Os Duendes e a Fada
pelO Puto
Reconheça-se que este quarteto de Boston é um dos pontos mais importantes do mapa do rock alternativo, pois imensas bandas por nós conhecidas aí se inspiraram e ainda inspiram. Nirvana, Radiohead, Placebo ou dEUS, só para citar algumas, não existiriam ou, a existirem, não teriam tomado o rumo que tomaram. Eles elaboraram uma cartilha cujas regras ainda hoje são seguidas, e a partir deles o rock nunca mais foi o mesmo.
Formaram-se em 1986 e logo o seu som invulgar começou a chamar a atenção de muita gente, incluindo Ivo Watts-Russel, o senhor 4AD, que os contratou e editou o disco de estreia no ano seguinte, que não era mais que a demo com 8 canções que lhe foi apresentada. "Come On Pilgrim" era um disco curto mas algo mais que embrionário, pois já lá estavam as bases daquilo que instituiram: um caldeirão de surf-rock, escola da distorção, pop aos molhos, punk, algo estranho na altura mas que nos infectou para sempre. Apesar das diferenças com as bandas da 4AD até aí, o espírito dos Pixies inscrevia-se bem no seio da editora, pois o sonho e o assombro eram frequentes nas suas composições.
Em 1988 lançaram "Surfer Rosa", o primeiro longa-duração, devidamente produzido e com o som polido. Polido mas não limpo, pois foram uma banda que nunca se domesticou. A voz e a composição espiral e algo obcecada de Black Francis, os riffs envolventes e os solos cacofónicos de Joey Santiago, os coros e o apelo do baixo de Kim Deal, a pujança e o equilíbrio de David Lovering são algumas das razões que levam a amar este disco.
"Doolittle", de 1989, é por muitos considerado o álbum seminal. A faceta pop é mais explorada, o que tornou cada tema um potencial hino representativo. Inclui algumas das melhores canções pop-rock de todos os tempos, e talvez por isso seja o trabalho mais conhecido e mais bem sucedido. Quem não conhece "Debaser", "Hey" ou o super-rodado "Here Comes Your Man"?
Em 1990 editam aquele que é o disco mais mal-amado, "Bossanova". Talvez porque o surf-rock é mais explorado ou porque a melodia prima sobre a bizarria. Apesar disso tudo, alberga algumas das músicas mais bonitas e melancólicas dos Pixies, e só isso é razão mais que suficiente para nos emocionarmos com este disco.
Com o ritmo de um álbum por ano, é em 1991 que se despedem com "Trompe Le Monde", disco que não entra em ruptura mas que prepara a carreira a solo de Black Francis. É nítida a maior compartimentação das doutrinas sónicas cuja síntese nos deram a conhecer. É um bom disco mas, a meu ver, está longe de ser a melhor despedida que nos poderiam proporcionar. Enfim, não se pode exigir excelência a cada obra.
Tiveram uma carreira curta mas inversamente proporcional à sua área de influência. Da sua ressureição resultou uma digressão que já passou por Portugal no ano passado, e mais uma aparição daqui a uns dias em Paredes de Coura. Espera-se energia non-stop, suor, algumas lágrimas e uma lição que não revelo qual é.
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Amostras: Bone Machine | Wave of Mutilation | Ana
11 Comments:
Bom concerto, então... Certamente não faltarão grandes canções.
Bom texto, como é costume.
Concordo com o texto, sem Pixies o "Rock Alternativo" de fins de 80, princípios de 90 não seria o mesmo.
Marcaram uma geração.
Para mim alguém gostar de Pixies é garantia de bom-gosto.
Outra grande banda que vai passar pelo Paredes, tenho esperança que a SIC Radical transmita o concerto! Deles tenho o «Doolittle», o «Bossanova» (o qual gosto muito) e um best of, o «Waves of Mutilation», e são grandes álbuns a recomendar a qualquer amante de boa música.
Ah, as festas de garagem...Amanhã vemo-nos lá!
O vizinho do missPOPmaria mostrou-me o caminho até este cantinho. e ainda bem! Não poderia chegar em melhor altura... um post sobre PIXIES? Conheci-os em 1996, tinha 13 anos. Desde aí, pixies são o MEU grupo. E hoje lá estarei. Mesmo tendo de trabalhar de manhã (o que significa que poderei dormir umas 3 horitas).
Será que a moral era: eles estão velhos? Eles não interagem minimamente com o público? Eles tocam as músicas como se fossem rapidinhas? Eles só querem é ganhar mais uns trocos? Eles são completamente desafinados ao vivo? se não era nenhuma desta a moral a que te referias bem poderiam ser. foram algumas das muitas que tirei. E tu, o que achaste do concerto?
Gostar de Pixies é estar ao lado de uma referência incontornável. De ontem, de hoje...e de amanhã.
http://apartes.blogspot.com
Por falar em duendes, para quando as crónicas de PCoura? Hein? LOL.
Hugzzz
Puto estou ansiosa para que te vingues e me deixes neurotica com as cronicas de Paredes de Coura!!
Lembro-me que a primeira vez que ouvi Pixies, não fazia PUTO de ideia quem eram. Era uma k7 gravada, com o surfer rosa. Era dia de ressaca, 1989, e adormeci ao som de bone machine. devo ter ouvido o resto do álbum, mas algo me diz que foi premonitório: "dorme em paz, meu filho, que o rock está vivo e de boa saúde. ainda agora começou..."
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