Os Liars são um colectivo inconstante. Como se tivessem bichos-carpinteiros, aparentemente mudam de direcção a cada álbum, intrigando público e crítica, e nem sempre receberam as melhores reacções. Ao disco de estreia caíram no caldeirão de bandas neo-pós-
punk novaiorquinas de inícios do novo século, praticando um som
indie dançável mas com um certo cunho próprio. O seu sucessor, gravado em New Jersey e editado em inícios de 2004, é um disco assombrado pelas alusões ao sobrenatural e histórias envolvendo bruxas, cuja audácia e bizarria musical revelam um afastamento das estruturas mais usuais. O título do terceiro álbum - “Drum’s Not Dead” (2006) - dá pistas sobre o tipo de ensaio sonoro nele praticado: experimentações rítmicas aliadas a atmosferas guitarrísticas e vozes em
falsetto. Não representa uma ruptura como a passagem do primeiro para o segundo álbum, mas constitui um passo significativo. Em “Liars” assiste-se a uma compêndio dos trabalhos anteriores, acentuando-se uma aproximação ao formato canção, apesar de pouco convencional, e uma maior utilização das guitarras. As melodias vocais, normalmente em
loop, oscilam entre uma certa urgência, o
falsetto e um tom mais etéreo. A bateria e as percussões ora são marteladas, ora assumem uma postura
funk, ora dispersam-se noutro tipo de exercício. As guitarras denunciam inspirações nos Sonic Youth, nos Swans, no Jesus & Mary Chain ou nos Dinosaur Jr, só para citar alguns, e até há espaço para duas baladas, denotando uma sensibilidade pouco evidente nos álbuns anteriores. As marcas destes estão disseminadas por todo o álbum, transmitindo ao conjunto uma harmonia e convivência entre temas aparentemente difícil, mas que se assume peculiar e eficaz.
Ousaram, evoluíram e conquistaram um lugar próprio no actual panorama musical.
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