2007 - As escolhas do Puto

Antes que o ano se fine, ficam aqui alguns tops.
Desejo a todos os leitores deste blog um excelente 2008, recheado de boa música, realizações planeadas, boas surpresas e paixões.

Adenda: O meu top de filmes 2007 está publicado no meu blog de eleição sobre cinema.

Álbuns de 2007 feitos lá fora...



The Shins - Wincing The Night Away
The National - Boxer
LCD Soundsystem - Sound Of Silver
Blonde Redhead - 23
Electrelane - No Shouts, No Calls
Battles - Mirrored
Arcade Fire - Neon Bible
Patrick Wolf - The Magic Position
Beirut - The Flying Club Cup
Menomena - Friend And Foe
My Teenage Stride - Ears Like Golden Bats
Yeasayer - All Hour Cymbals
Film School - Hideout
PJ Harvey - White Chalk
A Place To Bury Strangers - A Place To Bury Strangers
Amy Winehouse - Back To Black
Liars - Liars
Feist - The Reminder
Editors - An End Has A Start
Modest Mouse - We Were Dead Before The Ship Even Sank
Maps - We Can Create
!!! - Myth Takes
Jens Lekman - Night Falls Over Kortedala
Klaxons - Myths of the Near Future
Andrew Bird - Armchair Apocrypha

... e cá dentro.



Azevedo Silva - Tartaruga
Norberto Lobo - Mudar de Bina
Wraygunn - Shangri-la

Os melhores EP's.



Yeah Yeah Yeahs - Is Is EP
Beirut - Lon Gisland EP
The Little Ones - Sing Song EP
Los Campesinos! - Sticking Fingers Into Sockets EP
Working For A Nuclear Free City - Rocket EP

As grandes desilusões.



Bloc Party - A Weekend In The City
Interpol - Our Love To Admire (as primeiras 5 faixas constituiriam um bom EP)
The Rosebuds - Night Of The Furies

Os discos de 2005/2006 que me deram prazer descobrir.



Howling Bells - Howling Bells
Asobi Seksu - Citrus
Annuals - Be He Me
The Changes - Today Is Tonight
Bound Stems - Appreciation Night
Tom Waits - Orphans
Sleater-Kinney - The Woods
Junior Boys - So This Is Goodbye
Fujiya & Miyagi - Transparent Things
Stereolab - Fab Four Suture

As capas.



!!! - Myth Takes | The Besnard Lakes - Are the Dark Horse | Deerhunter - Cryptograms | Editors - An End Has A Start | Efterklang - Parades | Feist - The Reminder | Interpol - Our Love To Admire | Menomena - Friend And Foe | Nine Inch Nails - Year Zero | Norberto Lobo - Mudar de Bina

Temas diversos.

!!! - Heart of Hearts | Amy Winehouse - Back To Black | Arcade Fire - Ocean Of Noise | Bat for Lashes - What's a Girl to Do? | Battles - Atlas | Beirut - Elephant Gun | The Black Ghosts - The Repetition Kills You | Blonde Redhead - 23 | Los Campesinos! - International TweeXcore Underground | Celebration - Evergreen | The Cinematics - Break | Clap Your Hands Say Yeah - Satan Said Dance | Cold War Kids - Hang Me Up To Dry | Deerhunter - Strange Lights | Editors - Bones | Electrelane - To the East | Feist - My Moon My Man | Field Music - Working To Work | The Go! Team - Grip Like A Vice | Interpol - Pioneer To The Falls | Justice - D.A.N.C.E. | Klaxons - Magick | LCD Soundsystem - All My Friends | The Little Ones - Lovers Who Uncover | Maps - You Don't Know Her Name | Mark Ronson feat. Amy Winehouse - Valerie | Maxïmo Park - Our Velocity | M. I. A. - Paper Planes | Midnight Juggernauts - Into The Galaxy | Mika - Grace Kelly | Modest Mouse - Dashboard | Of Montreal - Heimdalsgate Like a Promethean Curse | The National - Apartment Story | Panda Bear - Comfy In Nautica | Patrick Wolf - The Magic Position | Prints - Too Much Water | Rihanna - Umbrella | Roísín Murphy - Overpowered | The Shins - Australia | Simian Mobile Disco - Hustler | Sons And Daughters - Gilt Complex | St. Vincent - Jesus Saves, I Spend | My Teenage Stride - To Live And Die At The Airport Lounge | Trentemoller - Moan | Vampire Weekend - Mansard Roof | Yeah Yeah Yeahs - Down Boy

Concertos.

