Quando começaram as comparações de Duffy com Amy Winehouse (como se esta fosse a salvadora da
soul em solo britânico, quando a coitada da rapariga nem a ela se consegue salvar), imaginava uma imitadora oportunista, com os mesmos métodos, trejeitos e abordagens. O
single “Mercy” dava a impressão que o disco estaria repleto de temas sincopados, como se uma adaptação da
northern soul às linguagens modernas se tratasse. Estava enganado, uma vez que este cartão de visita não é, de todo, representativo, demonstrando que a imprensa e a indústria estão mais interessadas na criação de fenómenos que na legitimação artística. Faria mais, ou melhor, algum sentido, a comparação com Dusty Springfield, mas fiquemo-nos por aqui neste jogo de similaridades.
Aimee Anne Duffy é dona de uma voz quente, concentrada, versátil, ora forte ora cândida, A impressa neste disco é devedora a um registo mais clássico, contribuindo para isso o rol de produtores e co-compositores, tais como Bernard Butler, algo experiente nestes territórios, e que aqui se assume como uma espécie de Phil Spector. A maioria dos belos temas são baladas e canções
pop midtempo, ora acompanhadas à guitarra e/ou piano ora ornamentadas por arranjos de cordas inspirados em Burt Bacharach, com Duffy ao centro, deambulando por emoções e experiências de amor, dor e rendição. Não era o que estava à espera, mas fiquei agradavelmente surpreendido e deposito aqui a minha esperança.
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