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quinta-feira, janeiro 13, 2011

O Mito e 2010. Parte I (e única).

 pelO Mito 

Passaram já uns dias desde que 2010 acabou. Dias suficientes para arrumar a casa e colocar tudo em ordem para poder finalmente dizer alguma coisa sobre a música do ano passado. Embora concorde com o Puto ao achar que 2010 não foi um ano vintage no que a bons discos concerne (porque assim mesmo mesmo bom só encontrei um, Twin Shadow e o seu Forget de estreia), tenho de dizer que pelo menos o que apareceu foi até razoavelmente bom. Chegou mesmo a quebrar uma hegemonia que se vivia nesta última metade do ano, onde os discos realmente interessantes custavam a sair.

A minha lista não é pequena. E não é bem uma lista. É mais uma espécie de name dropping com uma descrição do porquê da minha escolha. Olho para dentro do meu iPod à procura então daquilo que fui seleccionando naturalmente. Sem ordem de importância, porque foram estes os discos que, em determinada altura deste ano que acabou, me agarraram. Muito.


Melhores disco 2010 (Ordem Alfabética ou pela ordem que o meu iTunes me apresenta a coisa):

Ariel Pink’s Haunted Graffiti – Before Today
Quando este disco chegou até mim, já tinham passado alguns meses desde o seu lançamento. Tinha picado uma ou outra faixa na Pitchfork mas não tinha ficado convencido, daí o ter descoberto já mais tarde e pelas mãos de Wayne Coine dos Flaming Lips (que realizou um psicadélico vídeo em iPhone para a “Round and Round”). Confesso que tive vontade de me esbofetear. Before Today é um álbum maravilhoso. Chega ao seu máximo em “Round and Round” uma música como há muito não ouvia. Sem complicar muito a melodia grita-nos algo que é confortável. E eu adoro estar aqui a ouvir. Muito Bom.

Beach Fossils – Beach Fossils
Na onda do surf-rock-pop-coiso pelo qual me apaixonei, estes fósseis da praia conseguem ter um disco bastante sólido. Muito bom para finais de tarde e para abrir uma garrafa de vinho com uma boa companhia. Um disco a escutar muitas vezes. Se os Vampire Weekend não fossem betos era este o disco que faziam. Pop não muito cristalina a atingir o auge em “Wide Awake”. Bom.

Best Coast – Crazy for You
Uma das revelações do ano. Por tudo de fresco que este disco trouxe. Pelos mexericos e histórias contadas em redor de Bethany Cosentino e Bob Bruno (o facto de Bruno ter sido Babysitter de Bethany, ou ainda o namoro desta última com Nathan William dos Wavves e ainda Snacks, o gato de ambos ser estrela indie e das capas dos discos tanto dos Best Coast como dos Wavves). Crazy for You é o típico som de verão. Leve e maravilhoso. E com vontade de não acabar nunca. Isto é música que não complica a vida a ninguém, a não ser a Beth que canta os males de amor com uma naturalidade deliciosa. Foram um dos grandes concertos de 2010 (Primavera Sounds) com direito a um cover dos Wavves e tudo. Excelente.

Broken Bells – Broken Bells
Já aqui tinha falado deste projecto de James Mercer e de Danger Mouse. Foram uma das melhores coisas que apareceram em 2010, em primeiro lugar por eu ser um fã de Mercer e dos The Shins. Em segundo lugar por ser um disco que me mostrou que é bom não ter preconceitos com algumas pessoas. E falo aqui de Danger Mouse, conhecido por coisas como Gnarls Barkley e afins. Excelente álbum que me conquistou de imediato. “High Road” é uma das minhas música do ano e é um disco tão contagiante que me é difícil deixar de ouvir. Óptimo para uma viagem longa, porque não custa ouvir em repeat. Excelente.

Department of Eagles – Archive 2003-2006
Sou tendencioso. Raios estes gajos fazem tudo bem. Aparecem nesta lista e sem muitas explicações porque os Grizzly Bear são uma das maiores coisas que a música indie tem. Os Department of Eagles são logo a seguir. Esta lá tudo que é bom. Ed Droste de fora e rula apenas a maravilhosa voz de Daniel Rossen e os back vocals de Chris Taylor. Estes gajos são os maiores. E digo isto porque Grizzly Bear foi o melhor concerto que vi o ano passado. Ponto. Excelente ao quadrado, mais infinito.

Dom – Sun Bronzed Greek Gods
Não posso dizer que seja o melhor disco que ouvi o ano passado. Nem é um dos melhores. Mas é um grande disco. Conheci os Dom num vídeo no youtube. Uma música bastou para me chamar a atenção. Se “Living in América” é algo que mostra o potencial dos Dom, “Bochicha” é algo que os arrasa e os eleva a deuses ao mesmo tempo. Mais uma sobre gatos. Pronto. Um disco para dias sem nada para fazer. Bom.

