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Death From Above 1979 – Infelizmente não os vi, mas ouvi parte do concerto no auto-rádio, e é impressionante a pujança de apenas 2 instrumentos, sendo que nenhum deles é uma guitarra.
!!! – Com muita pena minha, apenas ouvi o último tema, mas eles pareciam ter incendiado o palco e toda a gente se mexia. As impressões dos amigos que viam passam por “Fabuloso!” e “O melhor concerto dos últimos 5 anos”, passando por “Não curti muito o disco, mas ao vivo são bem melhores”.
Kaiser Chiefs – Estes novatos deram um bom espectáculo, mesmo com o vocalista coxo durante grande parte do concerto. Não têm o traqueio das bandas mais maduras, mas puseram o povo a saltar, principalmente ao som dos êxitos “Everyday I Love You Less And Less” e “I Predict A Riot”. Mas ainda têm muito que provar, pois a vida não são só rebuçados e gritos.
The Bravery – Estes nova-iorquinos (como eles o mencionaram umas 30 vezes) vieram munidos de uma falsa honestidade que lhes caiu muito mal. Não conseguiram grande entusiasmo do público, tirando meia dúzia de espanhóis que entraram em histeria ao som dos
singles “Honest Mistake” e “Unconditional”. Desnecessários tantos agradecimentos e a história da ex-namorada. E continuo sem perceber porque foram considerados uma
next big thing.
Foo Fighters – Foram os senhores da noite, até porque a grande maioria estava ali para os ver e ouvir. Dave Grohl é um mestre no palco e soube comunicar com humor e modéstia. Palmas para a decoração que enchia o palco com falsos amplificadores. Grande parte do alinhamento percorreu os êxitos da banda, alguns temas do novo álbum e uma ou outra interpretação alternativa, o que levou o público ao rubro. Um senão: o volume estava altíssimo e a equalização não ajudava, pois tornava as partes mais densas numa sopa sonora quase indecifrável.
The Futureheads – Não me suscitaram curiosidade nenhuma. Apenas ouvi estes “Retroheads” ao longe, enquanto bebia umas cervejolas com os amigos.
Hot Hot Heat – O carisma do vocalista conquistou algum público, mas a aura diurna não ajudou muito. Ainda assim a indumentária do rapaz dos caracóis loiros ficou na memória, bem como o seu teclado ao centro, coisa rara numa banda
pop/rock. Alguns momentos interessantes, principalmente nos êxitos do álbum anterior e o
hit single “Goodnight Goodnight”.
Arcade Fire – Para poder assistir à prestação dos autores do encantador “Funeral” fiz marcação próxima do palco. Antes do concerto lá andavam elementos da banda no meio dos senhores das
t-shirts pretas, o que originou uma reacção entusiástica do público que faz parte do culto crescente por estes canadianos. Coisa rara hoje em dia, os músicos seram os próprios
roadies (apenas me lembro dos Young Gods), o que lhes valeu o rótulo de modestos (ou poupaditos, sob outro ponto de vista). Iniciaram o concerto com “Wake Up”, que me arrebatou logo, e o som preenchia-me com aquele coro numeroso. Levaram-nos ao êxtase com as pérolas de “Funeral”, do EP de estreia e ainda do tema que compuseram para a série “7 Palmos de Terra”. Os seus elementos foram do mais entusiástico, com constantes rotações de instrumentos, que iam dos clássicos aos mais inusitados (tais como uns capacetes), e tivemos direito a uma luta fantástica e percussiva entre dois dos seus elementos. Transpiraram autênticidade e energia, bem estampadas no rosto e na entrega às composições, e é inevitável pensar no contraste entre a natureza do trabalho de estúdio e a comunhão democrática e aparentemente caótica da transposição para o palco. Os irmãos Butler ainda aprontaram algumas, com os devaneios e acrobacias de William e , no final, o
stage diving (guitarra incluída) de Win. Surpreendente!
The Roots – Ouvi alguns temas, mas estes norte-americanos nunca me atrairam por aí e além. Aproveitei para comer e conviver um pouco. Ainda estava no
stress pós-traumático do concerto dos Arcade Fire.
Queens Of The Stone Age – Josh Homme apareceu coxeando (mais um!), e isso prejudicou a dinâmica do quinteto. Isso e a ausência de Nick Oliveri. O som não os ajudou, pois estava nas mesmas condições do concerto da noite anterior. Ainda assim aqueceram as emoções dos fãs ao som de temas do último álbum, do seminal “Songs For The Deaf”, e do anterior “R”. Deram um concerto competente mas decepcionante, pois pareciam estar a cumprir uma obrigação. Ainda assim, a multidão preenchou por completo o anfiteatro natural da praia fluvial do Tabuão.
Pixies – Aqueles que seriam os senhores da noite entraram em cena mais ou menos à hora prevista. Não ia com expectativas elevadas, mas a vontade de os ver era grande, pois tinha perdido os concertos de 1992 e o do ano passado no SBSR, sempre por razões de força maior. Apesar da idade, do ar algo paternalista, da quase imobilidade em palco e da falta de comunicação, puseram os fãs, acérrimos ou não, a deleitarem-se com a nostalgia de grande temas, cantando e saltando até a garganta ficar cheia de pó. Fiquei satisfeito, apesar da brevidade do concerto.
The National - Banda interessante, algures entre os Tindersticks e os Interpol, com melancolia nas guitarras, emoção na voz e um pôr de sol que se anuncia invulgar.
Woven Hand - Projecto paralelo do
frontman dos extintos 16 Horsepower, foram os exorcismos musicais e os rituais enigmáticos de David Eugene Edwards que o dia se fez noite. Transferidos para o palco principal para substituir os Killing Joke, não pareciam importar-se com isso, até porque David parecia ausente do seu corpo.
Juliette & The Licks - Valeu pela Julieta, acabadinha de sair da aeróbica, tendo tido apenas tempo para calçar uns sapatitos de salto alto. Ó miúda, devias-te ficar apenas pelos filmes, pois perdes-te no meio de tanto
rock fm.
Vincent Gallo - Acompanhado de outro guitarrista e de Teresa, uma serena baterista/guitarrista grávida (!), ofereceu-nos lagos plácidos, naturezas frágeis e susurros deleitantes. Falou das suas vindas a Portugal, da sua aventura com a cineasta Teresa Villaverde, elogiando de forma autêntica e conhecedora este canto à beira mar plantado. Construiu os momentos mais bonitos da noite, apesar do desenquadramento horário óbvio no evento.
Nick Cave And The Bad Seeds - Não desiludiu quem o viu, também não surpreendeu, mas comprovou que, em palco, é rei e senhor. Fez-se acompanhar de um coro
gospel, que é uma mais-valia muito eficaz, os Bad Seeds estiveram irrepreensíveis, mas notou-se bem a falta de Blixa Bargeld. Tocaram temas do último e excelente álbum duplo, recuperam um lado b e revisitaram clássicos mais ou menos antigos que colocaram os fãs entre o céu e o inferno.
No geral, o festival desiludiu-me um pouco, até porque tinha grandes expectativas. Para além do já descrito, gostaria de salientar, pela negativa, a sobrelotação evidente do espaço e a selecção musical e visual entre concertos (o DVD era sempre o mesmo, e num festival alternativo esperava-se ouvir tudo menos os Snap ou os Kussundolola). Espere-se pelos próximos.
http://www.paredesdecoura.com/Arcade Fire - Wake Up | Neighborhood #2 (Laika) | Rebellion (Lies)
!!! - Álbum “Louden Up Now” | Single “Hello? Is This Thing On?” | Novo single “Take Ecstasy With Me/Get Up”