No passado sábado, no concerto que os Wraygunn apresentaram no Teatro de Vila Real, a presença de muito mais público do que
há 3 anos vem comprovar o culto crescente do público português pela banda conimbricense, e esse sucesso, diga-se merecido, tem-se expandido a outros países da Europa, principalmente em França.
A preceder a banda principal estiveram Sean Riley & The Slowriders. Três meses depois de terem estado em Vila Real a dar a conhecer o álbum de estreia num formato acústico, apresentaram-se como um trio, com destaque para o multi-instrumentista Filipe Costa, ex-Bunnyranch, que simultaneamente se ocupava das percussões e teclados. As melodias serenas do
folk e o do
blues apresentam, ao vivo, uma projecção mais
rock, colocando a voz planante de Sean Riley entre os pântanos do Mississipi e um
pub fumarento.
Depois de um curto intervalo, e após uma breve introdução patrocinada por uma boa marca de
whisky irlandês, entrou em cena o septeto aguardado, saudado com imensos aplausos. Formado das cinzas e cruzamentos com outras bandas de Coimbra (Tédio Boys, Belle Chase Hotel), despejaram o caldeirão efervescente de
blues,
rock’n’roll,
gospel e
soul com roupagens contemporâneas sobre a audiência, que se rendeu logo ao primeiro tema, “Ain’t It Nice". Os mais jovens (que eram muitos), bem conhecedores dos temas da banda, acorreram logo para a frente do palco, dando largas ao impulso dançante que a música proporciona, onde a energia, a mestria, a destreza e o
groove do colectivo se revela. São todos excelentes executantes, com especial destaque para as vozes de Raquel Ralha e Selma Uamusse. Percorreram grande parte de “Shangri-La”, recuperaram alguns temas de "Eclesiastes 1.11" e revisitaram os Kinks com “You Really Got Me”. Paulo Furtado, um autêntico animal de palco, ainda teve tempo para inquirir a plateia sobre a felicidade individual e praticar um corajoso
stage diving. No
encore ainda convidaram Sean Riley e um Slowrider para os acompanhar, fechando com chave d’ouro.
No final, Paulo Furtado confessou-se cansado, mas isso (felizmente) não transpareceu no palco. Provaram-me, mais uma vez, que são a melhor banda portuguesa da actualidade, quer em disco quer ao vivo. A festa prosseguiu na
Espontânea.