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segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Ano comum

 pelO Puto 

Nasci num ano bissexto, por volta das 2 da manhã do dia 29 de Fevereiro. No Registo Civil não permitiram que esse dia constasse dos meus dados pessoais, pelo que no meu BI está impresso o dia 28 de Fevereiro.
Curiosidade: através do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Academia de Ciências de Lisboa - edição Verbo), descobri que, no Brasil, o termo bissexto designa um "escritor cuja produção literária é escassa".

sábado, fevereiro 26, 2005

X-Wife e Wraygunn - Station to Station

 pelO Puto 


Integrado na semana cultural (mal) promovida pela AAUTAD, o concerto que estas duas bandas ofereceram aos (poucos) presentes foi, no mínimo, caricato. A fraca adesão ao concerto, provavelmente devido à escassa publicidade do evento, não intimidou nem impediu uma boa prestação das bandas. Mas ficou provado que o Grande Auditório do Teatro de Vila Real não é nem de longe nem de perto o espaço ideal para a realização de concertos rock, apesar da sua qualidade técnica e das suas cadeiras confortáveis.
Os X-Wife preencheram a actuação com o seu álbum de estreia, alguns temas novos e dois dedos de conversa com o público. Apesar de João Vieira não estar na sua melhor forma vocal, a banda portuense ofereceu-nos um concerto competente, com alguns pontos altos convidando a levantar da cadeira e a dançar (convite que não recusei). As novas músicas prosseguem a linha electro-rock que os celebrizou, mas a composição está um pouco mais refinada.
A verdadeira surpresa da noite foram os Wraygunn. Paulo Furtado e companhia brilharam, apesar do pouco entusiasmo do público. O líder foi um verdadeiro anfitreão e é maestro absoluto da banda. O blues e o rock são a base de toda a sonoridade, ao qual acrescentam groove, suor e alma. São excelentes executantes, a música deles é super-apelativa e Raquel Ralha possui uma das melhores vozes do panorama pop-rock português. Ellas, o projecto que partilha com Sofia Lisboa (Silence 4), estará por cá no próximo mês, no mesmo espaço. Convenceram-me, e atrevo-me a dizer que são actualmente uma das melhores bandas portuguesas.
http://www.wraygunn.com/
http://www.x-wiferocks.com/

domingo, fevereiro 20, 2005

LCD Soundsystem - LCD Soundsystem (2005)

 pelO Puto 


Ao lançar um punhado de singles badalados durante os últimos 3 anos ("Losing My Edge", "Give It Up" e "Yeah"), já seria de prever que James Murphy e o seu projecto viessem a dar que falar, uma vez que ele e Tim Goldsworthy estiveram no centro da explosão da nova vaga de punk-funk graças à etiqueta DFA Records. Mas, uma vez que já nos encontramos razoavelmente expostos a este fenómeno (e isso não é necessariamente mau), poder-se-ia pensar que este disco seria mais do mesmo. Mas a verdade é que este objecto encerra algumas agradáveis e refrescantes surpresas.
A primeira que constatei foi a versatilidade da voz de James Murphy. O tom anasalado e quase falado dos temas que conhecia é apenas uma das facetas do seu registo vocal. O homem canta, declama e grita e até nos convence que dispõe de vários vocalistas ao seu dispor, ao contrário do que acontece, por exemplo, com o monocórdico e estridente vocalista dos The Rapture.
Outro aspecto que me chamou a atenção foi o à-vontade com que se aproxima a outros campos musicais. Apesar de a bateria e o baixo serem donos e senhores do disco (como acontece nos irresistíveis "Daft Punk Is Playing In My House", "On Repeat" e "Disco Infiltrator"), são bastante felizes as suas incursões na melodia ("Tribulations"), na balada melancólica ("Never As Tired As When I'm Waking Up"), no dub-funk ("Thrills") ou na ambient-pop ("Great Release"). Não é que aquilo que já se conhecia dos LCD Soundsystem não primasse por um esforço, uma qualidade e certa diversidade, mas receava que a proeza não passasse de uns bons singles. Afinal enganei-me, e ainda bem.
O lançamento ainda inclui os singles pioneiros compilados num CD bónus, tão indispensáveis quanto o álbum.
http://www.lcdsoundsystem.com
http://www.dfarecords.com/

