2006 - Listas musicais do Puto

Confesso que 2006 não foi, para mim, um ano de grandes surpresas nem de discos excelentes, como tinha sido, por exemplo, o ano anterior. Ouvi menos discos, falei sobre menos ainda, mas, no entanto, vários álbuns e canções me destacaram interesse, me cativaram a atenção, me viciaram ou me apaixonaram, e são esses que refiro nestes tops. Estas listas são temporalmente volúveis e reflectem o balanço neste período de tempo. Ainda ficaram discos por ouvir, mas há que dar tempo ao tempo, e para ouvir música é preciso tempo e não pressão.
Desejo a todos os visitantes um ano de 2007 com muita e boa música, pleno de saúde, resoluções, realizações e boas surpresas. Abraços!

Álbuns 2006



1. Midlake – The Trials Of Van Ocupanther
2. Sonic Youth - Rather Ripped
3. The Knife - Silent Shout
4. TV On The Radio - Return To Cookie Mountain
5. Camera Obscura - Let’s Get Out Of This Country
6. Love Is All - Nine Times That Same Song
7. Herbert - Scale
8. Celebration - Celebration
9. Dirty On Purpose - Hallelujah Sirens
10. Tapes ‘n Tapes - The Loon
11. Belle And Sebastian - The Life Pursuit
12. Band of Horses - Everything All The Time
13. Dead Combo - Vol. II: Quando a Alma não é Pequena
14. Cat Power - The Greatest
15. I Love You But I’ve Chosen Darkness - Fear Is On Our Side
16. Working For A Nuclear Free City – S/T
17. Scott Walker - The Drift
18. Sol Seppy - The Bells of 1 2
19. Gnarls Barkley - St. Elsewhere
20. Peter Bjorn and John - Writer’s Block
21. Yeah Yeah Yeahs - Show Your Bones
22. She Wants Revenge - She Wants Revenge
23. Spank Rock – Yoyoyoyoyo
24. Neko Case - Fox Confessor Brings The Flood
25. Burial - Burial

Álbuns 2004/2005 que descobri em 2006



1. My Morning Jacket - Z
2. The Rosebuds - Birds Make Good Neighbors
3. Shout Out Louds - Howl Howl Gaff Gaff
4. Blood On The Wall - Awesomer
5. Metric - Live It Out
6. Blonde Redhead – Misery Is A Butterfly
7. Mazarin - We’re Already There
8. Electrelane - Axes
9. Tom Vek - We Have Sound
10. Broadcast - Tender Buttons

Temas/singles (ordem alfabética)

Asobi Seksu - Thursday | Azevedo Silva - Charlie | Band of Horses - The Funeral | Camera Obscura - Lloyd, I’m Ready To Be Heartbroken | Cat Power - Living Proof | The Changes - Twilight | CSS - Let’s Make Love And Listen Death From Above | Gnarls Barkley - Crazy | Hope Of The States - Blood Meridian | Hot Chip - Boy From School | Kudu - Bar Star | Lily Allen - Smile | Massive Attack - Live With Me | Midlake - Young Bride | Sonic Youth - Reena | The Strokes - You Only Live Once | Peter Bjorn and John - Young Folks | Tiga - 3 weeks | TV On The Radio - Wolf Like Me | Yeah Yeah Yeahs - Cheated Hearts

Concertos

1. Broken Social Scene @ Festival Paredes de Coura
2. The Strokes @ Festival Lisboa Soundz
3. Bauhaus @ Festival Paredes de Coura
4. Deerhoof @ Porto Rio
5. Cat Power @ Cinema Batalha

Videoclips

1. Gnarls Barkley - Gone Daddy Gone
2. Justice vs Simian - We Are Your Friends
3. Ok Go - Here It Goes Again
4. Hope of The States - Blood Meridian
5. I Love You But I’ve Chosen Darkness - The Owl
6. Vitalic - Poney Pt. 1
7. Mau - Prick (I Am)
8. Hot Chip - Boy From School
9. Klaxons - Golden Skans
10. Tiga - Far From Home

