Depeche Mode - Playing The Angel (2005)
pelO Puto
Não tenho dúvidas que estes senhores são uns mestres. Após se instalarem numa curva descendente a partir de "Violator", toda a gente julgava que alguns discípulos (e são muitos) iriam tomar o seu lugar. Mas este disco parece que surgiu para mostrar quem é que manda aqui.
Nunca foram uma banda forte em álbuns (tal como, por exemplo, com os New Order), mas compuseram algumas canções que representam o que de melhor se fez na pop de travo melancólico nos últimos 25 anos. Talvez por isso se perdoem algumas vacilações ao longo dos álbuns, e é com essa predisposição que a audição do novo disco se fez. Mas sou surpreendido, pois o gradiente atinge valores baixos.
A primeira metade do disco é excelente, com um início sujo ("A Pain That I'm Used To"), autoinspirado na fase da década de 90. A energia não pára nas duas faixas seguintes, e surpreende a composição de David Gahan, que co-escreveu "Suffer Well" (sem a mão de Martin Gore), sendo um potencial single tipicamente Depeche Mode. É nítida a utilização progressivamente maior da electrónica ao longo do alinhamento, demonstrando um know-how inabalável do som que instituiram. A harmonia reina e todos os elementos musicais entrosam na perfeição, demonstrando como anos de experiência, neste caso, servem para criar melhor ao invés de se vampirizarem.
A segunda metade, mais intimista, talvez não seja tão cativante, pois a intensidade esmorece. Parecendo mais um meio-disco de Martin Gore a solo, apesar da composição de Gahan em "I Want It All" e "Nothing's Impossible", não foge completamente à percepção geral, uma vez que existe um sentido de melodia e ordenamento que está presente em todo o registo. Inclui apenas uma ilha de leve apelo pop ("Lilian") e termina com um épico hipnótico.
Apesar dos 25 anos de carreira, rejuvenesceram com maturidade. E é inevitável dizer-se que estão aí para as curvas.
http://www.depechemode.com/
Amostras: A Pain That I'm Used To | Suffer Well | Lilian
9 Comments:
Acho que é um bom álbum, mas não muito melhor do que o mediano "Exciter". Quanto a mim, o último grande disco da banda continua a ser "Ultra", embora "Playing the Angel" tenha 2 ou 3 momentos de alto nível ("Lillian", "John the Revelator", "Nothing's Impossible"). Pena o excesso de cançõezinhas midtempo como "Suffer Well" ou "Precious"...
Aproveito para te dizer que os Depeche Mode ao vivo estão melhores do que nunca. Um bom amigo meu viu-os há cerca de 1 mês no Texas e adorou.
Bjs,
M.M.
É pena a 2ª parte do álbum não corresponder à intensidade da 1ª...mesmo assim é uma excelente recuperação, face aos álbuns anteriores.
Olha que nem acho o álbum tão heterogénio como isso! De resto, concordo com quase tudo que escreveste! A minha crítica está no link http://brightnights.blogspot.com/2005/10/um-regresso-esperado.html
É um regresso em grande, depois dum "Exciter" muito fracote. Os Depeche Mode mostraram que ainda estão aí para durar. Tenho pena de não ir ao concerto...fica para a próxima...
Para mim, a maior supresa deste álbum são as composições do David Gahan; é pena ele já não ter começado a escrever há mais tempo. Ah, e "John The Revelator" é uma óptima supresa também.
Continuo a ter uma certa alergia à interpretação vocal do Gore, mas é problema meu :).
Amigo gonn1000, "Suffer Well", uma cançãozinha "midtempo"!??!?! Oh diacho, agora fiquei confuso...O "Precious" ainda vá, agora o "Suffer Well" midtempo???!!! E querem ver que o "Precious" não é uma excelente canção só porque tem uma melodia pop muito mais vincada que as outras??? Desculpem, mas há coisas que me fazem confusão...
apesar de reconhecer que os Depeche Mode têm vindo a melhorar ao longo dos anos, infelizmente a sua sonoridade ainda não me cativou o suficiente! Pode ser que seja da próxima vez! Mas concordo que este seja um dos melhores albuns lançados até agora...
Um dos melhores álbuns lançados até agora depois de uma dolorosa (principalmente para nós que tínhamos de assistir ao desfile de quasi-banalidades) travessia no deserto...enfim, é difícil atingir a fasquia de um Violator...
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