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Sharkboy - Matinee + Singles (1994)

 pelO Puto 


Corria o ano de 1994, e a recém-criada Nude Records obtinha os louros e os lucros pelo primeiro longa duração, o disco homónimo de estreia dos Suede. Isto chamou alguma atenção aos artistas da editora, que ao longo dos anos tiveram algum sucesso no Reino Unido - caso dos Geneva ou dos Black Box Recorder, projecto de Luke Haynes. Mas as luzes da ribalta nunca iluminaram o palco dos Sharkboy, o colectivo responsável pelo segundo álbum da Nude. Mas isso seria de esperar, uma vez que o fenómeno britpop dominava as atenções.
A banda nasceu em Brighton, cidade que só foi colocada no mapa musical devido ao estrondoso êxito de Fatboy Slim. Brighton é uma estância balnear muito frequentada pelos londrinos. Para além da Big Boutique, discoteca do Sr. Norman Cook, possui toda a beleza própria de uma pequena cidade banhada pelo mar e pelo sol, o que oferece condições muito propícias à contemplação. E é precisamente aí que se embebe a música dos Sharkboy.
Avy, a líder e compositora da banda, possui uma voz quente, sensual e jazzy, próxima de Jennifer Charles, dos yet-to-come Elysian Fields, e um estilo emprestado à saudosa Nico. O jazz e o blues são a base para tudo, apesar das diversas derivações, como temas em crescendo ("Sacramento Child", "Forest Fire"), fugas pop ("Razor") ou intromissões na folk ("Sugar"), afastando-se dos cânones da música britânica da altura. A diversidade instrumental, muito por culpa de Adrian Oxaal (mais tarde militaria nos James), expande o espectro musical, permitindo que trompetes, pianos e violoncelos frequentemente dominem o som, subjugando as todo-poderosas guitarras. Todo este conjunto, aliado à forma apaixonada que Avy aplica às suas descrições e declarações, permite-nos visualizar as imagens sugestionadas por cada faixa, quer seja o mar inspirador, um incêndio florestal ou os riscos de um grande amor. Eles contemplam para que o ouvinte os contemple.
Desta colecção de pequenas histórias não poderiam ficar de fora as que fazem parte dos singles "Crystaline" e "Razor", tão válidas e enquadradas que não percebo porque ficaram excluídas do álbum.
Só tenho pena que no seu segundo e último esforço ("The Valentine Tapes", 1995) não tenham conseguido elevar ou sequer manter o encanto de "Matinee".
Recostem-se no sofá e deixem que os Sharkboy toquem para vós.
http://www.nuderecords.com/

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Lhasa - The Living Road (2004)

 pelO Puto 


Conheci esta americana multifacetada anos depois da edição de "La Llorona", e o primeiro contacto foi surpreendente. O timbre grave que transpira emoção e maturidade, a entoação que deve algo ao jazz e ao folclore mexicano, tudo encantou o ouvinte desprevenido. Daquele caldeirão cultural, fruto de influências da sua vida nómada e simbiótica, ressalta um calor, um aroma, uma simplicidade que arrepia e comove.
Após essa estreia arrebatadora, seria difícil fazer melhor. Mas editou o ano passado um disco que, atrevo-me a dizê-lo, supera o registo de estreia. Ecléctico, apaixonado e apaixonante são alguns dos adjectivos possíveis. A panóplia musical é mais rica, Lhasa de Sela canta em 3 idiomas (o francês é quase tão sedutor como o castelhano, exclusivo em "La Llorona") e o registo é mais contido que o primeiro, o que nos torna o coração mais permeável . Não há lá canções quase festivas como "Los Peces" ou "La Celestina", mas o desfile de jazz, folk, música mexicana ou até da chanson française dispensa a celebração corporal, uma vez que o espírito está elevado.
http://www.lhasadesela.ca/

Chain with no name

 pelO Puto 

Fui apanhado numa corrente que percorreu vários blogues até chegar a este. Não sou apologista destas coisas, mas como me desafiaram, aqui vão as perguntas e respostas, sendo que estas últimas não poderiam sair da temática do blogue.