Coisas irritantes

- The Killers (principalmente "When We Were Young")
- Wolfmother (já não havia pachorra para os Led Zeppelin originais)
- Rihanna "Unfaithful" (apesar de achar a "S.O.S." bem engraçada)
- SPA
- Certos duetos (tal como este)
- Buraka Som Sistema
- A sobrevalorização dos Cansei de Ser Sexy (têm alguns temas bons no disco mas há lá outros bem chungas)

Filmes

Midlake – The Trials Of Van Ocupanther (2006)

Descolando do lo-fi meio indefinido e das comparações com o trio Flaming Lips/Mercury Rev/Sparklehorse do seu álbum de estreia, este quinteto texano surpreendeu-me pela delicadeza e mestria na composição ao seu segundo esforço.
O álbum embala com a sua sonoridade folk/rock, onde um rol de histórias e poemas sobre o quotidiano rural do passado (provavelmente numa América profunda de finais do séc. XIX – inícios do séc. XX, possivelmente extrapolável para os tempos presentes) nos são relatadas em belos temas (provavelmente os mais belos que ouvi este ano), nos quais a voz serena e encantadora de Tim Smith impregna-se em pianos, guitarras, coros harmoniosos e outros instrumentos, provocando júbilos e comoções que deixam o coração indefeso e propenso a apertos.
Devido a tal arrebatamento, não consigo escrever mais nada. Vou ouvir o álbum mais uma vez. Sugiro que façam o mesmo.
Sítio oficial dos Midlake
Midlake no MySpace
Videoclip de "Young Bride"
Videoclip de "Roscoe"
Videoclip de "Head Home"
Amostras: Bandits | Van Ocupanther | It Covers The Hillsides

TV On The Radio – Return To Cookie Mountain (2006)

Quando surgiram com o excelente e original “Desperate Youth, Blood Thirsty Babes”, em 2004, este colectivo nova iorquino surpreendeu pela abordagem algo niilista e desconstrutiva do rock, ao apresentar um som que combinava guitarras e maquinaria, vozes soul e sons atmosféricos, desviando a atenção da nova vaga pós-punk que já roçava o vampirismo. Surgem 2 anos depois com uma formação alargada em número de elementos (de 3 para 5) e em conteúdo sonoro.
Com as atenções colocadas sobre o segundo longa duração, a expectativa era grande por parte de todos, mas felizmente saíram-se bem. Não fizeram um prolongamento do disco de estréia, apesar de muitos elementos ainda lá estarem residualmente presentes, mas sim utilizaram uma fórmula diferente. O som intensifica-se e adensa-se (contrapondo com o trabalho anterior, mais etéreo), e a utilização dos ritmos intensos e quase omnipresentes leva-me a concordar com o Ladies Love, quando afirmava que “os TV On The Radio são a melhor banda de pós-punk da actualidade, por muitas razões, sendo a maior delas não quererem soar ao que soavam as bandas de pós-punk canónicas”. Parece-me isto uma forma perversa de apropriação ou manipulação do seu próprio legado e do cenário musical actual como forma de o fazer evoluir (não será esta uma das melhores formas de evolução?). Presencia-se uma contínua sobreposição de camadas sonoras, sejam elas ritmos, lençóis de guitarra, linhas sintéticas ou vozes, o que culmina em temas sem grandes amplitudes sonoras mas com uma variedade de reacções induzidas, pois ora nos eleva suavemente aos céus ora nos arrasta esta espiral mortal pelo solo. Continuam desviantes e menos óbvios, apesar de já nos familiarizarmos com o seu som. Tanto “Desperate Youth…” como “Return…” contêm hélio, só que no primeiro respirava-se o gás, e no segundo ele está presente no interior de uma lâmpada.
E agora, que nos reservarão para o terceiro? Uma viragem para o space-hip-hop?
Sítio oficial dos TV On The Radio
TV On The Radio no MySpace
Videoclip de "Wolf Like Me"
Amostras: Hours | A Method | Blues From Down Here

FELIZ


NATAL

SÃO OS VOTOS DO PUTO, DO TIPO E DO TOTÓ.

