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Há um ano atrás, coloquei neste espaço o meu primeiro post a sério. Um ano depois a inércia continua.
Quero agradecer a todos os amigos e visitantes deste canto, em especial aos meus amigos Harry_Madox (foi ele que me inspirou a vontade de iniciar um blog) e Tipo (pela colaboração preciosa e sugestões criativas), bem como aos comentadores habituais (eles sabem quem são). Espero que daqui a uma ano a dinâmica se mantenha.
Abraços a todos!

Adenda: No dia 29 haverá lugar para críticas, comentários e insultos in loco no Radio Bar, junto à Alfândega do Porto. E para festejar também. Eu serei o indivíduo a (tentar) dominar a mesa de mistura.

Brazilian Girls - Brazilian Girls (2005)

O nome engana, pois apenas um dos elementos é feminino e nenhum é brasileiro, mas os ritmos e melodias da terra de Vera Cruz são certamente uma das múltiplas influências deste quarteto. Compõem e/ou utilizam música orgânica, onde o osso é o dub, os músculos são o jazz, os fluidos podem ser bossa nova, drum'n'bass ou reggae, mas a aparência exterior é deliciosamente pop. A voz sensual de Sabina Sciubba emite linhas poliglotas (o inglês é dominante, mas há aqui temas cantados em francês, alemão e espanhol) que se deitam lânguidamente na cama sonora, composta por ritmos profusos, metais oportunos, pianos atmosféricos, cordas românticas, guitarras ritmadas e baixos penetrantes. Não é uma nova fórmula, mas um bom resultado para uma já existente.
http://www.braziliangirls.info/
Amostras: Don't Stop | Lazy Lover | Pussy

A fanfarra mais rápida do mundo

Carisma, diversão e entrega na Casa das Artes de Famalicão. Os romenos Fanfare Ciocarlia, munidos dos seus metais, foram conquistando os espectadores com a sua música, ora mais rápida (muito rápida por vezes) e celebrativa, ora mais lenta e introspectiva. Observámos duelos entre clarinetes e trompetes, gemidos de saxofone, vozes com alma e humor que encantaram durante mais de 2 horas. Vieram apresentar o último álbum, "Gili Garabdi", e revisitaram outros temas, dos quais os mais reconhecíveis eram os incluídos na banda sonora de "Underground". O concerto gradualmente transformou-se em festa, com os elementos a dançar em palco e a plateia a deixar-se contagiar. Abandonaram o palco (não a correr, como no filme) apenas para continuar a actuação no hall, com o público que os seguiu em delírio. No final, muitos rostos sorridentes e corações um pouco mais ciganos.
http://www.fanfare-ciocarlia.com/
Amostras: Sirba Moldoveneasca | Golden Days | Hora Evreiasca

The Decemberists - Picaresque (2005)

Depois de vencerem as maldições de "Castaways and Cutouts" e terem cantado para "Her Majesty", o conjunto de saltimbancos e artistas itinerantes chamados Decemberists assentam arrais em Picaresque, para aí montarem o seu espectáculo. Poemas inspirados por amores e desventuras, temperados por perdas e esperanças encantam os presentes. Evocações shakesperianas satisfazem as mentes apaixonadamente analíticas. Melodias folk e excessos teatrais penetram até nos corações mais duros, rendendo os espectadores ao talento e magia destes trovadores modernos. A narrativa prende-nos até à última palavra, quer seja pela truculência ou pela delicadeza. Ao fim de menos uma hora, o espectáculo termina, eles partem, e a povoação conforta-se com aqueles momentos de felicidade induzida, com aquelas doces memórias que poderiam ter pertencido à nossa vivência.
http://www.decemberists.com/
Amostras: We Both Go Down Together | The Sporting Life | Sixteen Military Wives

Vídeos de Férias II

O Puto regressa do país de Verdi, Rossini e Vivaldi para apresentar o excelente novo vídeo dos Doves. Está mesmo a condizer. E aí têm umas fotos nocturnas e crepusculares tiradas com a nova máquina digital.
Só mais um aviso: o Puto, sob o nome Tree Eléctrico, irá encher os ouvidos dos presentes no Radio Bar (junto à Alfândega do Porto) no próximo dia 30.
Abraços a todos!

KanyeWest – Late Registration (2005)

Quando muitos esperavam um espalhanço monumental na prova de fogo do 2º álbum, Kanye West consegue passar com distinção, calando quem o acusava de arrogância (inegável que Kanye tem um ego enorme). “Late Registration” utiliza novamente como base loops de R&B, funk, metais dos anos 70, hip-hop, numa produção mais uma vez brilhante, com o flow peculiar das rimas de Kanye West, mas agora com orquestrações grandiosas, que acrescentam uma nova dimensão aos beats de Kanye, fruto da co-produção de Jon Brion (Fiona Apple, Aimee Mann, Rufus Wainwright, etc.). Mais uma vez os skits eram dispensáveis...Destaco “Touch The Sky” (com a participação de Lupe Fiasco, sobre um loop de “Move On Up” de Curtis Mayfield), “We Major” (com a participação de Nas & Really Doe) e “Gone” (com a participação de Consequence & Cam'Ron, sobre um loop de “It’s Too Late” de Otis Redding). “Top of the world, baby! Top top of the world! Top of the world, baby! On Top of the world!!!!!!!!!!!”
www.kanyewest.com
Amostras: Touch The Sky | We Major | Gone

Olhó Videoclip Fresquinho!