Eferklang - Magic Chairs
Também este não é dos melhores discos de 2010. Entrou nesta lista porque eu tenho um fraco por algumas coisas da indie folk. Embora não seja um disco com "D" grande, é um disco que se ouve muito bem. “I was playing Drums” é assim uma espécie de single que mostra bem o que é o resto do disco. Deixei escapar este concerto. Mas pronto, não se pode ter tudo. Bom.

Girls – Broken Dreams Club
Este EP entra nos discos do ano mais por ter sido um follow-up do álbum de estreia dos Girls do que outra coisa. É como se fosse uma continuação. É um disco com boas canções. “Heartbraker” é uma delas. Mais um disco excelente para nos acompanhar numa viagem. Bom.

How to Dress Well – Love Remains
Este disco é o mais próximo de R&B que tenho. Mas não o confundam já com R&B. Eu é que o classifico assim. Todo ele transpira lo-fi. Calmo e melódico é daqueles discos maravilhosos para ouvir quando queremos relaxar. Para mim atinge o pico logo na segunda faixa com o sugestivo título “Ready for the world”. Um maravilhoso disco para se ouvir acompanhado. Bom.

Isbells – Isbells
Zane Lowe (da BBC Rádio 1) descobriu-os. Dizia simplesmente que quem gostasse de Fleet Foxes ia amar os Isbells. Eu não deixei passar a oportunidade e deitei um ouvido a este disco. E que maravilha que fui encontrar. Vêm da Bélgica e fazem boa música. Um grande conjunto sólido de canções para quem quer estar despreocupado. Imaginem o Bon Iver mas sem tanto efeito. Pronto. São os Isbells a chegarem aqui por mérito próprio. E olhem que sou desconfiado quando fazem este tipo de comparações. Mas o meu coração da indie folk falou mais alto. Excelente. Mais ou menos dependendo do estado de espírito.

Linda Martini – Casa Ocupada
São grandes os Linda Martini. Mesmo. Portugueses. E com este disco dão provas disso. Melhoraram em todos os aspectos. Casa Ocupada mostra a maturidade que conseguiram. Temos agora canções com bastante força. “Amigos Mortais” é uma das grandes músicas deste disco. Não deixem de ouvir pelamordedeus, e de os procurarem em concerto. Muito Bom.

Local Natives – Gorilla Manor
Este disco saiu em 2009 no UK e em 2010 nos US. Por isso entra para esta lista dos melhores do último ano. Eu é que decido. E faço-o por achar um disco indispensável de mencionar quando se fala no que melhor se fez no ano que acabou. Gorilla Manor é um album grande. Cheio de melodias que nos conquistam logo à primeira audição. Experimentem a “Wide Eyes” e a “Camera Talk” e logo vão perceber porque escrevo isto. Está lá tudo. Adoraria ver um concerto. Pode ser que este ano seja a altura. Muito Bom.

Paus – É uma àgua
Não por ter ensaiado no mesmo estúdio dos Paus. Não por achar o conceito muito bom. Não por sentir uma ponta de inveja pelo que ele fazem. Mas porque o disco é realmente bom. São apenas 4 músicas mas mostram que temos bandas boas em Portugal. E mostram que o futuro está aí perto. A bateria siamesa é quase uma inovação (vi pela primeira vez em Caribou), mas funciona muito bem aqui. Mesmo com as comparações obvias com os Battles, eu digo que os Paus vão ser uma grande aposta para 2011. É com “Mudo e surdo” que atingem o auge. Também é daquelas coisas a ver em concerto em 2011. Muito Bom.

Soft Powers – Bad Pop
O primeiro disco de electrónica nesta minha lista. Um disco sólido. Com muitos bons momentos. Com soul e funky o suficiente para entrar para esta minha lista de destaques. Tem em “Palm Nights” ou em “Just like Tropical” os seus melhores momentos. Óptimo para ouvir enquanto cozinho. Bom.

Tame Impala – Innerspeaker
A Austrália também faz bem rock. E a soar a fresco mesmo quando evocam sons antigos. Lá está. Reinventar a roda as vezes dá resultado. Para quem ama o rock psicadélico e também não o ama. Disco viciante pelas excelentes canções. “Desire Be Desire Go” tem lá tudo. Os solos. A linha de baixo. Tudo com a cadência certo. “Lucidity” é outra boa canção a não deixar escapar. A minha namorada usa-os para limpar a casa. E parece que funciona bem. Bom.