Sonic Youth @ Paredes de Coura
Arcade Fire @ SBSR
Dead Combo @ Teatro de Vila Real
Electrelane @ Paredes de Coura
Editors @ Pavilhão do Restelo

Videoclips.

Animal Collective - Peacebone | Architecture in Helsinki - Hold Music | Artic Monkeys - Fluorescent Adolescent | Bat for Lashes - What's a Girl to Do? | Battles - Atlas | Beirut - Elephant Gun | Björk - Earth Intruders | Blonde Redhead - Top Ranking | The Chemical Brothers - The Salmon Dance | Feist - 1 2 3 4 | Interpol - The Heinrich Maneuver | Junior Boys - In The Morning | Justice - D.A.N.C.E | Kanye West - Can't Tell Me Nothing (alt. version) | Klaxons - Magick | LCD Soundsystem - North American Scum | Liars - Plaster Casts of Everything | Menomena - Evil Bee | Modest Mouse - Dashboard | Queens of the Stone Age - Sick Sick Sick | Róisín Murphy - Overpowered | These New Puritans - Elvis | The White Stripes - Conquest

2007 – As Escolhas do Tipo

Internacional

- LCD Soundsystem: Sound of Silver
- The National: Boxer
- Robert Wyatt: Comicopera
- M.I.A: Kala
- Burial: Untrue
- Dälek: Abandoned Language
- Radiohead: In Rainbows
- The Shins: Wincing the Night Away
- !!!: Myth Takes
- The Field: From Here We Go Sublime
- The Shape of Broad Minds: Craft of the Lost Art
- Kanye West: Graduation

Outros

- Von Südenfed: Tromatic Reflexxions
- Queens of The Stone Age: Era Vulgaris
- The Heliocentrics: Out There
- Klaxons: Myths of the Near Future
- Grinderman: Grinderman
- Artic Monkeys: Favourite Worst Nightmare
- Handsome Furs: Plague Park
- Patrick Wolf: The Magic Position
- International Pony: Mit Dir Sind wir vier
- José Gonzalez: In Our Nature
- Kalabrese – Rumpelzirkus
- Panda Bear: Person Pitch
- Beirut: The Flying Club Cup
- Yesterdays New Quintet: Yesterdays Universe
- Fabric 34 by Ellen Allien
- Nine Inch Nails: Year Zero
- Of Montreal: Hissing Fauna, Are You the Destroyer?
- Simian Mobile Disco: Attack Decay Sustain Release
- Pantha du Prince: This Bliss
- PJ Harvey: White Chalk
- The Go! Team: Proof of Youth
- Matthew Dear: Asa Breed
- The Good, The Bad & The Queen: The Good, The Bad & The Queen
- Les Savy Fav: Let’s Stay Friends

Colectâneas

- Nico – The Frozen Borderline: 1968-1970
- PJ Harvey: The Peel Sessions 1991-2004
- Compost Black Label Series vol.2
- After Dark (Various Artists)

Nacionais

- Hipnótica: New Communities for Better Days
- Micro Audio Waves: Odd Size Baggage
- DJ Ride: Turntable Food
- Azevedo Silva: Tartaruga

Concertos

- Sonic Youth@PdC
- Patrick Wolf@TC
- Panda Bear@Serralves

Videoclips

- Kanye West: Can't Tell Me Nothing (alt. version)
- Bat for Lashes: What's a Girl To Do
- Animal Collective: Peacebone
- Artic Monkeys: Fluorescent Adolescent
- Trentemoller: Moan


Algumas Músicas do Ano

- !!!: All of My Heroes Are Weirdos
- Battles: Tonto
- The Black Ghosts: Any Way You Choose To Give It (Fake Blood Remix)
- Amerie: Gotta Work
- Caribou: Melody Day
- The National: Fake Empire
- Broken Social Scene Presents: Kevin Drew Spirit If…: Back Out On The…
- Burial: Archangel
- Burial: Etched Headplate
- Studio R feat Capitol A: A&R (llorca remix)
- Daedelus: Fair Weather Friends
- Digitalism: Idealistic
- Grinderman : Grinderman
- José González : Teardrop
- Kanye West : Can’t Tell Me Nothing
- Klaxons: Golden Skans
- LCD Soundsystem: Someone Great
- LCD Soundsystem: All My Friends
- M.I.A.: $20
- Of Montreal: Cato As a Pun
- Queens of the Stone Age: River In The Road
- Radiohead: Weird Fishes/Arpeggi
- Simian Mobile Disco: System
- The Field: Over the Ice
- Beirut: Elephant Gun
- Dälek: Abandoned Language
- Beastie Boys: Off the Grid

A todos, um excelente 2008!