A secção "Teleputo e Vídeotipo" foi actualizada com mais 2 grandes videoclips:

- RDJ2: 1976
- Sigur Rós: Glósóli

Dwight Trible & The Life Force Trio – Love is the Answer (2005)

“Love is the Answer” é o fruto da colaboração e devoção de Carlos Niño, do duo Ammoncontact (que lançou este ano o recomendável “New Birth”), com/por Dwight Trible, um veterano do jazz de L.A., conhecido num círculo restrito de admiradores mas com uma já longa carreira com diversas colaborações (Bobby Hutcherson, Harry Belafonte, etc.), tendo o seu grupo, The Dwight Trible Ensemble, sendo vocalista do Pharoah Sanders Quartet e director vocal do Horace Tapscott Pan Afrikan Peoples Arkestra. Com o suporte do multi-instrumentista de jazz Dexter Story, Carlos Niño convidou os mais importantes beat masters de hip-hop alternativo de L.A. e Detroit, tal como Madlib, Daedelus, Sa-Ra Creative Partners (de quem se espera ainda este ano o álbum de estreia, depois do hype criado com as inúmeras produções e remisturas efectuadas), Jay-Dee, GB, membros dos Platinum Pied Pipers e Scott Herren (Prefuse 73). A matriz é o jazz e a voz de Dwight Trible, sobre a qual cada produtor imprimiu a sua marca pessoal, criando uma profusão de ambientes luminosos e por vezes místicos, recheados de synth funk, soul e hip-hop. Apesar da diversidade de abordagens, é um disco de invenção/reinvenção de linguagens musicais intimamente ligadas. Destaco “Equipoise” (produzida por Sa-Ra Creative Partners), “Waves of Infinite Harmony” (produzida por Madlib) e “Constellations”(produzida por Carlos Niño, com a participação de Scott Herren ao piano). “A love supreme, a love supreme...”
www.ninjatune.net
www.dwighttrible.com
Amostras: Equipoise | Waves of Infinite Harmony | Constellations

Markus Kienzl – Product (2005)

“Product” é o resultado de 4 anos de trabalho do DJ, produtor e membro do colectivo austríaco Sofa Surfers, Markus Kienzl. Álbum negro, feito de atmosferas opressivas construídas a partir do dub, ragga, cheio de reverberações sci-fi, baixos sujos e pulsantes, com o ecoar das vozes. Mesmo arriscando pouco, consegue ainda assim ser simples e sedutor. Destaco “Like a Ghost” (com Barbara Stanzl), "Dundy Lion" (com Paul St. Claire) e "Chemical Reasons" (com Oddatee).
www.sofasurfers.net
Amostras: Like a Ghost | Dundy Lion | Chemical Reasons

Vídeos de Férias

Caros amigos e leitores: O Puto vai de férias durante as próximas 2 semanas. Mas não desesperem! O amigo Tipo ficará a tomar conta do estaminé.
Entretanto decidimos inaugurar uma pequena (para já) secção de videoclips, essa arte menor que nos tem vindo a encantar ao longo dos últimos anos. Está aqui na barra lateral, na secção "Teleputo e Vídeotipo".
Boa música!

One Dove – Morning Dove White (1993)

Este disco foi o único álbum editado por este trio, formado por Dot Allison, Ian Carmichael e Jim McKinven, mas constitui um pequeno tesouro escondido nas areias efémeras da música pop. Uma espécie de Saint Etienne de largo espectro ou de uns Primal Scream circa Screamadelica sem os excessos rock.
Contou com a produção de Andrew Weatherall, bem como com as colaborações dos outros dois membros dos Sabres Of Paradise, Jagz Kooner e Gary Burns. Também deram uma mãozinha Andrew Innes (Primal Scream) e Jah Wobble.
O dub e a voz doce mas segura de Dot Allison são o denominador comum a todas as composições, mas as margens deste rio são largas, apesar do caudal ser lento. Há aqui algumas torrentes de distorção, confissões à superfície, mergulhos despidos, e jogos de luz ora assombrados, ora contemplativos, ora hipnóticos. O tema “White Love” leva 3 tratamentos diferentes, e prova que, acima de tudo, é um grande tema pop, resultando muito bem em qualquer um dos ambientes.
Como complemento recomendo o single “Why Don’t You Take Me”, que se faz acompanhar de uma remistura e de um inédito, ambos muito recomendáveis, bem como uma versão de “Jolene”, original de Dolly Parton também já interpretado pelos White Stripes.
http://www.theprimalscream.com/onedove/
Amostras: Breakdown (Cellophane Boat Mix) | (The Transient) Truth | Why Don't You Take Me