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quarta-feira, março 28, 2007

Annuals - Be He Me (2006)

 pelO Puto 



Quando ouvi pela primeira vez os Annuals, fizeram-me lembrar os Arcade Fire. São seis elementos que tocam rotativamente uma parafernália de instrumentos, imprimindo na sua música uma honestidade avassaladora e uma grandiosidade meio desajeitada. Apesar de comungarem de muitas influências (de David Bowie a muitos nomes relevantes do indie pop/rock), os jovens (muito jovens mesmo) da Carolina do Norte conseguem ser mais oblíquos e excêntricos que os canadianos, conseguindo com isso afastar-se do barco sobrelotado do pós-punk.
Este disco de estreia intrigou-me. Os temas, compostos por Adam Baker (vocalista e candidato a pequeno génio), são densos, carregados de sons provenientes dos mais diversos instrumentos acústicos, eléctricos e electrónicos (guitarra, baixo, bateria, percussão, cordas, piano, órgão, teclados, sequenciadores, samplers, processadores de efeitos, etc.), parecendo caóticos a um ouvido destreinado. As vozes tanto podem ser susurros como podem ser coros, cantados em tom mais esganiçado ou mais lírico. No meio desta aparente desordem, descobre-se uma estrutura organizada, ou seja, uma espécie de barroco esquizofrénico, que nos leva a descobrir mais qualquer coisa a cada audição. Mesmo quando, em certas alturas, o conjunto se parece ter simplificado, apanha-se com uma bofetada sonora que faz acordar um morto. Um só tema encerra contenção e extravasão, deliciosas melodias e dissonâncias, beleza e estranheza. Apesar de tudo, este álbum transmite-me um sentido positivo e um brilho que só uma certa inocência pode irradiar.
Ao contrário dos Arcade Fire, que remam todos para a mesma direcção, os Annuals apontam em várias direcções, mas também acabam por chegar ao destino. Não me perguntem porquê, mas se estas 2 bandas fossem substâncias, os Arcade Fire seriam sólidos e os Annuals líquidos.
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Videoclip de "Brother"
Amostras: Dry Clothes | Bleary-Eyed | The Bull, and the Goat

terça-feira, março 27, 2007

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

 pelO Puto 

Air - Pocket Symphony
Klaxons - Myths of the Near Future
LCD Soundsystem - Sound of Silver

quarta-feira, março 21, 2007

Clap Your Hands Say Yeah - Some Loud Thunder (2007)

 pelO Puto 



Quando lançaram, em 2005, o disco homónimo, produzido, editado, promovido e distribuído pela banda, numa postura do it yourself, por certo nunca pensaram obter tanto sucesso. Um tanto ou quanto sobrevalorizado, não deixa de ser um bom disco, inspirado e com uma boa forma de posicionamento de influências. Afastada a euforia e urgência desse disco de estreia (sim, eu penso que era um disco urgente), e passado pouco mais de um ano, o quinteto formado em Brooklyn deitou mãos à obra ao seu sucessor, uma vez que estavam depositadas as expectativas nestes dignos sucessores dos Talking Heads.
Assim à primeira vista, o disco pode parecer um pouco decepcionante, pois a energia contida no disco de estreia não é aqui imediatamente projectada aos ouvidos, mas após várias audições consegue-se extrair o potencial devido. A direcção afasta-se um pouco do pós-punk mais canónico e da new wave novaiorquina (via Talking Heads), dando aqui espaço aos teclados e à electrónica. Esta última está muito mais presente e expansiva, originando, no limite, alguns impressões delirantes (ouça-se “Satan Said Dance”) ou ambientais (“Five Easy Pieces”). A voz de Alec Ounswoth está assumidamente em falsetto, mas pode parecer um paradoxo quando digo que me soa mais solta. Pelo meio há aproximações ao lo-fi e à folk, as tão desejadas palminhas e coros, percussões e temas onde se observa uma certa redefinição da beleza. Talvez por isso muitos deles não são tão catchy como os do primeiro disco.
A meu ver, não se observa uma ruptura mas sim uma continuidade controlada, e consequentemente o disco soa menos honesto e mais pretensioso. No entanto, isso não parece diminuir-lhe o valor.
Nota: na cópia que comprei, observei uma certa saturação/distorção no som de alguns temas, principalmente no primeiro (ainda por cima um dos melhores). Enviei-lhes um mail a relatar o facto, ao que Alec Ounswotrh respondeu: “don't worry, antonio. that's how it should be. it's certainly a conventionally off-putting concept but nevertheless a genuine and honest one that i think works. thanks for listening. take care. alec”. O mais estranho é que já ouvi o versões não distorcidas do tema em outra fontes (podcasts, radios on-line).
Sítio oficial dos CYHSY
CYHSY no MySpace
Download gratuito das faixas Love Song no. 7 e Underwater (You and Me)
Amostras: Satan Said Dance | Yankee Go Home | Five Easy Peaces