Sufjan Stevens - Put the Lights on the Tree
Nightmare Before Christmas - What's This?

Segunda investida transmontana (com aliados)

O Puto regressou a Lisboa e atacou novamente o Bar do Bairro, desta feita com reforços. No passado sábado, 16 Dez, decorreu uma sessão/torneio/convívio com os 5 magníficos: Extravaganza (com festa dupla), Kraak, Mr. S, Myself (maldita codeína!) e eu próprio.
Obrigado a todos os que apareceram. Espero que se tenham divertido.
A playlist da loucura musical está, entre outros lados, por aqui.

I’ve Got The Power

[Fotos gentilmente roubadas do blog da mana mais nova]

Como que a compensar a barraca que deu na última vez que pisou solo luso, e pela qual pediu desculpa, Chan Marshall portou-se bem. Uma autêntica gata em palco, com movimentos imprevistos e uma certa extravagância nas atitudes. Destacou o último disco no alinhamento, ganhando uma nova vida mas não muita vivacidade. A banda foi competente, a voz rouca e quente de Chan, apesar de não se fazer ouvir nas melhores condições (pelo menos no balcão superior onde me encontrava), chegou para apertar os corações dos que vieram vê-la a meio da semana no renovado Cinema Batalha. É certo que não houve grande risco durante grande parte da actuação, com pequenas incursões em alguns dos álbuns anteriores e várias versões (Rolling Stones, Gnarls Brakley, Fairport Convention), mas alguns dos melhores momentos foram quando se pensava que o concerto iria terminar. Apenas Chan aplicando o seu poder felino ao piano, em interpretação despida e honesta, com chá a acompanhar. O humor que me acompanhou durante os temas anteriores transformou-se em emoção e aconchego.
Chan, filha, “avolta, que estás aperdoada”!

Azevedo Silva – Clarabóia (2006)

Um artista que cante em português no panorama pop/rock nacional assemelha-se a uma mulher no mercado laboral dominado pelos homens: tem que ser melhor que os outros para se destacar e ser reconhecido. Cantar na língua de Camões sem soar foleiro é algo que requer um empenho lírico fora do comum, uma vez que se exige uma musicalidade e uma escolha de palavras bem consciente. Na língua inglesa não há tantas apreciações imediatas nem valorizações poéticas, e a prova disso é que gostamos de um tema com uma melodia cativante mas com uma letra que poderia muito bem ser, caso fosse traduzida, um tema de um artista pimba (falei de algo semelhante aqui).
Nos últimos anos alguns artistas têm-se destacado neste campo (Clã, Ornatos Violeta, Pluto, Quinteto Tati, Linda Martini), apesar de serem uma minoria. Não vou especular se será ou não comodismo os artistas portugueses cantarem em inglês (pessoalmente penso que muitas vezes não o é), mas o certo é que é preciso alguma coragem para expôr temas cantados em português, sujeitando o público ao juízo ou impressão que daí advêm. Azevedo Silva, que lançou recentemente a sua primeira demo, entitulada "Clarabóia", encaixa-se nesse perfil. Apesar desse trabalho conter apenas 2 temas cantados na nossa língua materna, ao vivo, onde o trabalho se expande, assume plenamente essa opção e esse risco. Combinado com o fino trabalho de composição, resultam belíssimos temas para voz e guitarra. São canções intimistas mas projectantes, revelando um “cantautor” promissor e talentoso.
Inicia hoje uma mini-digressão pelo norte:
Qui, 7 Dez - Casa Viva 167 [Porto]
Sex, 8 Dez - Velha-a-Branca [Braga]
Sáb, 9 Dez - Espontânea [Vila Real]
Os temas de "Clarabóia" podem ser escutados e descarregados no MySpace de Azevedo Silva.

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

- Beck: The Information
- Bound Stems: Appreciation Night
- The Changes: Today Is Tonight
- Working For A Nuclear Free City