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

The Go! Team - Proof Of Youth

Jens Lekman - Night Falls Over Kortedala

A Place To Bury Strangers - A Place To Bury Strangers

Tunng - Good Arrows

Norberto Lobo - Mudar de Bina (2007)

O lisboeta Norberto Lobo, que já anteriormente tinha colaborado com os München, experimentalistas que jogam com o popular, explora a sonoridade da guitarra acústica nesta sua estreia a solo. Dotado de talento compositivo e de uma destreza técnica admirável, percorre várias referências geográficas e épocas para interpretar sete faixas originais, duas adaptações de temas populares (“Cantiga da Ceifa” e “Ó Ribeira”) e uma versão de Carlos Paredes (“Mudar de Vida”). Aliás, o extinto génio português, juntamente com Zeca Afonso, são os vultos lusos mais evidentes nas influências de Norberto Lobo. A complexidade dos arranjos, o cariz popular e a necessidade de inovação são os sinais que mais firmam essa suposição. Mas a tudo isto ainda se poderão incluir presenças subtis de outros cantos do mundo, nomeadamente alguma folk trovadoresca norte-americana (algumas nuances relembram Leonard Cohen dos primeiros tempos). Esta mescla saudável é acompanhada de uma vontade de inovação e de um intimismo que se quer partilhado, revelando uma ousadia em sonoridades aparentemente familiares. Tudo isto culmina não numa tentadora melancolia mas sim num belo aconchego.
Um disco gravado no estúdio, em casa e na rua (numa das faixas, curiosamente, ouve-se o cantar de um galo) que constitui uma das surpresas nacionais do ano, nascido das mãos e da capacidade criativa de um autor promissor.
Secção de Norberto Lobo na Bor Land
Norberto Lobo no MySpace
"Mudar de Bina" ao vivo na Sociedade Guilherme Cossoul
"Mudar de Vida" ao vivo na Sociedade Guilherme Cossoul
Amostras: Mudar de Bina | Festa do Fim da Folque | Laura

PJ Harvey - White Chalk (2007)

Quando Polly Jean Harvey lançou “Uh Huh Her” há cerca de 3 anos, comecei a perder um pouco de esperança em relação a uma cantora da minha eleição. Era uma obra menor na carreira de quem demonstrou excelência com os três primeiros álbuns. Depois disso lançou bons discos, mas nunca mais ascendeu a esse patamar.
O primeiro impacto que “White Chalk” teve em mim foi semelhante ao provocado por “Sea Change” de Beck: uma surpresa inicial devido à direcção musical adoptada, seguida de um inevitável reconforto. É um disco que dá realce à voz despida de PJ, que alterna beleza com assombro e é pródigo em melodias tristes e pejadas de determinação, inocência e encanto. O despojamento também se verifica a nível instrumental, onde é dado especial relevo ao piano, à guitarra acústica e às percussões. A guitarra eléctrica? Ficou guardada no armário. Aqui não há lugar para a sujidade nem para a despolidez. Este registo limpo, breve e autêntico tanto nos recorda um alvo manto de neve, suave, frio e formoso, como sugere uma colcha de renda, aparentemente frágil mas de robustez comprovada, simples ao longe porém complexa no pormenor, rígida na parte mas aconchegante no todo.
Ainda será cedo para afirmar que se trata de um trabalho a elevar ao estatuto dos três primeiros, mas com o amadurecimento talvez se fundamente esta suspeita.
Sítio oficial de PJ Harvey
PJ Harvey no MySpace
Videoclip de "When Under Ether"
Amostras: The Devil | Grow Grow Grow | The Mountain

Emissão Pré-Natal

P. f. clicar para ver o belo cartaz repleto de figuras emblemáticas do mundo da música. Reconhecem todos os presentes na ceia?

No fim de semana que antecede o Natal, o Puto oferece uns docinhos no Radio a quem quiser aparecer. É na próxima sexta (21 Dez).