sexta-feira, março 09, 2007

Olhó videoclip fresquinho!

 pelO Tipo 

ESTA SEMANA A ACARICIAR OS OUVIDOS... do Tipo

 pelO Tipo 

Dälek - Abandoned Language
Of Montreal - Hissing Fauna, Are You the Destroyer?
Kyuss - Welcome to Sky Valley
Subtle - For Hero: For Fool

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

 pelO Puto 

Annuals - Be He Me
Arcade Fire - Neon Bible
Felt - Absolut Classic Masterpieces
Old Jerusalem - The Temple Bell

Santa cerveja

 pelO Puto 



Eu sei que toda a gente fala nisso, e eu não quero ser excepção. FINALMENTE vêm cá os Interpol, integrados na próxima edição do SBSR. A engordar o cartaz com qualidade estão também os Arcade Fire, os Klaxons, os Bloc Party e os Magic Numbers. Mal posso esperar...

terça-feira, março 06, 2007

The Shins - Wincing The Night Away (2007)

 pelO Puto 



Decorria o ano de 1995 quando entrei no universo dos Pavement, uma das minha bandas favoritas e uma das mais influentes da década de 90. Era o ano de “Wowee Zowee”, o terceiro álbum da banda californiana, o mais ecléctico e experimental e, talvez por isso, o meu favorito. A partir daí explorei a história recente da banda e acompanhei-a até ao seu desfecho, em 1999. É curioso que desconfio que me irá acontecer isso em relação aos Shins, aos quais nunca lhes tinha prestado grande atenção (podem-me bater à vontade que eu mereço), pois, com este terceiro registo, estão a conquistar a minha atenção de forma avassaladora. As semelhanças não se ficam por aqui, pois a escrita densa, elaborada e irónica de James Mercer lembra-me o estilo de composição de Stephen Malkmus durante a década de 90.
O ponto de partida na música dos Shins é mesmo a pop de guitarras da década de 60, sendo óbvia a influência dos Byrds ou dos Beach Boys (principalmente destes últimos) nas melodias e inflexões vocais do eloquente James Mercer. Contudo, há também apanhados da história e evolução sofrida pela pop nascida nessa década ao longo dos tempos, muitas vezes refugiada no canto indie, único espaço a ela reservado nesse salão imenso que é a música pop, e que hoje se torna ainda mais evidente. O que os Shins conseguem com essa mistura deliciosa é cativar a atenção durante pouco mais de 40 minutos num disco que combina ritmos orgânicos, sequências electrónicas hipnóticas, guitarras acústicas que se entregam progressivamente à electricidade, contrastes e impulsos, sons trauteáveis e uma complexidade literária que tantas vezes obriga a consultar o booklet.
Pode ainda ser cedo, mas estou perante um dos discos do ano.
Sítio oficial dos The Shins
The Shins no MySpace
Videoclip de "Phantom Limb"
Amostras: Sleeping Lessons | Sealegs | Black Wave