1. HAVE YOU EVER USED TOYS OR OTHER THINGS DURING SEX?
I'm the "Man With All The Toys" (The Beach Boys)
2. WOULD YOU CONSIDER USING DILDOS OR OTHER SEXUAL TOYS IN THE FUTURE?
"All You Need Is Love" (The Beatles)
3. WHAT IS YOUR KINKIEST FANTASY YOU HAVE YET TO REALIZE?
"Secret Place" (Brian Eno)
4. WHO GAVE YOU THIS DILDO?
O gonn1000. Obrigadinho!

Agora tenho que desafiar quatro desgraçados a responder a este questionário, aos quais peço desde já desculpa pelo abuso. And the nominees are:
Harry_Madox
MicasMariana
Sandra
Astronauta

sábado, fevereiro 05, 2005

The Chemical Brothers - Push The Button (2005)

 pelO Puto 


Após um álbum algo decepcionante ("Come With Us", de 2002), já tinha começado a pensar que os Irmãos Químicos estariam na curva descendente da qualidade e aceitação. O duo responsável pela ponte poderosa entre os fãs de rock e os convictos da dance music (eu sei, isto é um cliché), e que produziu clássicos modernos como "Leave Home", "Block Rockin' Beats" ou "Hey Boy Hey Girl", parecia ter a chama criativa a apagar-se, a demonstrar algum desleixo e a sucumbir à tendência moribunda do big beat, de cuja génese participaram.
Felizmente editaram posteriormente dois singles redimíveis, "The Golden Path" e "Get Yourself High" (excelentes colaborações), incluídos numa compilação, que encheram de esperança quem os julgava a meio caminho da gaveta musical.
E eis que o novo álbum aparece, pronto a ser julgado. Tem um bom início, com um single pouco característico. Q-Tip (dos extintos A Tribe Called Quest) acompanha a batida em meio-gás e as cordas orientais de "Galvanize", com um resultado eficaz, à semelhança da experiência anterior com K-Hole em "Get Yourself High". Possui momentos mais downtempo, melódicos ou ambientais, como é o caso de "Hold Tight London" (com Anna Lynne na voz, como que a substituir Beth Orton), "Close Your Eyes" (aproximação ao r'n'b com os The Magic Numbers) ou o tema que encerra o álbum, "Surface To Air", com algo a lembrar o ambient techno (embora evolua para algo mais forte). E também inclui no seu alinhamento o tema mais politizado dos Chem Bros, graças à participação do rapper Anwar Superstar, com o seu discurso anti-militarista, sobre batidas hip-hop (vem-nos à memória aquele tema dos Leftfield com o Roots Manuva).
Mas o som que tanto os caracteriza, na sua vertente mais rica (paragens, arranques e temas non-stop incluídos), também se encontra por aqui. "The Boxer", com Tim Burgess, a acompanhar o registo pop próximo dos seus Charlatans. O vocalista da nova coqueluche britânica, os Bloc Party, a penar sobre o poderosíssimo "Believe". Os instrumentais, tais como "Come Inside", "The Big Jump" e "Shake Break Bounce" a contagiar ao cérebro dançante. E a descobrir que as guitarras são instrumentos bastante versáteis, colando-se ao seu som inconfundível com resultados algo surpreendentes.
Este trabalho está um pouco abaixo da fasquia dos dois primeiros álbuns, os mais emblemáticos, mas denota alguma evolução, mexe com o corpo e com a mente, e permite ainda que os fãs anseiem por mais trabalhos futuros.

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Ordem na casa

 pelO Puto 

Resolvi arrumar a mobília e colocar todos os posts relevantes em várias secções da barra lateral direita. Para se encontrarem de forma mais rápida, coloquei-os por ordem alfabética.