Film School - Hideout (2007)

À terceira acertaram! Updated shoegazing. Se os My Bloody Valentine não tivessem anunciado o regresso, provavelmente lançariam este disco. Não é à toa que Colm O'Ciosig colaborou no álbum.
O fenómeno shoegaze germinou nas ilhas britânicas e, durante o seu auge, confinou-se quase exclusivamente a esse território. Não deixa de ser curioso que a nova vaga (se é que se pode chamar assim) ressurja predominantemente de outras paragens.
Sítio oficial dos Film School
Film School no MySpace
Download grátis de "Lectric"
Amostras: DEar Me | Sick Hipster Nursed By Suicide Girl | Florida

Beirut - The Flying Club Cup (2007)

Após ter encantado com o disco de estreia do ano passado (a mim só me seduziu este ano), o jovem e prolífico Zach Condon regressou este ano com novo trabalho. O EP “Lon Gisland” já prenunciava aquilo que culminaria no segundo álbum: a mistura deliciosa da folk e do indie com som dos Balcãs e inspirações mariachi é amplificada na sua grandiloquência. “Gulag Orchestra”, um fascículo produzido quase exclusivamente pelo multi-instrumentista, já incluía composições repletas de trompetes, ukeleles, mandolins, acordeões, metalofones, órgãos, percussões e outros tantos instrumentos, mas o seu sucessor apresenta um maior esmero e as melodias circulares traçam maior perímetro. Pôde contar com o auxílio da sua banda, de um naipe ainda mais alargado de instrumentos e dos magníficos arranjos de Owen Pallett (Final Fantasy, Arcade Fire). A presença da Europa é mais forte e abrangente, uma vez que neste longitudes de leste se sentem também os ventos da canção francesa, manifesto nas referências geográficas dos títulos de alguns temas. A voz de crooner de Zach zarpa suave e sentidamente sobre todo este oceano de referências, concedendo uma fragância pop à qual é difícil resistir.
Apesar de se ter perdido alguma da sua poderosa inocência, reforçou-se o sabor da maturidade e do requinte, tal como acontece naturalmente no ciclo da vida.
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Videoclip de "Nantes"
Amostras: A Call To Arms | Cliquot | In The Mausoleum

ESTA SEMANA A ACARICIAR OS OUVIDOS... do Tipo

Portable – Powers of Ten

Daedelus – Fair Weather Friends EP

Prefuse 73 – Preparations

Les Savy Fav – Let’s Stay Friends

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

Dälek - Abandoned Language

Pinback - Autumn Of The Seraphs

V/A - This Is Soul (Remastered & Expanded)

Yeasayer - All Hour Cymbals

Howling Bells - Howling Bells (2006)

Apesar de se terem mudado para terras de Sua Majestade pouco depois de se formaram na Austrália, o quarteto formado pelos irmãos Juanita e Joel Stein, Brendan Picchio e Glenn Moule deve ter retirado alguma inspiração da geografia do continente-ilha, pois a sua música tanto evoca o conjunto grandioso, árido e colorido do Uluru como apela ao sentido bucólico de uma pastagem. Claro está que a tudo isto está associada uma esplêndida acepção estética.
Os temas deste álbum de estreia fluem harmoniosamente, com robustez e estrutura e sem vacilações. A encantadora voz de Juanita, por vezes a recordar Harriet Wheeler dos Sundays ou até Hope Sandoval, é perfeita para veicular as elaboradas linhas melódicas, maioritariamente dirigidas pelo seu irmão, e os ritmos certeiros. Apesar de estar contida entre um certo folk rock e uma pop mais elegante, essas melodias relembram as guitarras certeiras de David Roback (Mazzy Star, Opal) ou de Grant Lee Buffalo, as ambiências dos Slowdive ou Cocteau Twins e a firmeza de PJ Harvey dos primeiros tempos. A beleza é denominador comum a todas estas referências, encontrando-se abundantemente neste disco. Não deixa de ser intrigante como o laconismo presente tanto na música como nas letras aponta em direcções opostas: a sedução da primeira encontra o desencanto nas segundas.
Sem sobrecarregar os sentidos, este sólido álbum preenche a alma como só poucos momentos extra-musicais na vida o proporcionam.
Sítio oficial dos Howling Bells
Howling Bells no MySpace
Videoclip de "Broken Bones"
Videoclip de "Blessed Night"
Videoclip de "Setting Sun"
Videoclip de "Low Happening"
Amostras: The Bell Hit

Esta semana a acariciar os ouvidos... do Puto

The Besnard Lakes - Are the Dark Horse

Los Campesinos! - Sticking Fingers Into Sockets EP

Film School - Hideout

Mark Ronson - Version

Electrelane - No Shouts, No Calls (2007)

