - AM-FM - n. 3 - 15 semanas (eu sei, está sempre a dar na rádio)
Goldfrapp - Black Cherry - n. 26 - 3 semanas
Jack Johnson - In Between Dreams - n. 15 - 2 semanas
Jane Birkin - Rendez-vous - n. 26 - 2 semanas
Kings Of Convenience - Riot On An Empty Street - n. 18 - 1 semana
Lamb - Between Darkness And Wonder - n. 13 - 3 semanas
Lambchop - Aw C'mon / No You C'mon - n. 20 - 2 semanas
Massive Attack - 100th Window - n. 5 - 7 semanas
Morrissey - You Are The Quarry - n. 10 - 3 semanas
Muse - Absolution - n. 7 - 6 semanas
Nick Cave & The Bad Seeds - Abattoir Blues/The Lyre Of Orpheus - n. 4 - 5 semanas
A Perfect Circle - The Thirteenth Step - n. 19 - 3 semanas
PJ Harvey - Uh Huh Her - n. 17 - 3 semanas
Placebo - Sleeping With Ghosts - n. 4 - 7 semanas
Pluto - Bom Dia - n. 6 - 4 semanas
Radiohead - Hail To The Thief - n. 2 - 6 semanas
Rodrigo Leão - Cinema - n. 1 - 33 semanas
Rufus Wainwright - Want Two - n. 30 - 1 semana
Scissor Sisters - Scissor Sisters - n. 19 - 2 semanas
The Strokes - Room On Fire - n. 12 - 2 semanas
Tindersticks - Waiting For The Moon - n. 11 - 6 semanas
Tom Waits - Real Gone - n. 8 - 3 semanas
Ursula Rucker - Silver Or Lead - n. 30 - 1 semana
Zero 7 - When It Falls - n. 10 - 4 semanas
http://www.artistas-espectaculos.com/noticias/afp/index.php

quinta-feira, março 24, 2005

Querem ovos? Então olhem bem nos meus olhos...

 pelO Puto 


Esta figura pouco tem a ver com a Páscoa, mas o coelho é um animal versátil.
Boa Páscoa e bom fim de semana prolongado.

segunda-feira, março 21, 2005

The Kills - No Wow (2005)

 pelO Puto 


The Kills ∩ The White Stripes = duo m/f + baixo para quê? + "The" no nome. Desfazem-se aqui os boatos que os The Kills seriam mais um sucedâneo dos sobrevalorizados The White Stripes. Têm mais a ver com os Royal Trux do que com estes últimos. Não são o garage rock ou o country os motores musicais da dupla, mas do blues que sugam toda a energia no segundo álbum, com um know how assinalável.
Um pouco longe do psicadelismo do primeiro registo, o duo anglo-americano apresenta-nos um disco mais maduro e mais trabalhado, mas no entanto mais suado e mais sedutor. As grandes malhas de guitarra de Jamie Hince a.k.a. Hotel, a percussão da caixa de ritmos e a voz firme de Alison Mosshart a.k.a. VV (mais um exemplo do "menos é mais") são os ingredientes para 11 temas que transpiram blues por todos os poros, apesar da abordagem não purista. As canções sugerem-nos paisagens norte-americanas e road trips (títulos como "Dead Road 7", "Rodeo Town" ou "Murdermile" não enganam), e por vezes convidam a bater o pé ("Love Is A Deserter" E "The Good Ones" são bons exemplos). São melodias arrastadas e viciantes! É certo que, por vezes, nos vem à memória PJ Harvey, mas não disseram o mesmo a PJ Harvey sobre Patti Smith?
Mais um bom exemplo dos recentes casais musicais, ao lado dos já citados The White Stripes, The Raveonettes ou Joy Zipper, que ajudam a tirar o pó e a envernizar a velha prateleira do rock.
http://www.thekills.tv/
http://www.dominorecordco.com/

terça-feira, março 15, 2005

Nicolette - Life Loves Us (2005)

 pelO Puto 


Confesso que já tinha saudades de Nicolette. Sempre me desconcertou aquela combinação bizarra da sua voz doce mas invulgar com a instrumentação electrónica, nervosa e densa. Assim o foi nos seus dois primeiros álbuns, nos quais Nicolette recorreu a diversos produtores - Shut Up & Dance, Plaid, Alec Empire, 4Hero, Felix - que moldaram o som um pouco à sua maneira - da electrónica experimental ao hardcore, passando pelo house. No entanto, a instrumentação, por vezes demasiado ousada (se é que se pode dizer isto), poderia causar desconforto em alguns temas, apesar de o seu timbre invulgar lhe ter valido alguns pedidos de colaboração em outros projectos - destaque para "Protection", dos Massive Attack, e "Not For Threes", dos Plaid.
No seu terceiro registo Nicolette toma total controlo da produção, e pode-se dizer que todo este tempo sem editar nenhum álbum de originais ("Let No One Live Rent Free In Your Head" já data de 1996, e entretanto apenas compilou um "DJ Kicks") serviu para apurar e aperfeiçoar um som que já lhe é característico. Já não há dualidade voz - programações, pois estas últimas têm o mérito de envolverem de forma simbiótica o registo vocal. Mas não se enganem, pois as melodias multi-tonais e os ritmos saltitantes (nunca sufocantes) pouco têm de ortodoxo, o que posiciona este registo mais próximo de um de Herbert ou de Björk do que de outro qualquer de trip-hop ou drum'n'bass moribundo (leia-se ultra-explorado).
A consagração de uma grande senhora da electrónica contemporânea, que conseguiu inovar e ao mesmo tempo oferecer um disco pop delicioso e de celebração.
Está à venda esta semana com o Blitz por apenas mais 8,90 euros.
http://www.earlyintime.com/

