Em menos de meio ano, os Editors regressam a Portugal para, surpreendentemente, actuarem perante duas salas cheias. A presença de muita gente no Coliseu do Porto, a meu ver, veio comprovar que não há mais adesão de pessoal do Norte e até de Espanha a concertos na capital devido às elevadas despesas adicionais, mas que esse número é significativo e justifica a deslocação dos artistas cá acima.
Por volta das dez da noite ouviram-se as linhas sintéticas que marcam o início de “Camera”, um dos mais belos temas injustamente esquecidos no
concerto do Restelo. A partir daí incendiaram a plateia com “An End Has A Start”, “Blood” e “Bullets”. A partir daí o público, já de si rendido em disco, ficou extático com a prestação do quarteto de Birmingham. Tom Smith é um
frontman enérgico e contagiante, a coesão da banda é exemplar e a sua música encanta ainda mais com toda aquela entrega e amplificação. O alinhamento foi equilibrado, repartido entre os dois álbuns, havendo ainda tempo para uma versão de “Lullabies”, dos Cure (que não me impressionou), e uma versão de “Push Your Head Towards The Air” só com guitarra acústica e piano. Terminaram vigorosamente com “Bones” e “Fingers In The Factories”, com o pessoal a pedir mais. No
encore entremearam um lado b com dois
singles de “An End Has A Start”: o início com “The Racing Rats” e o final épico de “Smokers Outside The Hospital Doors”. A julgar pelas caras no final, deixaram o público rendido e satisfeito, deixando antever novas vindas a Portugal.
De lamentar a falta de respeito de algumas pessoas pela proibição de fumar num recinto fechado que já sofreu um incêndio. Não é com estas rebeldias inconsequentes e sem causa que o sentido de cidadania do país progride.