As Electrelane, desde o primeiro álbum, quebraram, como tantas outras, a regra do clube do Bolinha (leia-se rock), jogando com as mesmas armas dos homens mas acrescentando-lhe charme, equilíbrio e outras características supostamente adversas, como sensibilidade e beleza. Aproximaram-se do pós-rock e do rock experimental e sónico (via Sonic Youth ou Mogwai) em “Waiting For The Moon”. Em “The Power Out” tiveram o primeiro flirt com a pop, foram ao baú do krautrock e apostaram numa composição mais elaborada, não prescindindo da experimentação e de um certo sentido punk. O belo “Axes” continua esse trabalho, mas a métrica tem um peso mais forte e o piano é quase omnipresente. Apenas baseado nesses três trabalhos, comprovo que o quarteto de Brighton consegue conciliar ritmos simples e firmes com atmosferas, as emoções com as matemáticas, a estratificação com a osmose, originando uma espécie de eufonia laboratorial. Assimilam e fazem convergir fortes influências e projectam-nas em composições vanguardistas.
Ao quarto disco perdem o pudor e o receio e resolvem cantar. Cientes das suas limitações neste campo, o certo é que não se coibiram e o resultado é um disco sólido, audaz e irresistivelmente pop. Apuraram o sentido estético dos álbuns anteriores, limaram os extremos e aglomeraram a massa sonora em onze fortes temas. As harmonias vocais de Verity Susman recordam algumas fases dos Stereolab, mas o sentido de urgência, bem patente nos crescendos, afasta-as da comparação sonora com o colectivo de Laetitia Sadier e Tim Gane, mas aproxima-os em termos de atitude e abordagem. O rock musculado, ora denso ora circunspecto, pincelado com doses q. b. de beleza, assola-nos a alma e estimula-nos o corpo.
Tenho pena que as miúdas tenham entrado num hiato indefinido, logo agora que a carreira estava no auge e tinham atingido um pico de criatividade e bom senso. Resta-nos uma discografia ecléctica e evolutiva de uma banda com identidade própria. Ser no feminino constitui apenas um pormenor.
Sítio oficial das Electrelane
Electrelane no Sítio da Too Pure
Electrelane no MySpace
Videoclip de "To The East"
Videoclip de "In Berlin"
Amostras: The Greater Times | Tram 21 | Between The Wolf And The Dog

Asobi Sexy

Eram poucos os afluentes à sala 2 da Casa da Música, para o primeiro concerto incluído na mais recente edição do Clubbing. Isto talvez se deva ao facto da banda ser pouco conhecida ou pelo preço dos bilhetes, face à entrada gratuita no espaço do piso inferior, junto à entrada, onde um dos Junior Boys seleccionava música. Cheguei um pouco atrasado, e quando entrei na sala os Asobi Seksu tocavam “Strawberries”, o que me impeliu logo ao movimento. Yuki destacava-se à frente, numa figura elegante e segura, cantando e manipulando o seu teclado. A meu ver, devido à boa equalização, a sua voz não se afogava na parede de guitarra erguida por James Hanna. Aliás, aquilo que na altura do shoegazing era construído com duas guitarras, pelo menos, hoje apenas necessita de uma. É certo que se sacrificam algumas linhas melódicas (um só homem nas seis cordas não faz milagres), mas aquele som que preenche o espaço era simplesmente hipnótico, onde o trance foi muito bem complementado pela iluminação. No desfilar do último álbum, “Citrus”, que preencheu quase todo o alinhamento, pude-me deleitar com as melodias vocais, o músculo da secção rítmica e aquele ruído a lembrar os My Bloody Valentine. No final de “Red Sea”, a banda entrou em devaneio, com uma cascata de feedback a acompanhar um ritual de bateria por Yuki. Ainda regressaram para tocar o seu single de Natal, que é nada mais nada menos que uma cover dos Ramones. Belíssima estreia. Não resisti e levei uma recordação: um vermelho e duplo 7" do single "Strawberries" por apenas €5.
A seguir, monsieur Etienne de Crécy reconstruiu a sua música ao vivo, fosse em nome próprio ou sob a designação de Superdiscount. Foi eficaz, mas estas actuações de música electrónica em formato one-man-show-with-machines fazem-me um pouco de confusão no sentido em que se poderão apelidar de concertos. Como reagir, para além de dançar? A atenção deve estar dirigida para o palco? Não sei responder, mas o certo é que se passou um bom bocado.
A próxima edição do Clubbing, a realizar-se no dia 19 de Janeiro, é imperdível, pois marca o regresso dos The Go! Team a Portugal.