quinta-feira, março 10, 2005

Erosões

 pelO Puto 

Penso que a música popular, hoje em dia, é menos resistente à passagem do tempo. Não sei se a causa desta efemeridade é a abundância, a excessiva preocupação estética ou a âncora nostálgica. Quantos álbuns, nos últimos anos, nos entusiasmam tanto no início mas volvidos meses já não os podemos ouvir?
O mais provável é que não sejam sinais do tempo, mas sim sinais da minha idade. Será?

terça-feira, março 08, 2005

Antony And The Johnsons - I Am A Bird Now (2005)

 pelO Puto 


Se o novo disco de Antony e a sua banda pop de câmara, os The Johnsons, apenas contivesse o primeiro tema, "Hope There's Someone", teríamos o suficiente para fazer um grande disco. Tem tanto de arrepiante como de belo, e é uma abertura como há muito não ouvia. De tirar o fôlego.
A voz de Antony, epicentro de toda a música, uma espécie de Nina Simone ou Alison Moyet no masculino, faz-se rodear, neste segundo longa-duração, por uma sonoridade menos barroca que o seu registo de estreia homónimo, mas a carga emocional íntima preenche o que aparentemente se subtrai ao registo. O piano abraça tudo o que jorra das palavras honestas de Antony, quer seja das suas esperanças ("Hope There's Someone", "What Can I Do?"), do seu limbo de androginia ("My Lady Story", "For Today I Am A Boy" ou "You Are My Sister") ou da sua forma terna de encarar o masoquismo ("Fistful Of Love"). É um disco de Antony, com a presença de alguns convidados ilustres - Boy George, Rufus Wainwright, Devendra Banhart e Lou Reed -, mas cujas presenças não assombram nem dominam os temas. É um disco de Antony, e o talento alheio não consegue (nem tem intenção de) subjugar a magnificência das suas composições. Sangram, mas apenas para provar vida. Pranteam, mas a lágrima é lambida. Sorriem, pois nem só de gritos se faz uma libertação.
http://www.antonyandthejohnsons.com/

quarta-feira, março 02, 2005

Konono Nº1 – Congotronics (2005)

 pelO Puto 


Uma surpresa vinda dos arredores de Kinshasa, no Congo. Existe uma cena musical fervilhante nessa região de África, e a conceituada editora belga Crammed Discs está a ajudar a divulgá-la. Através de uma série de lançamentos, entitulados “The Congotronics Series”, pretende dar a conhecer vários projectos musicais que combinam as heranças ancestrais com experimentação e electrónica, no sentido mais lato desta última.
O primeiro volume é dedicado a um colectivo que já conta com mais de 25 anos de carreira. Os Konono Nº1 utilizam instrumentos e sistemas improvisados, construíndo microfones e percussões a partir de peças de automóveis e outras peças metálicas (tachos e frigideiras, por exemplo), amplificando e distorcendo os sons do instrumento tradicional denominado likembé (que não é mais que uma caixa de ressonância com algo que se assemelha a um conjunto de teclas), e recuperando megafones da época colonial.
A estrutura rítmico-repetitiva dos temas longos que compõem o CD derivam, segundo dizem, do Bazombo, uma espécie de trance music, ao qual conferem a distorção, a reverbação e o inevitável apelo à dança. Complementam tudo isto com cantos que nos remetem indubitavelmente para África, mas o conjunto sugere uma enorme jam session. Pode-se dizer que esta música tribal/industrial assemelha-se por vezes a algumas vertentes do rock experimental e da electrónica mais vanguardista, o que deixa adivinhar que muito boa gente deste meio irá retirar daqui algumas ideias. Vai uma aposta?
O 2º volume desta série, a ser lançado em breve, consistirá numa compilação de vários artistas deste movimento de redefinição da cultura popular.
http://www.crammed.be/

Mahala Raï Banda - Mahala Raï Banda (2004)

 pelO Puto 


De Bucareste chega-nos, via Crammed Discs, a “Banda Nobre do Guetto” (tradução literal), fundada por Aurel Ionita (violino e arranjos) e Stéphane Karo (director musical), ambos do colectivo Taraf de Haïdouks. Neste disco são mais ousados, esbatendo um pouco a abordagem tradicional do grupo que integram e fazendo-se acompanhar por novos executantes, com idades entre os 20 e os 25 anos, mais permeáveis a novas sonoridades, e também por veteranos de bandas militares de metais (não confundir com metal). Desta experiência resulta a combinação dos delírios instrumentais da música cigana dos Balcãs, tão popularizada no Ocidente graças aos filmes de Emir Kusturika, com uma secção rítmica muito funk. Violinos, acordeões e intrumentos de sopro travam duelos e entrecruzam-se num ambiente denso mas contagiante.
O resultado é positivo, por vezes muito bem conseguido (ouvir as excelentes “Mahalageasca”, “L'Homme Qui Boit”, "Gaida" e "Tabulhaneaua"), mas apresenta alguns temas em que algo não resulta bem. Mas ainda tenho esperança que refinem e evoluam.
http://www.crammed.be/