Toro Y Moi – Causers of This
Mais um disco de electrónica. Descobri este disco já um pouco tarde neste ano. Mas ainda fui a tempo. E entra aqui porque eles acabaram de lançar um grande disco (Underneath the Pine). “Lissoms” é a faixa a ouvir e a apreciar. Grande disco para ouvir enquanto cozinho e vou bebericando um Porto ou um Moscatel. Muito Bom.

Twin Shadow – Forget
Pronto. Finalmente chegamos ao meu disco do ano. George Lewis Jr já andava aí pela música há uns tempos, mas um dia fechou-se sozinho no quarto e criou esta maravilha. Foi produzido pelo Chris Taylor (o baixista dos Grizzly Bear) e saiu uma verdadeira pérola. “Slow” e “Castles in the Snow” são assim também as duas melhores músicas de 2010. Refrões que se colam à alma e à pele. Isto é maravilhoso. Se ainda não ouviram (o que eu não acredito) não podem perder. Toda a gente a quem mostrei isto ficou colada. Ouve-se em repeat e não cansa. Um dos concertos mais aguardados para 2011. Vêm cá a Portugal a Vila do Conde. E mais não digo para não esgotarem os bilhetes. Muito, mas muito Excelente, mas mesmo muito, muito (infinitos aqui também)!

Twin Sister - Color Your Life
Os Twin Sister foram uma agradável surpresa para mim. Digamos que 2011 será o ano deles. Embora tenham já em 2010 lançado o Color Your Life que contem canções deliciosas e viciantes. A abertura do disco com “The other side of you” é uma coisa que marca a atitude dos Twin Sister. E aposto que quando chegar a “All around and away we go” vão ficar tão deliciados como eu. Isto é daquelas coisas que não devemos perder neste ano que inicia. Seja em concerto (se tivermos essa sorte) seja em futuros discos. Muito Bom. Mesmo.

The Walkmen – Lisbon
Não chega aos cacanhares do You & Me, mas tem tudo para ser um grower. É um disco bastante interessante. “Angela Surf City” é o seu expoente máximo. Foi um maravihoso concerto no Coliseu de Lisboa. Fui e aplaudi de pé. Aparece nessa lista por isso mesmo. Pelo concerto. Bom.

Wild nothing – Golden Haze EP
O EP saiu em 2010 (mais tarde saiu o LP Gemini, mas aqui entra apenas o EP em consideração) e espera-se para 2011 a revelação. Nestas listas que se fazem também é bom apontar o dedo ao que aí vem pela frente. Porque é sempre bom descobrir coisas que sejam interessantes. Ouçam a canção que dá nome ao EP e vão perceber o porquê. Deve ser um bom concerto para se ver. Final da tarde de verão. Bom.

Yeasayer – Odd Blood
Os Yeasayer são uma grande banda. Mas fazem discos que me deixam meio dividido. Se lá encontro grandes canções é também lá que apanho também grandes secas. Odd Blood é exemplo disso. Tem uma das melhores músicas de 2010. A “O.N.E” é maravilhosa. Vi-os também no Primavera Sound e fiquei encantado com o concerto. Por isso se os conseguirem apanhar, já sabem, comprem bilhete e esperem dançar muito. Bom.

You Can’t win, Charlie Brown - You Can’t win, Charlie Brown
Já o tinha dito lá mais atrás no meu texto. Tenho um fraquinho pela indie folk. E esta é em Português. Espanta-me eles não serem mais conhecidos. Isto é tão bom como aquilo que se faz lá fora. Uma excelente banda nacional que tem tudo para crescer. Procurem pelo Optimus discos no google e saquem o disco à borla (é legal rapazes!). Ouçam a “Melódica” e a “Little Beam” e vão perceber o que quero dizer. Um bom concerto. Vi-os no Termómetro e fiquei agradavelmente surpreendido. Muito Bom.

Ok. E chegamos ao fim. Sei que alguns ficaram de fora. Tenho também uma lista gigante de músicas boas de 2010, mas sinceramente acho que já ninguém tem paciência para ler o que escrevo. Por isso deixemos isso para outra altura.

Previa também falar um pouco de reedições. Mas vejo que as linhas já vão longas. Apenas deixo a nota do Bona Drag do Morrisey ter alcançado 20 anos e ainda ser um disco maravilhoso.

Em relação a concertos. O meu ponto alto foi mesmo o Primavera Sound em Barcelona. O Puto já levou com uma lavagem cerebral para não perder a edição deste ano. Aquilo é o nirvana. Procurem infos e comprem bilhete.

E a desilusão que tive com os Arcade Fire e com os Interpol.

Mas isso fica para depois. Escrevam. Insultem. Perguntem alguma coisa. O que lhes der na gana.

Mito.

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