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terça-feira, fevereiro 26, 2008

2008 é bi6º!

 pelO Puto 



Um ano é bissexto quando o número inteiro que o representa é divisível por 400 ou, caso isso não aconteça, que seja divisível por 4 mas não por 100. O Puto nasceu num desses anos, mais concretamente a 29 de Fevereiro (a probabilidade de isso acontecer, presumindo que nascer em qualquer dia é equiprovável, é cerca de 0,07%). Também foi num ano bissexto que um dos DJ residentes do mítico bar O Meu Mercedes É Maior Que O Teu (Mercedes para os amigos), o mui ilustre aBell Montenegro, iniciou a sua "carreira", e já lá vão 20 anos. Vai daí convidou-me para partilhar uma sessão musical nesse dia tão especial. Haverá melhor forma de comemorar tão rara ocasião? Convido-vos a aparecer por lá na próxima sexta, que coincidirá com o primeiro Dia Europeu das Doenças Raras. O bichinho da música não é raro, mas é quase uma doença. Haviam de ser todas assim.

Catchers - Mute (1994)

 pelO Puto 



Em meados de 1994 descobri a editora Setanta através de um EP dos The Glee Club, um duo irlandês que era uma espécie de cruzamento entre a Siouxsie, os Cocteau Twins e os My Bloody Valentine. A partir daí encomendei o mui recomendável (e único) álbum “Mine” e recebi vários artigos de merchandise, incluindo uns flexidiscs, uns postais e um catálogo dessa editora, que inicialmente apenas lançava artistas irlandeses. Entre eles constavam os The Divine Comedy e os debutantes Catchers. Os primeiros dispensam apresentações, mas os segundos nunca tiveram projecção além da escala de pequeno culto em Inglaterra e França.
“Mute” é um objecto algo intrigante. Nascido da cabeça de miúdos criados numa pequena cidade à beira-mar da Irlanda do Norte, o disco reflecte algo do sentimento bucólico próprio das suas vivências e também das influências musicais, que vão da folk ao indie. As letras negras e muitas vezes insondáveis contrastam com a aparente inocência, leveza e apelo pop de muitos temas, onde guitarras smithsianas, teclados distintos e ritmos ágeis servem de base às vozes melodiosas de Dale Grundle e Alice Lemon. A melancolia é mais evidente em temas mais serenos (ouça-se o belíssimo “Beauty no. 3”, “Sleepyhead” ou “Epitaph”), apesar de se sentir uma certa distância e mistério que, paradoxalmente, revela os sentimentos mais profundos.
Este álbum de estreia encerra uma maturidade anormal, bem como uma talentosa capacidade compositiva aliada a um espírito harmonioso. Não posso deixar de me indignar com o facto de ser um disco esquecido na história da música popular, mas dá-me um certo prazer poder recuperá-lo.
Os Catchers ainda lançaram um segundo disco em 1998, mas perdeu-se muita da pureza que lhes formava o cerne. Dale Grundle fundou os The Sleeping Years em 2006, onde a costela folk é mais destacada.
Catchers no MySpace
Amostras: Cotton Dress | Hollowed | Shifting

ESTA SEMANA A ACARICIAR OS OUVIDOS... do Tipo

 pelO Tipo 

Fabriclive 36
Steve Reid Ensemble – Daxaar
Steve Jansen – Slope
Theo Parrish – Sound Sculptures Vol. 1

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Quase famosos

 pelO Puto 



Pela primeira vez, o Puto e a sua querida amiga Extravaganza partilham uma sessão musical. Acontecerá na próxima sexta (22 Fev), no Bar do Bairro.

Chained again

 pelO Puto 



Quando os Raveonettes entraram no palco do Theatro Circo, o imaginário Jesus & Mary Chain circa “Psychocandy” instalou-se. O par tarola - timbalão fez-me voltar atrás no tempo e relembrar o videoclip de “Just Like Honey”. É certo que a comparação com a banda dos irmãos Reid é inevitável, mas os dinamarqueses levaram o conceito desse disco um pouco mais longe. Exploram directamente as linhas melódicas dos anos 60, ao jeito de Phil Spector, utilizam guitarras em distorção como wall of sound, e recorrem ao universo dos Velvet Underground. A isto juntam-lhe inspiração em filmes série B, apontamentos rockabilly e um toque de elegância. Esta fórmula garantiu-lhes um lugar no actual panorama rock e uma carreira que já conta com quatro registos. “Lust Lust Lust” (2007) marca um certo regresso às sonoridades mais sujas, que os celebrizaram em “Whip It On” (2002) e “Chain Gang Of Love” (2003), mas que deixaram de lado em “Pretty In Black” (2005), em prol de um som mais polido.
Logo no início é-nos dado o aviso que Sune Rose Wagner não poderia cantar devido a problemas com a voz. A bela Sharin Foo assumiu toda a vocalização, e aguentou-se muito bem, apesar da ausência das típicas harmonias vocais se sentirem bastante em alguns temas. O último álbum foi o grande mote do concerto, mas não faltaram clássicos modernos como “That Great Love Sound”, “Attack Of The Ghost Riders” ou “Love In A Trashcan”. O apelo dançante de alguns temas foi irresistível, pelo que houve uma invasão da frente da plateia, para gáudio da banda e do público, que se comportou como se estivesse num baile escolar de fim de ano sessentista. Ainda abordaram os Stereolab com “French Disko” e brindaram-nos com “Twilight” no encore. Apesar das faltas, o concerto teve boas doses de energia e o som estava bem equilibrado.
Mais uma vez, valeu a pena ir a Braga. A julgar pela quantidade de pessoal do Porto que lá se deslocou, não entendo porque não se organizam concertos destes na Invicta.

