Muitos artistas concebem os seus trabalhos a partir do seu quarto. Controlam todo o processo de produção e a sua capacidade criativa fica livre de influências externas, com tudo o que de bom ou mau isso acarreta, ficando, no entanto, salvaguardada e imaculada a marca do autor. Foi o que aconteceu inicialmente a James Chapman, o rapaz por detrás deste projecto, com os seus computadores. Na transposição para o estúdio utilizou sons obtidos com a técnica de corte e colagem, acrescentando alguns instrumentos orgânicos, resultando num álbum sedutor e com identidade.
As influências do disco de estreia espargem-se por várias correntes, mas a presença do
shoegazing é notória. As paredes sonoras instalam-se e a voz de James emerge e destaca-se, sendo, juntamente com as programações rítmicas, o fio condutor da composição. As odes que dirige à segunda pessoa do singular são sustentadas por encantadoras melodias vocais, num registo
pop sujo porém belo. Será coincidência que o timbre dele me recorde Neil Halstead nos Slowdive? Claro que aqui há outras sonoridades indutoras, como seja um certo psicadelismo transverso e a electrónica ambiental, mas a densidade aqui presente, sem excessos (como acontece, por exemplo, com os acessos
pinkfloydianos do projecto M83) nem trejeitos, enriquece e dignifica este trabalho. A cada audição descobre-se uma nova camada, e tudo está no seu lugar, sem grandes pretensões, e talvez isso o eleve entre os demais projectos supostamente do mesmo género.
Para um ouvido desprevenido, este álbum poderá soar homogéneo ou etéreo demais, mas o mérito de cruzar de forma harmoniosa os My Bloody Valentine e os Spacemen 3 com os Kraftwerk e os The Orb já é mais que suficiente para lhe dar bastante crédito. Fabrica
pop requintada com um método minoritário.
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