domingo, fevereiro 17, 2008

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

 pelO Puto 

British Sea Power - Do You Like Rock Music?
Catchers - Mute
José James - The Dreamer
Vampire Weekend - Vampire Weekend

Os dez e os trinta - Clubbing @ CdM

 pelO Puto 



Os islandeses Múm deslocaram-se a sul para apresentar o novo álbum sob a nova formação. Harmonias vocais e diversidade instrumental marcam este nova fase da banda. O timbre dos três vocalistas encaixam-se de forma eficaz, envoltos no tecido sonoro construído por eles e pelos restantes membros. Bateria descompassada, guitarra atmosférica, piano lento e percussivo, baixo pulsante e forte, melódica activa, trompete etéreo, violino e violoncelo vagueante, flauta compenetrada, tudo contribui para as várias camadas, ora independentes ora cruzadas, e de andamento geralmente lento, que hipnotizaram a audiência, com as luzes a complementar. Afastam-se normalmente do formato canção, preferindo ambiências pastoris, experimentais ou psicadélicas, mas envolvendo tudo numa aura de inocência e alegria que não representam, de forma alguma, as paisagens gélidas do país de origem. Os temas são luminosos e melódicos, os hinos à dança e ao rock'n'roll são apenas referências, mas o apelo rítmico esteve presente, se bem que a uns bpm abaixo do habitual. Demonstraram descontracção, empenho e humor em palco, interagindo com o público em dose moderada. Uma boa surpresa.
Confesso que pouco ou nada conheço dos Pere Ubu, mas esta banda de culto originou uma pequena peregrinação de fãs de todo o país. A música define-se algures entre o punk/garage/blues e um rock arty com spoken word, entre o abstracto e o estruturado, com omnipresentes sons do sintetizador vintage, sempre pautada pelas letras incisivas e a liderança (eu quase diria tirania) do vocalista e mentor, David Thomas, um senhor nos seus cinquentas, com ar anafado e algo demente. Derramou o seu humor cáustico sobre a audiência e sobre vários ícones pop/rock, como Justin Timberlake ou Britney Spears. Nos interlúdios entre temas e mesmo durante estes, falou sobre a inexorabilidade do tempo, chamou inadmissível ao facto de haver uma cerveja tipicamente portuguesa com nome inglês, insultou alguém supostamente intocável ("Fuck Thom Yorke", incitou), repreendeu quem quis acompanhar os temas com palminhas (palmas para isso) e bebeu uns tragos generosos da sua garrafa de bolso. Mais uma boa surpresa.
Para o mês que vem teremos Vitalic e Twisted Charm, e em Abril os The Kills.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Calling all in transit...

 pelO Puto 



O Puto retorna às lides botadisquistas no renovado Radio. É na próxima sexta, 15 Fev.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Jens Lekman - Night Falls Over Kortedala (2007)

 pelO Puto 



Nascido exactamente há 27 anos (já agora, parabéns, Jens!), este sueco compõe música doce e trovadoresca desde tenra idade. Parte das suas composições já tinha sido agrupada num primeiro disco (“When I Said I Wanted To Be Your Dog - a collection of recordings 2000-2004”, 2004), onde a veia de cantautor se destaca e a paixão por uma certa grandiloquência era primeiramente explorada. Seguiu-se uma compilação de singles e EP’s editados anteriormente, e uma certa expectativa criou-se. Ao fim de dois anos e meio essa aspiração concretizou-se como uma peça maior, que constitui um significativo salto qualitativo na sua obra.
Neste disco, a pop barroca reveste-se das mais variadas cores e feitios, e às influências de Scott Walker e Burt Bacharach sobrepõem-se roupagens mais contemporâneas. Os belos arranjos, ora próprios ora "samplados", apoiam-se em ritmos sintéticos ou orgânicos, e a apropriação do gospel, do funk, do disco, da pop sessentista, do swing jazz e (até) da música brasileira nordestina contribui para um caldeirão bem temperado, onde cordas, sopros, pianos e guitarras se revezam nestas sinfonias deliciosas. Jens, com a sua cativante voz de crooner, canta sobre a sua visão romântica da vida, recordações da adolescência, apontamentos de humor e desencantos diversos iluminados pela esperança. Fala também da amiga lésbica que lhe pede para se fazer passar por namorado perante a família, declara-se maravilhado pela rapariga imigrante que lhe corta o cabelo num salão ilegal dentro de um apartamento, e confessa que teve um flirt de fim de festa, em linguagem gestual, com uma rapariga surda. Histórias deleitosamente contadas e onde palavras e expressões como “avocado”, “kitchensink”, “out of office auto replies”, “figs” ou “copulate” surgem invulgarmente bem enquadradas.
Leveza e significado, contemplação e análise, tudo tem lugar neste disco sedutor e despretensioso. Continua a deixar-nos com estes sorrisos idiotas na cara, Jens!
Sítio oficial de Jens Lekman
Videoclip de "Sipping On The Sweet Nectar"
Amostras: A Postcard To Nina | Shirin | Kanske Är Jag Kär I Dig

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Carnaval

 pelO Puto 

O Mouco e o Puto unem esforços para musicar um Carnaval no Altar Café Concerto. Fica no Porto, mais propriamente na Rua de Cedofeita, 516, ou seja, no mesmo espaço onde já funcionou o Maldoror e o Comix. Apareçam! Desejo a todos um Carnaval divertido.